Goiânia e Aparecida de Goiânia estão entre as 20 melhores cidades brasileiras na análise dos índices de saneamento básico, que leva em consideração o atendimento da rede de distribuição de água e de coleta e tratamento de esgoto, investimentos na área e a contenção de perdas. Aparecida se tornou a 18ª colocada no Ranking Trata Brasil ao ganhar 34 posições na comparação com o levantamento do ano passado, quando estava na 52ª posição, enquanto que a capital é a 19ª, tendo ganhado três posições em relação ao ranking de 2023. O levantamento é feito anualmente pelo Instituto Trata Brasil com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2022.
O SNIS é alimentado por informações das próprias companhias que realizam os serviços de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto. No caso, das duas cidades goianas que estão no ranking, é a Saneago. Pelos números, Goiânia tinha em 2022 um atendimento na distribuição de água que chegava a 98,41% da população, enquanto que a rede de esgoto atendia 98,04% das pessoas, mas somente 73,36% deste esgoto tinha o tratamento adequado. Com relação a Aparecida, a rede de água chegava a 93,64% das pessoas, enquanto que a coleta de esgoto era para 76,46% da população, sendo que 83,77% deste montante recebia o tratamento.
O coordenador de métodos quantitativos da GO Associados (parceira do Trata Brasil na pesquisa), Pedro Sayon, explica que mesmo Goiânia tendo indicadores de atendimento mais elevados que Aparecida de Goiânia, na capital ainda não se encontra universalizado, pois abastece somente 98,41% da população com água (a meta é 99%) e trata somente 73,36% do esgoto produzido (a meta é 80%). “Por esses motivos, a nota de investimentos é considerada parcialmente, mas o município investe relativamente pouco por habitante (menos da metade da meta do PLANSAB), sobretudo quando comparado a Aparecida de Goiânia, que investiu mais do que o dobro da meta”, afirma sobre o Plano de Saneamento Básico.
Os dados apontam que em Aparecida de Goiânia, os investimentos em 2022 ficaram na ordem de R$ 463,28 por habitante. Enquanto que em Goiânia este indicador foi de R$ 116,04 por habitante. Sayon ressalta que cada indicador do ranking tem um peso específico, “donde é possível que municípios estejam piores em uma ou outra dimensão, mas melhores em outras, ficando mais bem classificados, portanto”. O coordenador informa ainda que a nota de investimentos é particionada justamente para evitar distorções decorrentes do fenômeno de “aproximação da universalização”. “Em outras palavras, conforme um município vai atendendo às metas, vai recebendo parcelas cada vez maiores das notas de investimentos. O critério é explicado em detalhes no estudo.”
Comparativo
De acordo com a Saneago, o levantamento “é um bom referencial comparativo”, isso porque “as empresas de saneamento alimentam o SNIS e o Trata Brasil analisa os dados”. “É um estudo válido, mas que precisa ser visto no contexto, entendendo o período dos dados. Por exemplo, em 2023 a Saneago forneceu os dados consolidados de 2022, o Trata Brasil analisou e, hoje, divulgou o Ranking 2024”, informa.
A Saneago reforça que, por esse motivo, “vale lembrar que o Ranking é elaborado com base em um panorama do saneamento de dois anos atrás em comparação à data de divulgação”. A empresa informa ainda que, com os números atualizados, “a companhia está ainda melhor”. Sobre a melhora das duas cidades citadas no ranking em relação a 2023, quando foi feito com dados informados de 2021, a Saneago entende que isso ocorre devido “aos investimentos em obras de expansão dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, aos investimentos em melhorias na infraestrutura já existente, na qualidade e regularidade dos sistemas, nas melhorias operacionais, entre outros”.
A empresa cita que o ranking aponta que o investimento total, de 2018 a 2022, em Goiânia foi de quase R$ 834 milhões e em Aparecida de Goiânia mais de R$ 1,2 bilhão. “Administrado de forma correta, cada centavo reflete em benefícios para a população. Lembrando que os últimos balanços da companhia demonstram que a Saneago vem batendo recorde atrás de recorde em investimentos, expansão dos sistemas e lucro; este caixa azul garante a contratação de mais obras para a franca expansão dos sistemas. Nos últimos cinco anos (de 2019 a 2023), a Saneago investiu R$ 3,02 bilhões nos sistemas de água e esgoto nos municípios onde opera.”
Quanto a questão da universalização do atendimento da rede de água em Goiânia, em que o estudo mostra uma redução de 2022 para 2021 (de 99,01% para 98,41%), a Saneago aponta que há diferença entre os anos “porque o SNIS considerou a base da população total (urbana e rural) residente, isso com base no Censo de 2022”. Mas, explica a companhia, os contratos da Saneago são para atendimento apenas da área urbana. “Enquanto a Saneago, ao preencher os dados do SNIS, informa apenas a população urbana – conforme a área de atuação dos contratos com os municípios.” A Saneago complementa que o dado atualizado para 2023 é de 100% da população urbana atendida com água tratada na capital.
O estudo destaca Goiânia com relação ao porcentual baixo de perdas (volume de água disponibilizado e não utilizado), sendo a única capital capaz de ter perda menor do que 100 litros por ligação por dia (99,41). A mais próxima é Campo Grande (MS), com 114,62 litros. Para a Saneago, isso se dá porque é feito “um trabalho sólido de contenção de vazamentos, controle de pressão nas redes e combate a ligações clandestinas”. A companhia explica que, pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico, as companhias têm até 2033 para alcançar 25% de perdas na distribuição, e com uma década de antecedência, a Saneago é a única companhia que já alcançou este índice. Pelo Ranking Trata Brasil 2024, Goiânia é a melhor capital no quesito com 17,27%, enquanto que a Saneago aponta que o índice atualizado para 2023 está em 12,77%.