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Gerente de fazenda que humilhou caminhoneiro deve ser indiciado por racismo e mais dois crimes

Divulgação
Gerente de fazenda gravou momento em que faz falar discriminatórias e manda caminhoneiro e colocar espigas de milho na caminhonete

O gerente de uma fazenda que filmou um caminhoneiro suspeito de furtar espigas de milho em uma lavoura no município de Cabeceiras, no Entorno de Distrito Federal, está sendo investigado pelos crimes de racismo, porte ilegal e disparo de arma de fogo. Segundo a Polícia Civil, o homem estava armado no momento da ação.

O caso aconteceu no dia 10 de maio, quando o funcionário da fazenda, que estava em uma caminhonete branca com uma criança, segundo a polícia, gravou o momento em que o motorista do caminhão retirava cerca de 10 espigas do milharal. O gerente fez falas discriminatórias contra goianos e teria disparado a arma antes de gravar o vídeo.

"Essa goianada aí roubando milho não tem vergonha na cara, não tem caráter [...] Aqui no Goiás tem essa mania de roubar as coisas dos outros, achar que o cara planta e é assim que funciona, então eu vou educar o pessoal", disse o homem enquanto mandava o caminhoneiro deixar as espigas dentro da caminhonete.

Investigação

A Polícia Civil de Planaltina realizou buscas na fazenda e encontrou, com o gerente, uma pistola 9 milímetros e um simulacro de arma, ou seja, uma pistola falsa. O funcionário tem o registro da arma na propriedade, mas não tem o direito de porte fora dela.

Ainda na fazenda, os agentes encontraram uma arma de fogo com um segurança, que também não tinha autorização para porte e foi preso em flagrante. Ele pagou uma fiança de um salário mínimo e foi solto no mesmo dia.

O delegado Thiago Cesar Oliveira da Silva, que conduz as investigações, aguarda resultado dos laudos periciais para confirmar se o homem estava portando a arma de fogo no momento em que abordou o caminhoneiro. "Todos os elementos nos dão a entendder que foi a arma de fogo", disse o titular da Delegacia de Planaltina.

À Polícia Civil, o gerente alegou que estava com a arma falsa e disse que apresentaria a documentação, mas não enviou. Em depoimento, o motorista do caminhão afirmou que estava a caminho de Minas Gerais e parou no local para urinar, quando percebeu que as espigas estavam maduras e resolveu pegar algumas. Ele disse que o gerente efetuou um disparo antes de gravar o vídeo.

A Polícia Civil também aguarda o resultado de outra perícia para confirmar se as espigas de milho que foram retiradas nas margens da rodovia estavam plantadas em uma área pública ou privada.

Furto

O gerente da fazenda não registrou Boletim de Ocorrência (BO) por furto contra o motorista do caminhão. Segundo o delegado, o procedimento adequado seria conduzir o motorista até a delegacia, formalizar a denúncia para o delegado avaliar possível flagrante. 

Ainda assim, Thiago Cesar explicou que esse tipo de furto tende a ser avaliado pelo princípio da insignificância, quando se trata de um objeto de pequeno valor, ou ainda como furto famélico, quando é furtado alimento ou medicamento por questão de sobrevivência.

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