Goiânia perdeu pelo menos 9.007 árvores em todo o ano passado em razão das quedas dos exemplares ou espécimes que foram condenadas pela vistoria dos técnicos da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) e tiveram de ser extirpadas. Neste caso, foram 2.102 árvores caídas, o que ocorre geralmente em decorrência de alguma ação climática, como ventanias e temporais, ou acidentes com veículos automotores. Houve ainda 6.905 casos em que os moradores entraram com processos na Amma para a avaliação da saúde da vegetação e foi verificada a necessidade da retirada. A agência informa ainda que durante todo 2022 foram recolhidos 2.173 galhos caídos.
Os dados mostram um aumento na quantidade de espécimes arbóreos perdidos pela cidade no decorrer dos anos. Em comparação com 2021, por exemplo, temos uma alta de 34,6%, já que no período anterior foram registradas 1.011 quedas e 5.679 extirpações em toda a cidade. Válido ressaltar que os números se referem a apenas os processos realizados pela Amma, ou seja, não entra na contagem as árvores que foram derrubadas em razão de obras, que possuem licença e compensação ambiental, e também as retiradas feitas por populares de modo clandestino e irregular, que podem acarretar em multas que variam de R$ 1,5 mil a até R$ 50 milhões.
Bióloga da Amma, Wanessa de Castro explica que o alto número de casos é verificado de uma maneira positiva, já que ocorre por um respeito maior à legislação ambiental, em que a população tem optado pelo processo legal que leva à extirpação das árvores, tendo reduzido as ações clandestinas. Atualmente, os pedidos de poda e extirpação de árvores podem ser realizados no formato digital e devem ser realizados pelo proprietário do imóvel ou responsável, por meio do sistema de Processo Eletrônico Digital (PED), que está disponível no site oficial do município: goiania.go.gov.br.
“Presencialmente, os processos podem ser feitos nas agências do Atende Fácil, ou na sede da Amma munido de documentos pessoais e do imóvel com comprovação do endereço”, informa o órgão municipal. Nos últimos quatro meses de 2022, de acordo com a Amma, foram registrados 1.221 processos de moradores que solicitaram análise para poda ou extirpação de árvores em calçadas de Goiânia. Essa vistoria de técnicos, que ocorre após cerca de 20 dias do início do processo, verifica se a vegetação está de fato condenada e apta para a extirpação ou se ela deve ser mantida e tem uma taxa de custo de R$ 89. Caso a extirpação seja o processo adequado, a ação é feita de forma gratuita pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg).
Responsabilidade
“Vale ressaltar que o cuidado com árvores em calçadas é de responsabilidade do proprietário do imóvel fronteiriço e todo e qualquer manejo deve ser solicitado ao órgão ambiental, no caso, a Amma. Deve-se fazer a abertura do referido processo, não sendo facultados chamados por meio de telefone, e-mail ou outro tipo de comunicado extraoficial”, informa a Amma, que ressalta ainda a existência do número 161, pelo qual a população pode registrar denúncias em caso de necessidade de podas ou extirpações irregulares de árvores no canteiro central ou em logradouros públicos. O espécime retirado, mesmo nos casos de condenação técnica, deve ser substituído por outro.
Wanessa explica que o cidadão fica obrigado a fazer essa substituição, mas recebe apoio técnico e até mesmo a muda da nova planta da Amma, ao fazer uso do Disque Árvore, cujo acesso se dá pelo WhatsApp no número 99639-7495. A bióloga diz que é analisado o local em que a árvore será plantada e qual a espécie ideal para o ambiente, além das informações sobre quais serão os cuidados necessários para o espécime. Por outro lado, o programa que facilita o plantio de novas árvores na cidade com a parceria entre o poder público e a população ainda está abaixo da quantidade de vegetação perdida. Em 2022, o Disque-Árvore foi responsável pelo plantio de cerca de mil mudas de árvores em Goiânia.
Ela ressalta que um dos maiores problemas que causam as quedas ou necessidade de extirpações das árvores em Goiânia é justamente a inadequação entre o tamanho da árvore com o espaço destinado a ela nas calçadas. “O que a gente mais percebe é que as quedas ocorrem por interferências externas, como o espaço das árvores nas calçadas, a poda que é feita ou a área impermeabilizada. A árvore precisa de espaço, precisa de água, precisa crescer. Então precisa ser a espécie certa para aquele espaço, se é uma área pequena na calçada, tem que ser uma árvore menor, mais adequada”, afirma Wanessa.
As podas também podem ser pedidas para a Amma, tanto que em 2022 foram 53.560 ações deste tipo solicitadas junto ao órgão ambiental. Outros pontos que elevam a possibilidade de aumento das quedas e retiradas de árvores ao longo dos anos na cidade têm relação com o final de ciclo das espécies e a idade das árvores, especialmente na região Central.
Mais de 199 mil mudas plantadas no ano passado
A bióloga da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Wanessa de Castro, explica que a gestão municipal trabalha em duas vertentes com relação à arborização urbana. Uma delas tem relação com o programa Arboriza Gyn, com foco na recuperação das Áreas de Proteção Permanentes (APPs), enquanto que a outra intenção é a recomposição arbórea no espaço urbano, ou seja, nas calçadas. Neste último caso, é necessária a parceria entre o poder público e a população, já que este espaço é de responsabilidade do proprietário ou responsável pelo imóvel e é onde atua o Disque Árvore.
Wanessa afirma que é preciso olhar o microclima e o macroclima para a composição da arborização urbana e, por isso, há a necessidade de atuar nas duas vertentes. Em todo o ano de 2022, de acordo com o balanço da Amma divulgado no início deste mês, foram plantadas 199.591 mudas de árvores, o que representa um recorde na afirmação da agência. Em 2021, foram plantadas 92.088. A meta da atual gestão é chegar a 1 milhão de mudas. No entanto, a maior parte desses números se referem ao Arboriza Gyn, que visa a recuperação de áreas degradadas e, no ano passado, foram atingidos locais como o Setor Grajaú, Residencial Vale do Araguaia, Residencial Eldorado Oeste, os parques Cascavel e Macambira Anicuns, e reservas ambientais.