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Cinquenta feridos ao caírem de rampa em festival de rap já procuraram a polícia, diz delegado

Reprodução/TV Anhanguera
Imagem mostra parte de passarela sem o piso e pessoas caídas no chão após rampa ceder, em Goiânia

A Polícia Civil já ouviu 50 vítimas do desabamento de uma das rampas do Rap Mix Festival, ocorrido no último dia 9 de julho, em Goiânia. Segundo o delegado Thiago Martimiano, responsável pela investigação, os depoimentos são unânimes ao apontarem a falta de organização e estrutura do evento. Entre os ouvidos, segundo o delegado, praticamente todas as vítimas possuem lesões graves, como fraturas no fêmur, pés, coluna e bacia. 

Todos reclamam do atendimento, pois após a queda não haviam pessoas suficientes para fazer o resgate. Há relatos, inclusive de feridos, que ajudaram a carregar macas de seus amigos que tinham também se ferido. E relatos de que no ambulatório não havia estrutura suficiente. Pessoas com fraturas expostas, sangrando, que ficaram cerca de 1h30 no chão esperando atendimento. Não são ralados e hematomas, são lesões graves, afirma o delegado. 

A estudante de biologia Giovanna Moreira Salerno, de 20 anos, foi quem teve a lesão mais grave causada pelo desabamento da rampa. Ela sofreu uma fratura no crânio, precisou passar por cirurgia e continua internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgências de Goiás (Hugo).

O hospital informou que, nesta quarta-feira (20), Giovanna está respirando em ar ambiente via traqueostomia e sem sedação. Mas o estado geral de saúde continua grave. 

Rampa lotada 

Martimiano explicou os relatos dizem que a rampa estava lotada no momento da queda. Porém, somente a partir da conclusão da perícia, será possível afirmar se o excesso de pessoas colaborou ou não com a queda da estrutura.

Em depoimento, funcionários disseram que, no começo do evento, a equipe de segurança estava conseguindo fazer o controle de pessoas que passavam pelas rampas. O objetivo era que o público subisse por um lado e descesse pelo outro. 

Mas, a partir da invasão de pessoas que estavam nas arquibancadas para a área do gramado, os funcionários começaram a perder o controle do número de pessoas. Com isso, segundo os depoimentos, as rampas começaram a ficar cheias de pessoas vindo de diferentes direções.

Os relatos são unânimes no sentido de que a rampa estava lotada no momento da queda. Inclusive, algumas pessoas relatam dificuldades para transitar porque tinham pessoas subindo e descendo pelo mesmo lado. Alguns disseram ter percebido que a rampa poderia cair, mas não conseguiam sair de lá pelo número de pessoas, disse o delegado.

A conclusão do laudo da perícia está prevista para terça-feira (25). Os resultados, segundo a polícia, vão apontar não apenas a causa da queda da rampa, mas também fatores que colaboraram para que isso acontecesse. Além de também avaliar o evento como um todo. 

A perícia vai analisar não só a causa da queda, mas também as concausas, o que pode ter causado em conjunto. Havia um alvará de funcionamento, mas quem vai confrontar esse alvará com o que de fato existia é a perícia, explicou o delegado.

Próximos depoimentos

A polícia identificou duas empresas responsáveis pela segurança do Rap Mix Festival. O representante de uma delas vai ser ouvido nesta quinta (20). Já os responsáveis pela outra companhia vão prestar depoimento na sexta (21). O objetivo da investigação é entender como essa segurança deveria ter sido feita, o que aconteceu e como foi feito. 

Na semana que vem, está previsto o depoimento dos organizadores do Rap Mix Festival. A polícia busca descobrir quantas pessoas haviam no evento e quantos ingressos foram vendidos.

Falta de assistência após o desabamento

O delegado Martimiano informou também que, a partir dos depoimentos, é possível afirmar que a organização do evento não prestou assistência às vítimas após o desabamento da rampa. 

Dizem que, inicialmente, uma assistente social ligada à organização, as procurou no hospital. Mas quando eles falavam que precisavam de apoio para medicamentos, alguma coisa nesse sentido, não receberam nenhum tipo de apoio, diz.

Em nota, a empresa Winner Records, uma das organizadoras do evento, disse que "é prematura qualquer opinião sobre as causas do acidente, o qual precisa ser minuciosamente investigado". Destacou que desde o acidente têm procurado atender a todas as vítimas, e que confiam trabalho da polícia e na Justiça. Leia a nota na íntegra ao final da reportagem

Por ora, a organização do evento está sendo investigada por lesão corporal culposa. Se alguma vítima vier a óbito, passam a ser investigados também por homicídio culposo. E se a perícia e o inquérito comprovarem que havia uma previsibilidade de que aquilo poderia acontecer eles podem responder pelo crime de lesão corporal dolosa, por dolo eventual, disse o delegado.

Nota na íntegra Rap Mix Festival

A empresa WINNER RECORDS E MIDIA EIRELI é uma pessoa jurídica de direito privado, organizadora, juntamente com outros parceiros, do evento denominado RAP MIX FESTIVAL, que ocorreu no Estádio Serra Dourada, em Goiânia/GO, no dia 9 de julho de 2023.

Segundo está sendo apurado, por volta das 23 horas, uma rampa que dava acesso à frente do palco desabou, ferindo algumas pessoas. Estas vítimas foram socorridas e levadas para hospitais da região. Desde o acidente, os organizadores do evento têm procurado atender a todas as vítimas, auxiliando-as no que for necessário.

Para apurar como ocorreu tal acidente, foi instaurado Inquérito Policial no DEIC de Goiânia/GO, objetivando a produção de elementos de prova, tanto testemunhais, quanto documentais, e, especialmente, a realização dos Laudos Periciais pela Polícia Científica (Técnica), a fim de se verificar o que teria dado causa ao infortúnio.

Como Advogado, representando esta empresa organizadora do evento, compareci no DEIC, em Goiânia/GO, para protocolar petição juntando Procuração e requerendo a minha habilitação nos autos, a fim de ter acesso a tudo o que está sendo produzido neste Inquérito Policial, além, é claro, de me colocar, em nome da empresa, à disposição da Autoridade Policial que preside o Inquérito, para colaborar com as investigações.

O referido Inquérito Policial está em fase inicial, de modo que é prematura qualquer opinião sobre as causas do acidente, o qual precisa ser minuciosamente investigado. Esta empresa organizadora e este subscritor confiam no competente trabalho da Polícia Civil, da Polícia Científica (Técnica) e na Justiça, sem embargo da nossa colaboração, que vem sendo prestada às vítimas e à investigação. 

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