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Comurg volta a atrasar obras

Wildes Barbosa
Pista de caminhada em praça ainda não concluída no Real Conquista

A Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) não cumpriu a previsão de concluir em 10 dias o serviço restante de um contrato com a Prefeitura para 50 obras envolvendo construção ou revitalização de praças e quadras e instalação de aparelhos para exercícios físicos em áreas públicas.

O contrato, no valor de R$ 12,2 milhões venceu em 8 de fevereiro e no dia 9 de março o Paço Municipal informou que em 10 dias tudo estaria pronto. Em entrevista à TV Anhanguera no dia 10, o presidente da Comurg, Alisson Borges, deu o mesmo prazo para entregar todo o previsto no contrato.

A reportagem esteve nesta quarta-feira (22) em cinco das sete obras ainda em andamento visitadas pelo jornal no começo do mês. Apenas uma ficou pronta, uma praça entre as ruas RI-15 e RI-16, no Residencial Itaipu. Em outra, na Avenida Antônio Martins Borges, no Setor Pedro Ludovico, nem sequer começou.

Na praça localizada no Condomínio das Esmeraldas, próximo à GO-040, a estimativa dos servidores presentes nesta quarta no local é que em um cenário ideal – sem chuva, sem atraso nos insumos e com os equipamentos necessários – ainda seja necessário mais três semanas para concluir os trabalhos iniciados em janeiro. Entre as 50 obras no contrato, a deste bairro é uma das mais caras, em torno de R$ 533,7 mil.

O cenário ideal é algo praticamente inviável dentro da rotina de trabalho dos funcionários da companhia, conforme a reportagem apurou. Não apenas pela época do ano, ainda de chuvas quase diárias, mas porque, conforme a reportagem apurou, os serviços sofrem constantes interrupções. Uma equipe, por exemplo, pode ser transferida para outro local conforme demandas e pressões.

A ordem de serviço para início das obras foi assinado no dia 8 de junho, com duração de oito meses, e ganhou destaque após o presidente da Câmara Municipal, vereador Romário Policarpo (Patriota), questionar o pagamento antecipado de R$ 8 milhões à companhia, sendo que R$ 1,6 milhão foi pago dois dias após a assinatura da ordem de serviço.

Na época da assinatura do contrato, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) lançou um programa que previa a inauguração de 10 praças feitas pela Comurg a cada dois meses até completar um total de 60. Em outubro, a reportagem mostrou que este cronograma estava atrasado e o programa nunca mais foi citado pela Prefeitura.

A contratação da Comurg foi uma solução encontrada pelo Paço tanto para levar adiante as obras previstas em emendas impositivas de vereadores como aumentar o repasse de recursos para a companhia, que viu acentuar no ano passado sua crise financeira. Agora, o contrato está na mira dos vereadores que integram a Comissão Especial de Investigação (CEI) que apura supostas irregularidades da companhia.

Demora

Quando a reportagem esteve na praça do Condomínio das Esmeraldas no dia 9, funcionários da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) tinham acabado de colocar massa asfáltica no trecho onde haverá uma pista de caminhada. Desde então pouco avançou. As obras começaram em fevereiro, após o vencimento do contrato.

Com as chuvas, não é possível prever quando serão instalados os equipamentos planejados para o local, como academia, brinquedos e o petplace. A remoção de terra está comprometida por estes dias. Nesta quarta, um caminhão teve de ser dispensado por não conseguir avançar pela praça com umidade no solo.

Na praça localizada na Rua RC-66, a quadra de esportes iniciada no começo de março ainda não ficou pronta e a pista de caminhada tem rachaduras e mato crescendo entre as brechas. Uma vizinha conta que vê os funcionários da Comurg quase todos os dias, mas que muitas vezes eles estão parados por causa da chuva. Lá a obra custou R$ 135,2 mil.

Já a praça que está sendo feita entre as ruas EF-38 e EF-15, no Residencial Eli Forte, com custo previsto de R$ 143,4 mil, está quase pronta, faltando detalhes como a instalação de aparelhos para exercícios. Os trabalhos, segundo os vizinhos, também começaram neste ano e sofreu com algumas paradas. Chama a atenção o contraste entre a parte da praça onde houve a revitalização e a que não terá nenhum serviço.

O serviço no Eli Forte, inclusive, tem causado revolta entre os moradores. É que a obra ocupa uma parte pequena da praça e o restante está tomado por mato alto e muita terra, que na chuva vira lama. Além disso, muita gente aproveita o matagal para despejar entulho e lixo.

“A gente não vai aceitar que a Prefeitura venha e entregue só aquele pedaço e deixe este mato. Não estamos pedindo muito, uma pista de caminhada em volta e tirar o mato alto, fazer uma limpeza, arrumar aquela terra”, apontou a copeira Marluce Azambuja, de 54 anos, que vive há 25 em frente à praça.

Nesta semana, a TV Anhanguera mostrou que a Comurg sequer começou a revitalização da quadra esportiva no Setor Progresso e que ela segue da mesma maneira encontrada pela equipe do telejornal no dia 10, apesar da promessa do presidente da companhia em entregar tudo “até no máximo 10 dias”. São quatro quadras previstas no contrato para serem reformadas ao custo de R$ 901,4 mil.

No dia 9 de março, a Prefeitura informou que das 50 obras foram entregues 28 e que outras 14 foram finalizadas, mas não detalhou a relação dos serviços prontos. Nesta quarta, a reportagem questionou sobre o avanço das obras e a lista das que estão prontas, mas não teve retorno até a conclusão da reportagem.

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