Os preços da gasolina e do etanol têm surpreendido o motorista goianiense que precisou abastecer o tanque nos últimos dias. Depois de sucessivas altas, nas semanas anteriores, nesta quinta-feira (25) o litro da gasolina já podia ser encontrado por até R$ 6,69 nos postos de Goiânia e do etanol já estava custando até R$ 4,69. Os valores nas bombas seriam resultado do reajuste da gasolina, anunciado recentemente pela Petrobras, e de seguidos aumentos no preço do etanol nas usinas goianas.
Entre as semanas de 7 a 13 de julho e de 14 a 20 de julho, o preço médio da gasolina praticado na capital já havia passado de R$ 6,04 para R$ 6,38, uma alta de 5,6%. No mesmo período, o preço médio do etanol subiu de R$ 4,04 para R$ 4,37, um reajuste de 8,1%.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo em Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, diz que a escalada de reajustes é consequência do aumento de R$ 0,20 no preço da gasolina nas distribuidoras, anunciado pela Petrobras, que passou a valer no último dia 9 de julho, e do etanol nas usinas.
Segundo ele, tanto o etanol hidratado quanto o anidro tiveram sucessivos aumentos nas últimas semanas. A pesquisa semanal de preços feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP mostra que o litro do etanol hidratado nas usinas goianas passou de R$ 2,26 para R$ 2,59 nas últimas cinco semanas. Já o anidro subiu de R$ 2,60 para R$ 2,90.
“Vale lembrar que a gasolina tem 27% de mistura de etanol anidro. Por isso, o aumento da gasolina foi maior que o anunciado pela Petrobras”, destaca o presidente do Sindiposto.
Ele garante que o preço vem aumentando centavos toda semana, nos últimos 60 dias, e que os postos seguram o reajuste enquanto podem para não aumentarem todas as vezes que a distribuidora apresenta um novo valor. “Muitos vão segurando por causa da concorrência. Mas isso vai acumulando e chega um momento em que esta diferença fica muito grande e insuportável. Aí, o repasse acontece de uma só vez”, explica Andrade.
Para ele, uma explicação pode ser o aumento da demanda por etanol. “Com a gasolina mais cara, em vários estados onde o etanol não compensava, passou a compensar. Em Goiás, já estamos vendendo 70% de etanol e 30% de gasolina por causa da paridade favorável”, avalia.
Vale lembrar que esta alta demanda por etanol ocorre no mês de julho, que costuma ter menos vendas por ser um período de férias escolares, quando muita gente viaja. Para o presidente do Sindiposto, o consumidor sempre tem uma maior percepção de aumento quando ocorre uma virada de casa nos preços como agora, ou seja, quando a gasolina passa da casa dos R$ 5 para os R$ 6 e o etanol da casa dos R$ 3 para os R$ 4.
Quando isso ocorre, o consumidor passa a abastecer menos e racionaliza mais o uso dos combustíveis. Andrade informa que os postos já estão comprando o litro da gasolina por cerca de 5,40, contra R$ 4,89 antes do reajuste da Petrobras e dos aumentos do etanol. A expectativa é que, enquanto a paridade estiver favorável, a demanda por etanol deve continuar alta. “A alta da gasolina abriu espaço para o aumento da procura e os reajustes do etanol. Ao contrário da Petrobras, as usinas não anunciam quando vai ter reajuste”, ressalta.
O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado (Sifaeg), André Rocha, explica que a situação dos preços é determinada pela oferta e procura no mercado. “A demanda por etanol está elevada e existe a percepção de que teremos uma safra menor este ano em função do clima seco. Com a previsão de chuvas abaixo da média na primavera, a expectativa é que a safra tenha seu final antecipado, com a maior parte das usinas encerrando safra no fim de outubro e começo de novembro”, completa.
Inflação
Estes aumentos devem se refletir fortemente na inflação de julho Goiânia, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isso porque a prévia da inflação da capital, medida pelo IPCA-15 e divulgada nesta quinta (25), já teve alta de 0,31% neste mês, puxada pelos aumentos nos preços da gasolina, energia elétrica residencial e aluguel. A alta estimada para a gasolina é de 2,53%, o que fez com que os gastos no grupo de transportes subissem cerca de 1%, a maior entre os grupos pesquisados pelo IBGE.