A pressão sobre o custo de vida do goianiense foi aliviada no mês passado. Goiânia registrou uma deflação histórica para um mês de junho, quando Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve queda de 0,97%, a maior redução entre os estados brasileiros pesquisados pelo IBGE. Entre os motivos para o recuo, estão as baixas nos preços de vários produtos e serviços, como alimentos, combustíveis e energia elétrica residencial.
Com isso, a inflação acumulada no ano recuou para 2,06%. Em junho, dos nove grupos de produtos e serviços abordados pela pesquisa do IBGE, sete tiveram deflação em Goiânia. A maior redução média de preços, de 2,17%, ocorreu no grupo de Transportes, justamente o que tem o maior peso na cesta de compras das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. Entre os motivos, estão a queda de 5,9% nos preços dos combustíveis: a gasolina ficou 5,4% mais barata e o etanol estava custando 7,9% menos.
Outro grupo com peso significativo no bolso do consumidor, o de Alimentos e Bebidas, recuou 1,42% em junho. Entre os principais motivos, estão reduções nos preços das carnes, do leite longa vida, do tomate, do frango em pedaços, óleo de soja e feijão carioca (veja quadro).
O terceiro maior peso sobre a inflação da capital vem do grupo Habitação, que registrou um recuo de 1,27% no mês passado. O item de maior peso neste grupo é a energia elétrica residencial, que ficou 4,82% mais barata em junho. Mas o preço do botijão de gás, também muito consumido pelas famílias, recuou 4,87%.
Para o superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, a inflação de junho também foi impactada pela queda pontual no custo de alguns produtos. Foi o caso da redução de 4,15% no preço dos automóveis novos, por conta dos benefícios tributários concedidos pelo governo federal para estimular a indústria automobilística. Segundo ele, os preços dos combustíveis também foram impactados pela mudança na política de preços da Petrobras, que ajudou a fazer um contraponto aos aumentos de preços já previstos pela volta da tributação anterior dos produtos.
Mas ele ressalta que o mercado atacadista também registrou várias reduções de preços, que chegaram ao varejo, por conta de quedas nos preços das commodities. Entre os exemplos, estão as quedas nos preços do óleo de soja e das carnes. O superintendente do IBGE lembra que muitos destes produtos tiveram fortes aumentos por causa da pandemia.
“Agora, há expectativa de um crescimento menor da economia mundial por conta das medidas de combate à inflação pós-pandemia, como as altas de juros em vários países, incluindo o Brasil”, ressalta Vieira. No Brasil, ainda há uma expectativa frustrada de crescimento da economia chinesa, após as medidas para Covid-19 zero adotadas pelo país, um grande consumidor de proteínas e commodities agrícolas brasileiras.
O consumo interno foi desacelerado pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central. Com esta menor demanda, o superintendente do IBGE conta que o índice de difusão da inflação (porcentual de preços acompanhados pelo IBGE que tiveram aumento de preço), que chegou a ultrapassar os 70% em alguns momentos, ficou abaixo dos 50% no último mês de junho. “A inflação está menos espalhada entre os produtos e serviços, o que é muito importante”, destaca.
O presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Sirlei Antônio do Couto, confirma que o mercado apresentou reduções de preços em vários produtos específicos. Foi o caso do óleo de soja, que teria ficado cerca de 10% mais barato, por conta da queda no preço da matéria-prima. Além disso, o clima mais seco em junho propiciou quedas nos preços de hortifrutigranjeiros.
Segundo Couto, algumas bebidas, alcoólicas ou não, também ficaram mais baratas. Com os preços mais baixos, o consumidor também já está indo mais vezes ao supermercado. “As pessoas já estão aproveitando mais os dias de promoções para estocar produtos. Já registramos um crescimento nas vendas no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, e até um aumento no valor do tíquete médio”, conta o supermercadista.