Goiânia é a capital com menos pessoas inativas do Brasil, quando o assunto é prática de atividades físicas. Levantamento do Ministério da Saúde (MS) mostra que 12% dos goianienses declararam que não realizaram qualquer tipo de exercício nos três meses anteriores à pesquisa, nem mesmo caminhada ou faxina doméstica. Essa foi a menor média nacional. A maior foi registrada em João Pessoa (PB), quando 19,3% declaram não se exercitar de nenhuma maneira.
O mesmo levantamento mostra que em Goiânia, 39,8% dos entrevistados realizam algum tipo de atividade, mas de maneira insuficiente. Segundo o Ministério da Saúde, o mínimo necessário de atividade física com esforço moderado seria de 150 minutos por semana ou 75 minutos de atividades de intensidade alta. A cidade com a maior média de pessoas com práticas irregulares é o Rio de Janeiro, com 51,7% de pessoas que assumem não atenderem ao mínimo semanal recomendado.
O personal trainer Júlio Divacci entende que existem vários motivos que levam Goiás a ter o menor índice de pessoas sedentárias. O índice em 2021 foi menor que o de 2020, quando Goiânia tinha 15,2% de pessoas sem realizar qualquer atividade. Em 2019, o porcentual era 13,2%. “O período pós pico da pandemia fez muita gente querer sair do sedentarismo para buscar uma vida mais saudável, ainda mais porque quem estava em dia com a saúde, teve melhor resposta imunológica contra a Covid-19. Então, percebo que as pessoas estão em busca de prevenção e mais cuidados com a saúde”, destaca o personal trainer.
Ele ainda acrescenta que em Goiânia, a estética também leva muitas pessoas para as práticas esportivas. “O ideal é aliar saúde, bem-estar e, se estiver tudo bem, a estética. A prática esportiva e de qualquer outra atividade física regular, mesmo que seja uma caminhada, traz incontáveis benefícios.” Ele mesmo diz praticar atividade todos os dias da semana. “A pessoa pode encontrar algo que dá prazer e investir nisso.”
Obesidade
Mas outro dado preocupante apresentado por estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) neste ano é que a obesidade em Goiás está aumentando em praticamente todas as idades. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (SISVAN/MS) mostram que nos últimos 10 anos, apenas as crianças menores de cinco anos mantiveram estável o índice do excesso de peso.
O Atlas da Obesidade no Estado de Goiás, desenvolvido por pesquisadoras da Faculdade de Nutrição (Fanut) e do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, em parceria com a Secretaria do Estado da Saúde de Goiás divulgou os números de obesidade em todo estado, mas entre adultos, que é o foco do levantamento do Ministério da Saúde, o aumento foi de 47% (de 44,7%, em 2010, atingindo 66,7% em 2020).
Personal trainer, Thiago Fonseca ressalta que a prática regular de atividade física é capaz de melhorar a circulação sanguínea, fortalecer o sistema imunológico, ajudar a emagrecer, diminuir o risco de doenças cardíacas. “São tantos benefícios que não dá pra listar.” Ele ainda comenta que praticar exercícios, como caminhada, corrida, pular corda, entre outras, ajuda até a consolidar aprendizado. “Com a prática regular existe aumento da circulação sanguínea cerebral e aumento das substâncias essenciais para a memória.”
Por isso ele ressalta que a prática é recomendada para todas as idades. “Até mesmo idosos, gestantes e outras pessoas com condições delicadas podem fazer alguma atividade, mas sempre com orientação de um médico e com o acompanhamento de um professor de educação física. É importante sair do sedentarismo.”
Saúde mental
Os dois profissionais ouvidos pela reportagem são enfáticos ao dizer que entre os principais benefícios, está a melhora da saúde mental. Isso significa uma melhoria na qualidade de vida. “As pessoas encontram mais disposição para realizar as tarefas do cotidiano. A constância acaba refletindo na autoestima e melhora a disposição, concentração e desempenho”, diz Thiago Fonseca.
Júlio Divacci acrescenta que a atividade física também diminui os hormônios do estresse, o que reflete também na diminuição da insatisfação, da depressão e da ansiedade. “Além disso, ainda libera endorfina, que é conhecida como hormônio da felicidade.” Então, a recomendação dos profissionais é que se faça, no caso dos sedentários, mínimo uma caminhada diária pelo tempo que for possível, entre 30 e 45 minutos. Quando a pessoa se sentir melhor, aumentar o tempo e a intensidade ou mudar de atividade. O importante é continuar.