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Cidade de Goiás está em alerta por causa de temporal

Fábio Lima
Rio Vermelho experimentou elevação com precipitação acumulada de 192 milímetros em intervalo de 24 horas. Ele chegou a transbordar antes
Reprodução / Instagram
Ponte danificada após ser atingida pela força das águas em Corumbá

Depois do aumento do nível do Rio Vermelho na noite desta terça-feira (20), a cidade de Goiás continua em alerta. Em 24 horas, a precipitação acumulada alcançou 192 milímetros (mm) e a previsão é de que as chuvas continuem nos próximos dias. O temor de alagamentos fez com que parte do patrimônio histórico fosse realocado. Os pacientes internados no Hospital Caridade São Pedro D’Alcântara foram regulados para outras unidades de saúde.

Ao todo, 30 membros do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) estão na cidade para monitorar a situação. A população vilaboense tem um histórico de trauma com chuvas fortes. Em 2001, poucos dias depois de ter recebido o título de Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a cidade foi atingida por uma das enchentes do Rio Vermelho, o que gerou perda de grande parte do patrimônio.

De acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cihmego), a chuva esperada para fevereiro na cidade de Goiás é de 262 mm. Entretanto, é esperado entre 334 mm a 478 mm no município em fevereiro de 2024. Nesta quarta-feira (21), foram registrados 62 mm de chuva na jusante (saída da cidade). A precipitação acumulada em 24 horas foi de 192 mm. “Para os próximos dias ainda temos pancadas de chuvas, mas não estamos vislumbrando altos volumes e sim volumes mais próximos da normalidade”, esclarece André Amorim, gerente do Cihmego.

O prefeito da cidade de Goiás, Aderson Liberato Gouvea (PT), conta que o aumento das chuvas e do nível do rio fez com que a prefeitura dialogasse com a gestão do Hospital Caridade São Pedro D’Alcântara para que os 22 pacientes que estavam internados na unidade fossem transferidos, já que o hospital fica às margens do rio. Em parceria com o governo estadual, os pacientes foram regulados para unidades de Goiânia, Trindade e Nerópolis. Dois deles são bebês e outros dois estão em estado grave de saúde.

O hospital continua atendendo casos de emergência, mas a prefeitura também tem preparado uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e o Centro de Especialidades Médicas Municipal para receber pacientes. “Em caso de alagamento, cada unidade fica de um lado do rio”, explica Gouvea. Na terça, também visando a minimizar riscos, o expediente da prefeitura, que também é próxima ao rio, foi encurtado. “Todos foram liberados às 16 horas. Atualmente, tudo segue funcionando normalmente”, pondera Gouvea.

O aumento do nível do rio fez com que a água inundasse a rua da prefeitura e do hospital, mas ela não chegou a invadir os prédios. Até o fim da tarde desta quarta, nenhum imóvel da cidade tinha sido inundado. “Mas pedimos que as pessoas fiquem atentas às informações veiculadas nas rádios e nos canais oficiais da prefeitura. Caso a sirene toque e as autoridades sinalizem uma evacuação, todos devem seguir as orientações”, frisa o prefeito da cidade.

Patrimônio

No Museu Casa de Cora Coralina, que fica às margens do Rio Vermelho, os materiais do acervo que ficam na parte inferior da casa foram retirados e levados para o prédio do Museu Dominicano Frei Nazareno Confaloni, nas proximidades da Igreja do Rosário. Itens maiores foram reorganizados na parte superior do museu, que está fechado até segunda ordem.

Na manhã desta quarta, o Instituto Biapó, associação de promoção à assistência social, cultural e educacional, de meio ambiente e de promoção ao turismo com sede em frente ao Museu Casa de Cora Coralina, desmontou as três exposições que estavam na galeria de forma preventiva. “Os nossos dois pianos foram realocados para a parte mais alta da sede. A previsão é que reabriremos as galerias neste sábado (24), às 13 horas”, explica Px Silveira, curador do Instituto Biapó.

Cuidados

O capitão do CBM-GO especialista em salvamento e desastre, Thiago Wening, afirma que é importante que a população fique alerta aos avisos emitidos pelo poder público. “É importante evitar, se possível, trafegar junto ao curso d’água”, diz Wening, chamando a atenção para o risco das trombas d’água. Ele também destaca que pessoas a pé, de moto ou carro não devem atravessar vias, pavimentadas ou não, que estejam alagadas. “A correnteza tem muita força. O ideal é procurar um ponto mais elevado”, finaliza.

Ponte histórica de Corumbá caiu 

Uma das construções históricas de Corumbá de Goiás, conhecida como Ponte de Madeira, caiu na manhã desta quarta-feira (21). O acidente ocorreu após uma grande quantidade de restos de um bambuzal colidir com uma das vigas de sustentação da ponte, o que levou uma parte dela a desmoronar. O local já foi isolado. O bambu foi arrastado pelo curso do Rio Corumbá, que ficou extremamente cheio e com uma forte correnteza depois das chuvas intensas ocorridas nos últimos dias no município.

De acordo com a presidente da Associação de Cultura e Defesa do Patrimônio Histórico de Corumbá de Goiás (ACDPH), Christiane Pavelkonski, a ponte em questão leva o nome de seu projetista: General João José de Campos Curado, um engenheiro corumbaense. Ela foi construída entre 1897 e 1900 em regime de mutirão pela população do município sob a liderança de Antônio Félix Curado. Na década de 1950, passou pela ponte o material, maquinário e mão de obra destinados à construção de Brasília, capital federal.

“Uma das mais antigas de Goiás. Reivindicamos às autoridades que façam esforços para a reconstrução desse símbolo histórico de Corumbá”, clama Christiane. Como a ponte é patrimônio histórico, a prefeitura da cidade está fazendo uma análise preliminar dos danos e pretende acionar o governo estadual e federal para fazer um estudo e promover a restauração da construção no menor tempo possível. 

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