Uma doença rara e pouco conhecida, a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) passou a ser assunto fora dos consultórios médicos depois que uma pesquisa mostrou que ela pode ser desencadeada pelo vírus Zika.
A síndrome pode apresentar diferentes graus de manifestação, apresentando desde leve fraqueza muscular em alguns pacientes ao quadro raro de paralisia total dos quatro membros.
O neurologista do Hospital Sarah, em Brasília, Eduardo Uchôa, explica que a síndrome é uma reação autoimune do corpo. O organismo começa a combater um microorganismo, como vírus ou bactéria, e acaba atacando a si próprio.
Não existem formas de evitar a doença e as informações sobre a origem são controversas. “Por algum motivo, nosso corpo produz, através de suas células de defesa, anticorpos contra o nosso nervo periférico”, explica o especialista.
Segundo Eduardo Uchôa, dois terços dos casos da Síndrome de Guillain-Barré são precedidos por quadros de gripe ou diarreia e todos os sintomas aparecem em até quatro semanas após os primeiros sinais.
“No quadro inicial, o paciente, geralmente, apresenta alterações de sensibilidade, tem formigamento, sintomas um pouco inespecíficos. Isso vai progredindo para um quadro de fraqueza, chamada de paralisia flácida ascendente, que costuma começar nas pernas e vai subindo. Isso tende a evoluir ao longo de até quatro semanas”, explica Uchôa.
Dados internacionais mostram que aproximadamente 50% dos pacientes se recuperam totalmente até seis meses depois da síndrome se manifestar.
Cerca de 30% têm sequelas leves, como sensibilidade nos membros ou pequenas dificuldades motoras. Quase 20% dos pacientes têm consequências mais graves, como maiores dificuldades motoras e fraqueza nas pernas. Cerca de 5% das pessoas têm complicações mais graves, como paralisia dos músculos respiratórios, e acabam morrendo.
Citomegalovírus, Epstein-Barr, HIV e até o vírus da dengue são citados na literatura médica como alguns dos desencadeadores da Síndrome de Guillain-Barré. De acordo com Eduardo Uchôa, a doença é um pouco mais frequente em homens e em pessoas na faixa dos 40 anos, mas pode atingir também indivíduos em outras idades.
De acordo com o especialista, a imunoglobulina é o principal tratamento durante a crise, para que a doença estacione. A fisioterapia é outro tratamento para que o paciente recupere os movimentos perdidos.