Cinco casos de febre maculosa foram registrados em municípios no interior goiano desde 2019, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). Duas ocorrências foram notificadas em 2019, em Serranópolis e em Guarinos; duas em 2020, em Abadiânia e em Vianópolis; e uma no ano passado, em Bom Jardim de Goiás. De acordo com a pasta, não há nenhum registro de óbito causado pela doença em território goiano.
A doença voltou a ser notícia nesta semana após a morte de quatro pessoas na região de Campinas, em São Paulo. No dia 27 de maio, várias pessoas se reuniram em um evento numa fazenda na zona rural no município, e até o momento, cinco dos que compareceram contraíram a doença, resultando em quatro mortes e uma internação.
Uma semana depois, no dia 3 de junho, um show do cantor Seu Jorge foi realizado no mesmo local, com cerca de 10 mil espectadores. Um deles, uma mulher de 38 anos, acabou sendo internada, com suspeita de febre maculosa.
Prevenção
A SES-GO informou que ações que vêm sendo tomadas para a capacitação de profissionais e prevenir uma proliferação maior da enfermidade. “Em 2022, foi realizada atualização técnica em parceria com o Ministério da Saúde e equipe da Secretaria de Estado quanto ao manejo epidemiológico e entomológico da doença.
Além disso, são feitas recomendações quanto a medidas de prevenção, como a instalação de placas de alerta, e controle nas áreas consideradas de risco”, afirma a pasta em nota.
Sintomas
De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que investiga casos de enfermidades na lista nacional de doenças de notificação compulsória, a febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato estrela.
A doença é caracterizada por ter um início abrupto, com febre elevada, dores intensas na cabeça e nos músculos, seguidas de inchaços e vermelhidão na palma das mãos e na sola dos pés. Em casos mais graves, evolui para sangramentos na pele e hemorragias, podendo levar à morte.
Segundo Vivian Furtado, médica infectologista no Hospital de Doenças Tropicais, o diagnóstico é bem parecido com o da dengue, feito através de exames de sangue e hemogramas, devido às similaridades dos sintomas. “Mas a diferença entre a dengue e a febre maculosa é que a última é uma doença bacteriana. Nela, depois que a febre passa, a pessoa continua ruim, podendo ter palidez e taquicardia”, afirma. A letalidade é de 50%.
Animais não têm culpa
No início da emergência em saúde da mpox (varíola dos macacos), cinco macacos foram encontrados mortos no interior de São Paulo. A suspeita foi de que moradores mal informados teriam envenenado os animais para evitar a doença, como se esta fosse culpa deles.
Atualmente, com o surto de febre maculosa na região de Campinas (a 93 km da capital paulista), autoridades sanitárias temem o mesmo, principalmente, com a capivara, o principal portador do carrapato-estrela.
Segundo Marcello Schiavo Nardi, médico-veterinário da Divisão da Fauna Silvestre da Prefeitura de São Paulo, muitos animais podem ser os portadores dos carrapatos-estrela e não têm culpa disso. O culpado, aponta, é o próprio homem, que acabou com a floresta original e fez com que as capivaras entrassem em áreas urbanas. (Com FolhaPress)