Um total de 1.678 quilômetros (km) de rodovias estaduais e federais em Goiás estão em estado péssimo ou ruim, de acordo com a Pesquisa CNT Rodovias 2023, realizada pela Confederação Nacional de Transportes (CNT), e representa 21,85% dos 7.682 km analisados. O número é 213 km a mais do que o registrado pela mesma pesquisa no ano passado, quando 19,7% (1.465 km) dos 7.658 km analisados na ocasião foram considerados péssimos ou ruins. A piora na malha viária em Goiás se deve especialmente ao quesito da geometria da via, que neste ano está nas piores condições em 3.064 km (39,9%), enquanto que no ano passado este item era péssimo ou ruim em 2.574 km (33,6%).
Ressalta-se que a comparação ao ano anterior se dá em âmbito geral da malha rodoviária, visto que as quilometragens analisadas são diferentes e também há diferenças entre os trechos analisados de um ano para o outro. Para se ter uma ideia, os 7.682 km pesquisados se referem a 30,86% dos 24.897 km de toda a malha rodoviária goiana. Apesar da piora no estado geral da malha, houve uma redução na quantidade de pontos críticos encontrados. Em 2022 foram 27 e neste ano 14 ocorrências no que se refere a buracos grandes, erosões, ponte ou barreira caída e outras situações observadas em campo.
Sobre a geometria da via, de acordo com a Pesquisa CNT Rodovias, na análise “são coletadas as variáveis associadas ao projeto geométrico da rodovia, que é diretamente relacionado, entre outros, à distância de visibilidade, à possibilidade de realizar ultrapassagens em segurança e à velocidade máxima que pode ser desenvolvida pelo motorista”. Assim, é verificado se as vias são duplas ou simples, se há faixa central, se o terreno é plano ou ondulado, se há e quais as condições das faixas adicionais, se há e as condições dos acostamentos, se há e quais as condições de proteções e pontes e se há curvas perigosas e se elas estão bem sinalizadas.
Com relação aos outros dois critérios analisados, pavimentação e sinalização, a malha viária em Goiás apresentou melhora em relação ao ano passado. Neste ano, a pesquisa aponta que o pavimento de 80 km da malha rodoviária em Goiás está péssima e 962 km ruim, o que corresponde a uma soma de 13,56%. Já em 2022, os pesquisadores da CNT classificaram como estado péssimo de pavimentação em 89 km e ruim em 1.418 km, o que, somados, os índices chegam a 19,7%. Na sinalização, este ano foram encontrados problemas pelos analistas em 1.524 km (19,84%) e no ano passado em 1.701 km (22,3%).
Ranking
A Pesquisa CNT Rodovias realiza ainda um ranking da condição das rodovias em todo o País. No ano passado, a GO-142, entre os municípios de Montividiu do Norte e Formoso, foi considerada a oitava pior do Brasil, mas neste ano não há qualquer rodovia em Goiás entre as dez piores. A que ficou com a pior classificação foi a GO-050, entre os municípios de Jataí e Chapadão do Céu, no Sudoeste goiano, sendo a 22ª pior da classificação, sendo apontada no aspecto geral como ruim. Outras cinco vias no Estado também tiveram o mesmo apontamento na pesquisa, sendo outras quatro GOs e apenas uma BR, a 158, entre as cidades de Aragarças e Jataí.
Neste ano, o governo estadual, para as rodovias que administra, criou o Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra), com orçamento para a reestruturação asfáltica da malha viária. Em agosto, o Conselho Gestor do fundo aprovou mais 32 obras estruturantes nas rodovias goianas. Entre elas há obras previstas de pavimentação em 49,4 km da BR-050, entre Jataí e Montividiu, com investimento previsto de R$ 103 milhões, sendo a única entre aquelas consideradas ruins. As outras obras listadas em agosto são de vias que foram apontadas na pesquisa como regulares, como a GO-139 de Silvânia ao Lago Corumbá IV, também com pavimentação em 58 km.
A reportagem entrou em contato com a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) na quarta-feira (29) para verificar o posicionamento da autarquia sobre a avaliação da Pesquisa CNT Rodovias a respeito da condição viária da malha estadual, mas até o fechamento desta reportagem não recebeu as respostas. Segundo a pesquisa, em toda a malha (estadual e federal), para recuperar as rodovias em Goiás, considerando a realização de ações emergenciais e de manutenção, são necessários investimentos na ordem de R$ 5,09 bilhões.