Os goianos ainda estão assimilando os efeitos do acidente aéreo que vitimou Marília Mendonça, seu tio e assessor, seu produtor, o piloto e co-piloto do avião. A cantora e compositora foi sepultada no Cemitério Parque Memorial, em Goiânia, por volta das 18h30 do sábado (6). Após um dia intenso, repleto de homenagens e um cortejo de aproximadamente 10 quilômetros de extensão, uma multidão se despediu da rainha da sofrência. Para muitos, ainda é difícil pensar em despedida. Pouco mais de 24 horas após a confirmação da morte da cantora, o público precisou dizer adeus.
O primeiro domingo após o Dia de Finados amanheceu movimentado no Cemitério Parque Memorial. Essa é uma nova realidade em um país enlutado por 609 mil mortos em decorrência da Covid-19. Agora, o país também chora por Marília. Quando chegou a confirmação de que a cantora estava dentro da aeronave e que não havia sobreviventes, Bruna Evangelista, de 6 anos, chorou. Bruna é fã da música “Apaixonadinha” e já pediu para sua mãe, a cirurgiã dentista Adriana Garcia, uma roupa parecida com a que Marília Mendonça usou no show em que canta o hit, em Salvador.
A família de Bruna enfrenta o luto desde abril deste ano, quando sua avó, Ana Lúcia Silva, faleceu repentinamente, vítima da Covid-19, aos 68 anos. Desde então, a família visita o túmulo de Ana Lúcia sempre aos domingos, no Cemitério Parque Memorial. “Era uma pessoa animadíssima, baiana arretada, era a alegria da família. Ela pegou Covid esse ano, no décimo segundo dia ela piorou, foi hospitalizada, entubada e não resistiu. Ela deixou um buraco na família”, disse Adriana, que agora vive um novo luto.
Na manhã deste domingo (7), a família também visitou o túmulo de Marília Mendonça. “A morte da Marília mexeu muito com a gente. Acompanhando pela TV, a gente viu a proximidade do túmulo. Fiz questão de ir rezar por ela, rezar por todos que estavam no avião. A Marília parecia ser alguém próxima, alguém da família”, contou Adriana Garcia. A cirurgiã dentista conta que a família ficou muito abalada e passou o sábado em casa acompanhando o velório.
A aposentada Marisa Amaral, de 64 anos, também esteve no túmulo de Marília Mendonça. Ela perdeu o marido, de 71 anos, em julho, após 48 anos de casamento. “Eu estive no Cemitério fazendo uma visita para meu esposo. Tenho o costume de fazer essa visita todo domingo de manhã e aproveitei para ir ao túmulo da Marília. Sou fã dela, fiquei em estado de choque. Já vinha de um luto e agora essa perda inesperada dela. Uma menina nova, no auge da carreira. A gente fica muito triste, um vazio muito grande. Vamos sentir muito a falta”, disse Marisa.
O choque com a tragédia e a dificuldade de acreditar impactaram a aposentada. “Pensei que houvesse algum engano, a gente fica na expectativa de que não é. Quando veio a confirmação, só tristeza. Parece que...a vida é um sopro, a gente nunca está preparado para a morte. No caso dela, nova e saudável, o choque é ainda maior”, contou Marisa, que perdeu o marido em 5 de julho e Marília Mendonça em 5 de novembro. “Isso mexe muito com o emocional, principalmente da mãe dela. Estou orando todo dia pra ela. Deus vai dar muita força para amenizar um pouco essa dor e vamos continuar. A gente tem que ir vivendo cada dia”.