BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governo Jair Bolsonaro ainda não garante se vai aplicar provas do Enem neste ano. Responsável pelo exame, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) não tem definição do cronograma da prova por questões orçamentárias e também logísticas, devido à pandemia de coronavírus.
O instituto, ligado ao MEC (Ministério da Educação), não descarta aplicar a edição 2021 apenas no início de 2022. A última prova, do Enem 2020, também foi aplicada somente no início deste ano por causa da Covid.
Uma portaria com as metas do Inep para o ano, publicada no Diário Oficial da União de terça-feira (11), não incluiu a aplicação da prova. Isso levantou dúvidas sobre a realização do exame.
A reportagem questionou o órgão na ocasião. O instituto havia respondido que MEC e Inep "trabalham para realizar o Enem em 2021".
Nesta quinta-feira (13), após ser questionado, o presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro, falou a membros do CNE (Conselho Nacional de Educação) sobre o exame. Relatos de integrantes do conselho indicaram à reportagem que Dupas Ribeiro havia confirmado o adiamento.
A assessoria de imprensa do Inep negou que o adiamento esteja definido e encaminhou um áudio com a fala do presidente do instituto.
"O Enem está nesse processo de planejamento [que envolve questões de orçamento]. Não tinha como eu assinar algo sem ter esses alinhamentos prévios e neste mês vamos definir a data do Enem. Como sabemos, isso impacta na logística", diz ele.
"Estamos engajados para que o Enem ocorra neste ano, mas temos essas variáveis sensíveis que estamos alinhados junto ao MEC. E em breve vamos alinhar com vocês [do CNE]."
A reportagem consultou integrantes do MEC, que confirmaram o status do processo: ainda não há definição sobre suspender a realização da prova neste ano. Na última edição, realizada na pandemia, o exame teve abstenção recorde.
O Enem é a principal porta de entrada do ensino superior. A nota é usada por praticamente todas as instituições públicas federais e serve de critério para acesso a programas de inclusão em faculdades privadas, como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Financiamento Estudantil).
A equipe do ministro Milton Ribeiro não queria aplicar neste ano o Saeb, avaliação da educação básica. Pressionado, o MEC voltou atrás e garantiu a prova de forma censitária.
Na fala de Dupas Ribeiro feita ao CNE, ele relacionou as dúvidas sobre o orçamento para aplicação do Saeb ao planejamento envolvendo o Enem.