O ginecologista Fábio Guilherme da Silveira Campos, de 73 anos, está sendo investigado pelo estupro de uma adolescente de 13 anos. Segundo informações da Polícia Civil (PC), o caso teria acontecido em 2002 e, segundo legislação da época, o crime era tratado como atentado violento ao pudor. Devido à atualização na lei, a PC afirma que a investigação requer mais atenção antes de qualquer avanço neste caso.
Em entrevista, a delegada responsável pelo caso, Amanda Menuci, revela que o caso de 2002 se deu durante a primeira consulta ginecológica da vítima, que tinha apenas 13 anos na época e era virgem. Esse episódio, ainda de acordo com Menuci, teria sido “mais grave que os demais”, tanto pela idade e condição vulnerável da vítima na ocasião, quanto pelo caráter dos atos praticados.
Os próximos passos da investigação devem se concentrar na análise dos documentos reunidos sobre todos os crimes denunciados. Como existem diferenças entre a lei atual e a legislação da época sobre crimes de natureza sexual, é necessário uma análise mais profunda para saber quais delitos ainda são puníveis e qual a pena aplicável. “Essas análises a PC ainda está fazendo, nós estamos investigando caso por caso. São muitas denúncias, muitos relatos.”, resumiu.
O Daqui entrou em contato com a defesa do ginecologista, mas não obteve retorno até o momento de publicação desta matéria.
Entenda o caso
Fábio Guilherme foi preso na última quinta-feira (20) após repercussão de suposta agressão contra uma grávida de oito meses, durante uma consulta pré-natal. Este caso, do final de junho, tomou maior proporção após o marido da vítima ser filmado agredindo o ginecologista no Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) do Novo Horizonte, em Goiânia.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que o médico está lotado no Ciams do Novo Horizonte, desde 2014, como servidor efetivo da Secretaria Estadual que foi cedido ao município. O órgão do governo reforça que o profissional está afastado desde o dia 30 de junho e que toda determinação judicial será devidamente acatada. Por fim, a SMS diz não compactuar com atos de desrespeito aos usuários, e que preza pelo acolhimento e qualidade da assistência.
Devido à visibilidade desta última investigação, novas denúncias surgiram contra o médico. Algumas das outras vítimas relatam abusos cometidos há mais de 20 anos. O ginecologista atuava desde 1981 e entre os casos denunciados existem outras menores de idade. Ao todo, até o momento, são 13 denúncias formais contra Fábio Guilherme. Alguns dos casos já tinham sido denunciados na época do ocorrido, mas não houve punição.
O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) afirma, em nota, que toda denúncia relacionada à conduta ética dos profissionais registrados corre em segredo, conforme determinação do Código de Processo Ético-Profissional Médico.