As chuvas irregulares e intensas que têm caído em Goiás desde a segunda quinzena de outubro e se intensificaram em novembro devem continuar ao longo de todo o período chuvoso. A previsão é de que nos próximos dias algumas regiões do Estado enfrentem tempestades com fortes ventos e até granizo. O cenário tem influência do fenômeno La Niña, que passa pelo Estado pelo terceiro ano seguido.
O La Niña é o resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico. Como consequência, ele traz chuvas irregulares para a região Centro-Oeste do Brasil. “Neste ano, o La Niña veio com uma intensidade maior. Por isso, nos próximos meses, a irregularidade irá continuar. Entretanto, teremos uma distribuição melhor das chuvas”, explica André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo).
Amorim esclarece que, no mês de outubro, quando as chuvas começaram, houve uma intensificação do La Niña. Isso teve reflexo em uma irregularidade de chuvas ampliada para o período. Um exemplo foi a chuva que caiu em Goiânia no dia 15 deste mês. Em três horas, choveu cinco vezes o que era esperado para determinadas regiões. Para a capital, havia previsão de volume de chuva de 8 milímetros (mm). No entanto, no Setor Perim foram registrados 51,6 mm.
Um outro ponto que sofre influência do La Niña é a temperatura. A frente fria que passou pelo Estado no início de novembro foi facilitada pelo fenômeno. “Ele propicia que as massas de ar polar cheguem mais facilmente aqui”, aponta Amorim. Por isso, mesmo sendo primavera, no dia 2 deste mês, Goiânia registrou 15,5 °C. “Não tínhamos temperaturas tão baixas assim em novembro há 29 anos.”
Estragos
Essas chuvas irregulares também têm causado avarias pelo Estado. Parte de um convento, em Anápolis, ficou destruído depois da chuva que caiu na cidade na segunda-feira (21). As telhas de um dormitório e da capela foram arrancadas e freiras pedem ajuda para reformar o local que abriga 22 religiosas. A irmã Helena Luísa, responsável financeira pela Instituição Arca de Maria - Casa São José, conta que a chuva chegou acompanhada de fortes ventos, que arrancaram o telhado do dormitório que, por sua vez, caiu em cima da capela.
“No momento da chuva parte das religiosas estava na capela, mas ninguém se feriu. Sem o telhado, a água começou a vazar pela parte elétrica e inundou tudo. Na nossa lojinha, onde vendíamos itens para ajudar nas nossas despesas, perdemos muita coisa também”, relata a irmã. Com os estragos, as religiosas passaram a dormir em diferentes locais da casa, como no chão do refeitório e da biblioteca.
No mesmo dia, em algumas regiões de Goiânia, as rajadas de vento em Goiânia atingiram em torno de 45 quilômetros por hora (veja quadro). Em um vídeo que circula pela internet é possível ver o forro do telhado de um posto de combustíveis, na região do Anel Viário da capital, ser arrancado pelos fortes ventos.
Para os próximos dias, a previsão é de que as tempestades continuem, com rajadas de vento com alta velocidade e até granizo. O cenário, que deve permanecer o mesmo pelo menos até domingo (27), é fruto de uma frente fria vinda do Sul do País, que avança pelo Brasil. “Teremos várias áreas de instabilidade”, destaca Amorim. As pancadas de chuva devem ocorrer em todo o Estado, mas principalmente em municípios do Sudoeste e Norte de Goiás.