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Diretora da escola onde GCM soltou spray de pimenta será notificada por Conselho Tutelar de Goiânia

Wildes Barbosa
Escola Professora Dalka Leles, no Residencial Orlando de Morais, teve manhã de pânico entre alunos

O Conselho Tutelar da Região Norte de Goiânia vai notificar a diretora da Escola Municipal Professora Dalka Leles, do Residencial Orlando de Morais, onde nesta terça-feira (3) dez estudantes foram atingidos por spray de pimenta utilizado por um agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

O entendimento é que, contrariando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em nenhum momento o Conselho Tutelar foi informado sobre os problemas que antecederam o episódio. Representante do órgão e acompanhando o fato, Valdivino Silveira disse ao DAQUI que, após ouvir os envolvidos e os pais, irá notificar o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO).

Nesta terça-feira (3), atendendo convite da diretora, representantes da GCM estiveram na unidade escolar de ensino fundamental, com alunos até 14 anos, para uma palestra sobre civismo. Em nota, a corporação explicou que desde o início do ano vem monitorando a escola em razão de brigas entre estudantes, além da ocorrência de furtos e roubos na região, por isso o convite da diretora.

Durante a palestra, houve um tumulto em um dos banheiros, sendo necessária a dispersão dos alunos, que foram levados para a quadra, onde começou nova briga. Foi neste momento que um dos agentes utilizou o spray, voltado para o chão, mas que causou ardência nos olhos e dificuldade para respirar em alguns alunos. 

“Contrariando o que diz o ECA, em nenhum momento a escola comunicou o Conselho Tutelar dessa situação e isso deveria ser feito porque envolve criança e adolescente. Não é normal o operacional da GCM usar spray de pimenta contra menores, ainda mais dentro de uma escola. Não estou generalizando o papel da GCM, mas o que houve ali foi uma postura incorreta e desastrosa de um de seus agentes, assim como dos profissionais da educação”, disse o conselheiro tutelar.

Valdivino Silveira informou que chegou à escola chamado pelos pais dos alunos que estavam indignados com a situação, “prontos para fazer justiça com as próprias mãos.” Eles confirmaram  ao conselheiro que atos violentos têm sido frequentes na porta da escola. “A GCM realmente tinha que estar ali fazendo o seu trabalho, mas ontem (3) houve, sim, excesso por parte de um dos agentes. O Conselho Tutelar não foi informado dessa situação nem pela escola, nem pela GCM, mesmo envolvendo criança e adolescente".

Orientação

Valdivino Silveira afirmou que orientou os pais a procurar a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e o próprio Conselho Tutelar, mas até a manhã desta quarta-feira (4) isso não tinha ocorrido. “Estou notificando a diretora e pedindo a ficha escolar de todos os alunos envolvidos naquela situação. Se os pais não buscarem o Conselho Tutelar serão notificados. Não é um convite, é uma intimação. Temos autonomia para isso.”  

Para o conselheiro tutelar o que ocorreu na Escola Municipal Professora Dalka Leles foi alarmante. “Quando chegamos na unidade tinha pai querendo bater em conselheiro tutelar que estava ali para proteger e garantir o direito de seu próprio filho. Vamos entender toda a situação e provocar o MP. É nossa atribuição notificar qualquer situação de crime ou administrativa que envolva crianças e adolescentes. 

Chamadas à unidade escolar, equipes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros atenderam os alunos afetados na própria escola. Segundo o conselheiro tutelar Valdivino Silveira, um deles precisou ser encaminhado ao Ciams do Setor Urias Magalhães onde recebeu atendimento mais detalhado e foi liberado. 

A Secretaria Municipal de Educação de Goiânia manteve o mesmo posicionamento desta terça-feira (3). Disse que não vai se pronunciar sobre o episódio, cabendo a manifestação somente à GCM. Procurado pelo POPULAR, o titular da SME, Wellington Bessa, ficou em silêncio.

A corporação explicou que o comandante da sétima regional esteve na escola e esclareceu os fatos aos pais. “A grande preocupação da GCM foi proteger as crianças delas mesmas, a fim de evitar lesões. A escola é um lugar de aprendizagem, do aluno ter acesso à ciência e não de praticar qualquer tipo de violência.”

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