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Frentista matou mulher e ex com espada após ser flagrado tentando traição

A Polícia Civil concluiu que o frentista Renan dos Santos Moraes, de 23 anos, matou com golpes de uma espada artesanal sua atual mulher, a dona de casa Luana Marta Meireles Vitorino, de 28, e sua ex, a vendedora Ana Júlia Ribeiro Fernandes, de 22, após ser flagrado e confrontado por Luana tentando um caso extraconjugal com Ana Júlia. O duplo feminicídio aconteceu no começo da tarde de 19 de setembro, uma segunda-feira, em Edéia. No momento do crime, as duas trocavam mensagens por aplicativo, com a vendedora mostrando que era o ex, e não ela, quem buscava retomar uma relação.

As investigações apontam que antes de matar as duas o frentista estava desesperado porque Luana descobriu que ele havia desbloqueado a ex em uma rede social e não acreditava em sua versão de que fez isso para pedir que a vendedora não o procurasse mais. Luana estaria decidida a se separar, e Renan chegou a ir até a casa de uma amiga pedir que interviesse. Neste ínterim, a dona de casa e a vendedora passaram a conversar por aplicativo, momento em que Ana Júlia mandou prints de mensagens enviadas por Renan a ela, procurando-a para um novo encontro. 

Na versão de Renan, dada em depoimento logo após a prisão, ele teve uma discussão com Luana motivada pelo assédio constante de Ana Júlia ao casal e que, ao pegar a espada artesanal para ir até a loja em que a ex trabalhava, a dona de casa interveio, o segurou e deu um tapa em seu rosto, momento em que ele diz ter perdido o controle e começado a golpeá-la. Ainda em fúria, foi de bicicleta até onde estava a ex e a atingiu inúmeras vezes com a espada. Na oitiva, o frentista dizia ser Ana quem mandava mensagens para Luana dizendo que tinha uma relação com o acusado.

No inquérito enviado à Justiça nesta sexta-feira (27), o delegado Daniel Gustavo Gonçalves de Moura, da Delegacia de Edéia, chama de “torpe” a tentativa do frentista em responsabilizar Ana Júlia por desestabilizar o casal. “Mesmo estando comprovado nos autos pela análise telemática e das testemunhas ouvidas, que Renan é quem a procurava, ele simulou para a companheira que era o contrário, ou seja, era procurado por Ana Júlia para que mantivessem relacionamento extraconjugal, tendo ceifado a vida de Ana Júlia como forma de revanche por ter revelado a Luana que Renan a instigava.”

O delegado indiciou Renan por duplo feminicídio com quatro agravantes de pena. O frentista se encontra preso desde o dia 19, após se entregar para um civil que passava pelo local com uma camionete e o seguiu com o intuito de impedir sua fuga. Luana foi morta dentro de casa, após uma discussão com o marido, enquanto Ana Júlia foi ferida em seguida, na loja em que trabalhava, no centro da cidade. A vendedora morreu dois dias depois, na UTI do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage Siqueira (Hugol). 

O Daqui mostrou na semana passada que a dona de casa sofreu com a perseguição de um ex-marido entre 2015 até, pelo menos, 2022, quando em oitiva na delegacia abria mão de uma nova queixa contra este ex por ter perdido a esperança que o Judiciária poderia lhe garantir segurança contra um agressor. Ela é mãe de três crianças, a mais velha com 10 anos. O ex, com quem ela viveu entre 2010 e 2015, foi condenado em março deste ano a 3 meses de prisão em regime aberto. 

Renan se relacionava com Luana desde janeiro de 2023. Uma testemunha ouvida pela Polícia Civil mostra que a dona de casa mencionou no dia do crime, pela manhã, que já tentou outras vezes se separar do frentista, por suspeita de traição, porém este implorava para que mantivessem a relação e ameaçava se matar. Luana dizia não ter se afastado por pena, mas que naquele dia já não tinha mais nenhum interesse na relação, estando irredutível na decisão. 

Para o delegado, Renan matou a mulher por não aceitar a separação, por manter um “sentimento possessivo abjeto”. “Em relação à companheira, a tinha como objeto de propriedade, ceifando a vida de Luana por ela querer se separar em face da suspeita de que o indiciado a estava traindo”, afirmou no relatório final. Antes do crime, ao procurar a amiga, Renan admitia uma discussão naquele dia com Luana e expressou temor de que ela exigisse que retirasse todos os pertences da casa. Em um áudio para esta amiga, Luana o chamar para conversar novamente, disse que ia “tomar uma atitude muito paia agora, uma atitude doida”.

Uma outra testemunha, esta mais próxima a Ana Júlia, confirmou que desde o começo do ano Renan e a vítima se reaproximaram duas vezes e que sempre Renan bloqueava a ex nas redes e aplicativos de conversa, mas desbloqueava em seguida em busca de um novo encontro. Ana Júlia chegou a comentar que ele costumava passar com frequência em frente ao seu trabalho, causando desconforto. Quando a ex e a atual de Renan conversaram, a primeira estaria decidida a não mais ver o frentista.

Outra pessoa, também próxima de Ana Júlia, relata casos de violência contra mulher por parte de Renan, primeiro um empurrão em 2021 na então companheira, uma discussão com ofensas, uma briga em que ele quebrou o celular da vítima e um chute dado em outra mulher durante um bate-boca. Após ser flagrado supostamente traindo Ana Júlia em 2022, este a teria empurrado contra um muro, causando-lhe um corte na cabeça. Apesar de Renan dizer que se relacionou por quatro anos com a vendedora, pessoas próximas a ela dizem que a relação durou menos de dois anos.

Com o inquérito na Justiça, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) analisa se apresenta denúncia ou não e se pede novas diligências. O delegado já informou ter solicitado a quebra do sigilo telemático e telefônico dos celulares das vítimas em busca de mais provas. Renan segue preso. O Daqui não conseguiu localizar sua defesa.

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