Geral

Com alta nas vendas, cresce desistência da compra de imóveis na planta em Goiás

Ricardo Rafael
Construção civil sente impactos do aumento de custos e da redução do poder de compra da população

Depois de registrar crescimento expressivo nas vendas, o mercado imobiliário goiano tem sentido aumento na desistência da compra de imóveis na planta. Em Goiás, segundo dados da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), a média das rescisões de contrato passou de 10% em 2021 para 15% nos primeiros quatro meses deste ano no estado. 

Superintendente da Ademi-GO, Felipe Melazzo defende que o índice tem relação, entre outros motivos, com o incremento nas vendas registrado no ano passado, quando o setor comemorou mais de R$ 200 bilhões em vendas e 126 lançamentos somente em Goiânia. “De 2016 para cá, quando o cenário era pior, isso representa o dobro”, compara sobre os novos empreendimentos. 

Este ano, segundo ele, os primeiros quatro meses somaram R$ 53 milhões em imóveis negociados. Por isso, não acredita que o cenário seja negativo mesmo com o crescimento das desistências. “Quando há aumento das vendas, naturalmente, não na mesma proporção, há distratos.”

Economia

Apesar da alta nas vendas, o setor imobiliário sofre impactos da redução do poder de compra da população com crescimento da inflação e, como consequência, o incremento da taxa básica de juros (Selic). Esses fatores, juntamente com impactos da pandemia de Covid-19, onde muitas pessoas perderam familiares, podem ajudar a explicar a maior desistência dos consumidores. 

“Os distratos sempre acontecem e o mercado trabalha com essa expectativa de variação de acordo com cada cenário. Mas o brasileiro ainda vê o imóvel, especialmente o da planta, como uma facilidade para adquirir, com financiamento e juros mais atrativos do que a Selic”, argumenta Felipe Melazzo, da Ademi-GO.

Ele acrescenta que, ao mesmo tempo em que há crescimento da dificuldade de manter os contratos, 85% dos consumidores que adquiriram um imóvel  honram o compromisso. “O inadimplemento caiu.”

Classe
Imóveis de médio e alto padrão, de acordo com a associação, têm tido impacto menor da crise econômica. Enquanto isso, imóveis do programa Casa Verde Amarela, que substituiu o Minha Casa Minha Vida, sentiram maior impacto. “Não teve lançamentos este ano, porque a inflação atingiu o custo da construção, o aço dobrou, o cimento subiu e o preço de venda não acompanhou.”   

Sobre os distratos, Felipe Melazzo explica que o crédito imobiliário é proveniente do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o que proporciona crédito barato, mesmo em momentos de Selic alta, que passou de 2% para 13,25% ao ano. Por isso, acredita que ainda não é ponto decisivo, pois os juros de financiamentos imobiliários de apartamentos passaram em média de 7% para 9% ao ano.

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