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Domingo de Ramos volta a lotar igrejas de Goiás após dois anos

Após dois anos de celebrações remotas, as igrejas católicas de Goiás ficaram lotadas neste domingo (10) para as celebrações dos atos do Domingo de Ramos. As procissões foram realizadas em diversas partes da Grande Goiânia. Em meio a rezas e louvores, um dos principais sentimentos externados foi o de gratidão pela retomada da tradição religiosa em sua forma presencial.

Entre as várias igrejas que realizaram as procissões logo pela manhã, as paróquias Nossa Senhora Assunção, na Vila Itatiaia, Nossa Senhora Rosa Mística, no Setor Bueno, e no Santuário Basílica Sagrada Família, no setor Canaã, tiveram participação massiva. Na Sagrada Família parte do público precisou ficar em uma tenda montada do lado externo para assistir às missas.

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A aposentada Maria Zilda Rattes, de 71 anos, que é membro da acolhida da Paróquia Auxílio dos Cristãos, que fica no Setor Sudoeste da capital, diz que ficou surpresa com a quantidade de fiéis na celebração. “Não achei que ia ter tanta gente assim. Estamos voltando devagar, mas graças a Deus estamos conseguindo. Para mim é um momento de felicidade. Todos estão muito contentes com a volta”, relata Maria Zilda. 

O reitor do Santuário Basílica Sagrada Família, o padre Rodrigo de Castro Ferreira, afirma que muitas pessoas têm voltado às igrejas após a flexibilização nas regras sanitárias. O líder religioso explica que esse é o domingo da paixão, onde é levado o evangelho da paixão de Cristo, quando Jesus entra em Jerusalém para dar sua vida por nós e é aclamado com ramos. Os ramos são abençoados durante as missas e podem ser levados para casa.

O padre Eduardo Caliman, pároco da Paróquia Rosa Mística, diz que percebe que a comunidade está desejosa para participar dos eventos. “Com o fechamento da igreja o povo se dispersou. Nosso receio é de que não houvesse uma volta tão assertiva como está sendo. Estamos com as igrejas cheias novamente. Todo mundo ansioso para viver uma Semana Santa presencial, intensa, com as procissões e celebrações repletas de fé”, observa Caliman.

Cuidados

Mesmo com a melhora do quadro da pandemia, que já permite que as máscaras não sejam obrigatórias, muitos fiéis participaram das procissões e missas com o acessório de proteção. O padre Caliman diz que a questão está sendo gradativa. “Algumas pessoas já estão confiantes, sem máscara, participando, e outras ainda receosas. São processos. Vão se libertando do medo de acordo com que a pandemia realmente for acabando”, considera.

Para atender a todos, as igrejas seguem adotando as transmissões das cerimônias. No Santuário Basílica, por exemplo, as transmissões online abrangem as missas e as procissões. “Vamos retomar em um esquema híbrido, pois sabemos que existem muitas pessoas que ainda se sentem mais seguras em casa”, explica o reitor. Castro destaca também que dentro da igreja o uso de máscara ainda deverá ser respeitado. O tradicional beijo na cruz na Sexta-feira Santa também não estará liberado.

Fiéis destacam felicidade com retorno

A aposentada Vânia Lúcia Miranda, 64 anos, moradora de Goiânia, diz que nos últimos dois anos manteve a fé de que poderia voltar a participar das celebrações tradicionais de forma presencial. A devoção, conforme relata, foi parte fundamental para conseguir enfrentar o período de pandemia. “Desde que foi possível voltar, tomando todos os cuidados, eu voltei para a igreja. Ir à igreja me ajuda muito, me fortalece. Passamos com muita tristeza, mas com fé de que um dia nós iríamos voltar e agora estamos aqui”, destaca.

Para Vânia, a Semana Santa envolve celebração e fortalecimento da fé. “É uma volta no tempo. Procurar conhecer o caminho percorrido por Jesus é muito importante para os católicos. Então durante essa semana a gente vive desde a entrada dele em Jerusalém, passa pela acolhida e depois os processos de perseguição. Isso é bom para ver o que Jesus passou, valorizar e fazer com que a gente possa cada vez mais trilhar por esse caminho”, explica a aposentada.

A autônoma Luana Maria Rocha, de 35 anos, moradora de Goiânia, diz que participa das celebrações da Semana Santa independente da cidade em que está morando. “Em Goiânia, Catalão, às vezes no Pará”, conta. Durante os últimos dois anos a tradição não passou despercebida. “Participei da missa remota e também colocava o ramo na sacada”, conta sobre a estratégia adotada por ela e vários outros fiéis.

Em 2020 e 2021, no lugar das caminhadas pelas ruas com galhos nas mãos, a orientação, a quem quisesse a bênção da data, era que colocasse um ramo e um pano vermelho na sacada, varanda ou portão como sinal de comunhão. Nas ocasiões, padres passaram pelas ruas abençoando os galhos com água benta.

“Muito feliz com a volta porque é uma celebração que presencial é incomparável a virtual. É mais acolhedor, você sente intensamente o momento. Infelizmente nem todos irão voltar, mas estamos felizes com a volta daqueles que podem”, relata a autônoma Luana ao lembrar das perdas de vidas decorrentes da pandemia de Covid-19.

O administrador Anselmo Batista, de 46 anos, estava acompanhado de toda a família para a participação na procissão. Com ele estava a mulher, Lucimar, de 48 anos, e as filhas, Sofia, de 9 anos, e Antonela, de 14, todos moradores da capital. Anselmo conta que a tradição de participar das cerimônias foi herdada dos pais e avós e agora passa o mesmo exemplo para as filhas.

“É um alívio poder voltar. Foram dois anos parados, sem poder participar de todos os atos e agora poder sair, participar da fé católica, realmente gratificante. É a semana mais completa do Católico. Vamos participar de tudo porque fez falta e a gente quer agir novamente”, afirma o administrador.

Diomício Gomes
Paróquia Nossa Senhora Assunção
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