GABRIELLA BRAGA
A conhecida gameleira que durante muitas décadas marcou o cruzamento das avenidas Araguaia e Contorno, no Centro de Goiânia, será removida após um incêndio comprometer a estrutura da árvore. O atestado foi feito pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), que autorizou a retirada. O fogo teria começado logo pela madrugada desta quarta-feira (2) e atingiu a parte interna do exemplar.
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) foi acionado ainda na madrugada desta quarta e fez o combate das chamas. Conforme o tenente Ronaldo Marques, a corporação voltou ao local por volta de 14h30 diante de uma reignição. A pista foi fechada para dar espaço a quatro viaturas utilizadas na ocorrência, e reaberta cerca de três horas depois. Foram utilizados ao menos 21 mil litros de água na ação.
O bombeiro militar explica que o fogo atingiu a base da árvore, ocasionando grandes danos. Entretanto, como estava no “oco” da estrutura arbórea, a água utilizada no combate não conseguiu atingir completamente a área queimada. Por isso, uma reignição teve início pela tarde. Marques comenta ainda que há cerca de cinco anos um incêndio já havia atingido a gameleira, mas ela conseguiu se reestruturar.
O jornal esteve no local nesta quarta-feira (2) e observou uma grande quantidade de folhas secas deixadas nas proximidades das raízes da árvore. A suspeita é de que o fogo tenha sido iniciado na vegetação seca e, logo, se espalhou para o tronco no lado de quem desce pela Avenida Araguaia para virar à direita na Avenida Contorno. A copa da gameleira não chegou a ser afetada. Por fora, não é possível visualizar o quão afetada ela ficou diante das altas temperaturas. Já na avaliação da Amma, houve comprometimento total da estrutura.
“A autorização (para remoção) realizada por técnicos leva em consideração os riscos de queda das galhas e da própria árvore após o incêndio que comprometeu toda a estrutura do exemplar arbóreo. Foi constatado que o exemplar de Gameleira Ficus Doliaria apresenta queimadura em seu miolo central, além disso o excesso de peso em sua formação pode agravar os riscos”, cita a Amma, em nota.
A remoção será feita pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), entretanto, ainda sem data prevista. A assessoria de imprensa da empresa justificou que o exemplar não seria retirado ainda nesta quarta diante da falta de tempo hábil para organização do procedimento, visto que é uma árvore de grande porte e demanda intervenções no trânsito. Além disso, é preciso contactar a Equatorial Goiás para dar apoio em relação à rede de energia elétrica próxima.
Diretor do Colégio Claretiano Coração de Maria, situada na mesma quadra da gameleira, José Pedro Lino conta que chegou pouco antes de 7h e uma grande labareda de fogo já consumia parte da árvore. Pela tarde, um novo foco de fumaça foi percebido. Logo depois de saber sobre a retirada do exemplar, classificou a decisão como “lamentável”. “Não precisaria ter chegado a esse ponto se tivesse poda, tivesse conservação. As autoridades competentes sabiam disso aqui, mas não fizeram nada.”
Lino pontua ainda sobre a grande quantidade de mato seco deixado nas proximidades das raízes da árvore.