Goiás ocupa a quinta posição entre os estados brasileiros com maior incidência de casos de dengue. Informações divulgadas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) indicam que, nas primeiras cinco semanas de 2024, Goiás contabilizou 22.275 casos de dengue, resultando em duas mortes.
Esse dado revela um aumento significativo de 58% em comparação ao mesmo período de 2023. Diante desse cenário alarmante, o governo goiano declarou estado de emergência em saúde pública. A decisão foi tomada após o estado manter, por quatro semanas consecutivas, uma taxa de incidência de casos suspeitos de dengue superior ao limite estabelecido no Plano de Contingência Estadual para Arboviroses.
“O aumento do número de casos de dengue vem causando grande preocupação na comunidade médica”, afirma o oncologista clínico do Centro de Oncologia IHG, Gabriel Felipe Santiago. De acordo com ele, no caso de pacientes oncológicos diagnosticados com dengue, é crucial adotar precauções específicas.
“Durante o período de infecção por dengue, é desaconselhável submeter o paciente a tratamentos quimioterápicos, radioterapias ou terapias alvo, os quais diminuem a imunidade do paciente”, alerta.
Quanto à vacinação contra a dengue, Gabriel Santiago indica que somente indivíduos que já contraíram a doença e não estão passando por tratamentos oncológicos imunossupressores, como quimioterapia, radioterapia e terapia alvo, são elegíveis para receber a vacina.
A preocupação com a incidência da dengue em pacientes diagnosticados com câncer é um tema que requer a atenção de todos, especialmente quando se trata de tumores hematológicos, como leucemias, linfomas e mieloma múltiplo, além do fígado.
Para o médico, é essencial adotar medidas gerais de prevenção. “A dengue pode desencadear complicações graves, incluindo lesão hepática e redução na contagem de plaquetas, o que, em pacientes submetidos à quimioterapia, pode resultar em quadros de sangramento significativos. Portanto, é vital monitorar de perto essas questões para garantir a segurança do paciente”, assegura.
O perigo torna-se mais evidente, sobretudo, quando a dengue assume sua forma mais severa, a hemorrágica. Isso se deve ao fato de que essa forma da doença provoca uma redução significativa das plaquetas, comprometendo a capacidade de coagulação sanguínea, resultando em múltiplos sangramentos e elevando o risco de morte.
Por mais que seja óbvio, é sempre bom reforçar que a população precisa evitar água parada nos vasos de planta, pneus, no quintal e na piscina. E para os pacientes que vivem em zonas de risco, é indicado o uso de repelentes. Gabriel Santiago destaca que há repelentes comprovadamente eficazes contra o mosquito, contendo pelo menos 20% de icaridina.
É importante ressaltar que o Aedes aegypti geralmente está mais ativo no final da tarde, um período em que os pacientes oncológicos devem lembrar de aplicar o repelente. Recomenda-se o uso de repelentes à base de icaridina devido à sua eficácia e proteção comprovadas. No entanto, caso haja intolerância ao produto, também é possível aplicar na pele repelentes à base de DEET, IR3535 e óleo de citronela.