Uma família denunciou que policiais civis invadiram uma casa errada durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, em Itapuranga, no noroeste goiano. No local estava uma idosa, de 88 anos, que tem problemas cardíacos. As câmeras de monitoramento da residência registraram o momento em que os policiais batem no portão. Após dois minutos, os agentes arrombam e entram na casa.
O caso aconteceu por volta das 6h da última sexta-feira (5), no Bairro Joaquim da S. Moreira. Apenas a idosa estava no local e relatou ter ficado abalada com a situação: “Quase me mata de susto”.
Em nota, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) informou que a operação foi realizada por policiais civis do Mato Grosso, responsáveis pela investigação, e que os policiais civis goianos “apenas auxiliaram na diligência conferindo apoio operacional”.
Já a Polícia Civil do Mato Grosso (PCMT), por sua vez, afirmou que os policiais goianos eram quem estavam no endereço. Acrescentou que a casa era um dos locais em que um dos suspeitos de um esquema de comercialização e transporte de grãos poderia ser localizado (veja as duas notas completas no final da matéria).
A família da idosa relatou que a ela estava deitada na cama vendo um programa religioso em um volume alto quando os policiais entraram. Na casa moram apenas a idosa e a filha dela, que estava na academia no momento do episódio, segundo os parentes.
Segundo a família, os policiais pediram, de forma truculenta, o computador e reviraram todas as camas da casa em busca de informações do suspeito. Além disso, quando terminaram as buscas, pediram para que a idosa desligasse as câmeras. Familiares negam o conhecimento do suspeito.
Eles desligaram as câmeras, e perguntaram para ela onde estava o homem que morava lá. Reviraram as camas todas da casa. Eles quem desligaram, mas ela pediu para eles ligarem novamente para ver quando as filhas chegassem”, afirmou um parente.
Sobre a denúncia da família de que os policiais teriam desligado as câmeras do local, a PCMT disse que o questionamento "deve ser feito diretamente à Polícia Civil de Goiás, uma vez que quem estava no endereço eram policiais daquela instituição”. A PCGO informou que apenas fez o apoio operacional, mas a coordenação da operação é da PCMT.
Operação
A Operação Commercium Sine Tributo cumpriu, na última sexta-feira (5), 10 mandados judiciais nas cidades de Cuiabá e Canarana no Mato Grosso, além de Itapuranga, em Goiás, contra investigados por um suposto esquema de comercialização e transporte de grãos sem a emissão de nota fiscal ou por meio de notas fiscais falsas.
Os alvos investigados são representantes de empresas do segmento do comércio atacadista e varejista de grãos que utilizam, de forma fraudulenta, os dados de empresas situadas em Mato Grosso, segundo a PCMT.
As investigações apuram os crimes de organização criminosa, contra a ordem tributária, falsificação de documento público e particular, falsidade ideológica e uso de documento falso.
A ação foi realizada pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários do Mato Grosso, com apoio do Ministério Público do Estado, por meio da 14ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá, e a Secretaria de Fazenda.
Veja a nota completa da PCGO
A Polícia Civil de Goiás informa, com relação ao cumprimento de um dos mandados de busca e apreensão ocorridos na sexta-feira (05/07), na cidade de Itapuranga-GO, no bojo da Operação Commercium Sine Tributo, decorrente de investigação realizada pela Delegacia Fazendária da Polícia Civil do Mato Grosso, que a diligência oriunda de mandado judicial foi realizada por policiais civis do Mato Grosso, responsáveis pela investigação, e que os policiais civis goianos apenas auxiliaram na diligência conferindo apoio operacional.
Goiânia, 8 de julho de 2024.
Veja a nota completa da PCMT
A Polícia Civil de Mato Grosso esclarece que a residência alvo de mandado judicial da Operação Commercium Sine Tributo, deflagrada na última sexta-feira (05.07) nos estados de Mato Grosso e Goiás contra esquema na comercialização e transporte de grãos, foi apontada nas investigações, por meio de checagem em registros oficiais e entrevistas, como um dos locais que um dos investigados poderia ser localizado. A medida foi cumprida no endereço por uma equipe da Polícia Civil de Goiás, que deu apoio à operação.
Em relação à conduta dos agentes que estavam no endereço, o questionamento sobre suposto pedido para que câmeras do local fossem desligadas e eventuais excessos por parte da equipe policial deve ser feito diretamente à Polícia Civil de Goiás, uma vez que quem estava no endereço eram policiais daquela instituição.