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Empresário de Goiás é um dos alvos de operação contra garimpo em terras Yanomami, diz PF

Fernando Frazão/ Agência Brasil
Terra Indígena Yanomami é devastada pelo avanço da extração ilegal e predatória de minérios

A Polícia Federal (PF) começou a cumprir na manhã desta terça-feira (14) mandados de busca e apreensão contra suspeitos de integrar uma quadrilha envolvida na compra de ouro extraído ilegalmente da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Entre os investigados da operação está o empresário de Goiás, Bruno Cezar Cecchini, que já foi denunciado por comprar o minério de garimpeiros. Na sede da empresa dele, a RJR Minas Export, em Goiânia, a corporação cumpriu mandado de busca e apreensão e de bloqueio de bens.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Bruno Cezar Cecchini às 15h33 desta terça-feira (14) por meio de ligações e mensagens mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. 

Segundo a PF, a organização criminosa que está sendo investigada agora movimentou R$ 422 milhões em 5 anos. Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima e são cumpridos em Goiás, São Paulo e Roraima.

Entenda a operação 

A Polícia Federal realiza uma operação na manhã nesta terça-feira (14) para investigar o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, que fica entre o Amazonas e Roraima. Ao todo, são cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, em Goiás, Roraima e São Paulo. 

Segundo a polícia, uma organização criminosa com células em pelo menos três estados estaria envolvida com a compra de ouro ilícito em Roraima. Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima.

A Operação Avis Aurea investiga movimentações de mais de R$ 420 milhões em um período de cinco anos. A PF destaca que este valor estaria relacionado ao financiamento do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. 

Entre os investigados estão empresários, advogados e até um servidor público do município de Boa Vista, em Roraima. Uma das empresas suspeitas de participar do esquema já esteve envolvida em uma ação da PF que apreendeu 111 kg de ouro em um avião em Goiânia.

Movimentação do dinheiro

De acordo com a Polícia Federal, as investigações começaram após uma abordagem da PRF apreender mais de R$ 4 milhões em espécie dentro de um veículo no município de Cáceres, no Mato Grosso. Em inquérito policial, a polícia identificou que os valores seriam apenas uma parcela vindas de sucessivas aquisições de ouro em Roraima.

Uma parte da organização criminosa tinha a base em Roraima e estaria recebendo valores de pessoas físicas e jurídicas de outros locais com o fim de adquirir ouro de garimpos ilegais.

As investigações apontam que o dinheiro seria movimentado, principalmente, por via terrestre, saindo das regiões Sudeste e Centro-Oeste com destino à cidade de Boa Vista, em Roraima, em viagens que poderiam demorar mais de uma semana.

Já para a saída do ouro de Roraima, o grupo contaria com o apoio de um funcionário de uma companhia aérea que auxiliaria o despacho do mineral.

Apreensão de ouro em aeronave 

Bruno Cecchini já foi alvo da polícia e teve mais de 110kg de ouro, avaliados em R$ 18 milhões, apreendidos dentro de um avião particular no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, em junho de 2019. O esquema criminoso foi desmantelado com a prisão de dois funcionários da empresa RJR Minas Export. Eles foram flagrados no Aeroporto de Goiânia transportando o minério com notas fiscais falsas, escondidos em compartimento abaixo dos bancos de uma aeronave.

O empresário Cecchini e parentes, além de dois italianos, já foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF), em junho de 2022, por comercializarem ouro extraído ilegalmente de garimpos na Amazônia e exportar para a Itália.

Segundo a denúncia, a suposta organização criminosa era liderada por Bruno Cecchini. Por meio da empresa RJR Minas Export, o grupo comprava ouro ilícito de garimpos ilegais no Sul do Pará e no Norte do Mato Grosso.

Para camuflar a origem ilícita do ouro, o MPF disse que a organização indicava que a lavra de ouro teria sido retirada da área que tem título minerário regular, localizado em Colniza (MT). Peritos foram ao local e confirmaram que lavra estava inativa. Posteriormente, o ouro era revendido para a empresa de propriedade dos italianos, que o exportava para a Itália como se fosse lícito.

Só no ano de 2019, a organização comercializou mais de 1,5 tonelada de ouro ilegal, que rendeu valor superior a R$ 440 milhões.

Operação contra garimpo 

Outra empresa de comércio e exportação de minério chamada Goyaz Gold aparece na lista da Polícia Federal para cumprimento de mandado de bloqueio de bens. A reportagem entrou em contato com o empresário suspeito às 15h33 desta terça-feira (14) por meio de ligações e mensagens mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. 

Divulgação/Polícia Federal
PF e PM apreendem mais de 110kg de ouro em avião de Bruno Cecchini em Goiânia, em 2019
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