A personal trainer Katyna Baía, que foi presa injustamente após ter a mala trocada enquanto viajava pela Europa na companhia da veterinária Jeanne Paollini, fez um desenho do que via pela janela da cadeia durante os 38 dias em que ficou presa por tráfico internacional de drogas, em Frankfurt, na Alemanha.
Na gravura é possível ver blocos que se parecem com prédios, além de duas árvores em um local de grama, que se parece com um jardim. No desenho também é possível ver 11 guardas segurando armas e cigarros enquanto conversam, além de uma espécie de torre de vigia e uma igreja com uma cruz em destaque.
Processo
As brasileiras planejam entrar com um processo contra a Justiça alemã e contra a companhia aérea. A informação foi confirmada ao POPULAR pela advogada delas no Brasil Luna Provázio, nesta quarta-feira (19). A advogada falou que o valor da indenização a ser pedida ainda está sendo calculado.
Kátyna e Jeanne foram presas na Alemanha no dia 5 de março, por suspeita de tráfico internacional de drogas. Mesmo com a Polícia Federal já tendo comprovado a inocência delas, elas só foram soltas mais de um mês depois, no dia 11 de abril.
Em entrevista à TV Anhanguera, logo após a soltura das duas, a advogada já tinha dito que considerava que a justiça ainda não tinha sido feita. Ela falou ainda que se não fossem as provas produzidas pela Polícia Federal, provavelmente o desfecho dessa história não seria igual ao que foi.
“Nós precisamos acionar agora a questão da reparação aos danos materiais e morais que elas tiveram. Elas passaram por humilhações graves na Alemanha, foram acusadas de crimes graves lá. Então, é um transtorno e um trauma psicológico para as duas que dinheiro nenhum repara”, disse a advogada.
Enquanto as brasileiras ainda estavam presas, a Latam, empresa pela qual Kátyna e Jeanne viajaram, disse apenas que colaborava com a investigação e que estava em contato com familiares das brasileiras. Nesta quarta-feira, o g1 pediu um novo posicionamento, em relação ao fato de que elas pretendem mover uma ação na Justiça, e aguarda retorno desde a última atualização desta reportagem.
Presas injustamente
A personal trainer Kátyna afirma que elas foram presas de forma injusta e contaram que chegaram a ser maltratadas pela polícia alemã.
“Nós fomos presas de forma muito injusta, mal recebidas, maltratadas pela polícia alemã, injustiçadas, pagando já por 38 dias por um crime que não nos pertence. Se fôssemos cumprir o que a legislação de lá ordenava, iríamos ficar em média 15 anos, perdendo 15 anos da nossa vida e talvez não veríamos os nossos pais mais, os nossos amigos, a nossa pátria amada”, desabafou.
A veterinária Jeanne ressaltou a importância da ação dos órgãos de segurança brasileiros de conseguir provas, com agilidade, que comprovem a inocência do casal.
“Nós gostaríamos de fazer um agradecimento aqui a todos os envolvidos, que trabalharam juntos para mandar todas as provas pra polícia alemã, ao governo alemão. Nós sabemos que o envio desses vídeos foi fundamental para a nossa liberdade. Sem eles, provavelmente, nós iríamos pagar por um crime que nós não cometemos”, afirmou.
Chegada ao Brasil
As brasileiras chegaram a Goiânia na terça-feira (12) após deixaram a Alemanha na noite de quinta-feira (13), segundo Lorena. Ela explicou que toda a família já está reunida na capital. Ao ser questionada sobre como foi o voo, Lorena desabafou.
"O voo foi tranquilo! Choramos por diversas vezes, mas foi um choro de alegria, alívio e gratidão!", falou Lorena, irmã de Kátyna.
Soltura das brasileiras
De acordo com Chayane Kuss de Souza, advogada das brasileiras na Alemanha, elas foram inocentadas e não precisaram esperar nenhum trâmite processual.
"Não precisa de chancela do juiz. Elas serão soltas hoje. Na Alemanha funciona assim. A legislação permite que quando o Ministério Público arquiva o processo, que peça então que sejam liberadas", explicou Chayane.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, também conhecido como Itamaraty, divulgou uma nota, na terça-feira passada (11), informando que recebeu com satisfação a informação da soltura das brasileiras.
A nota diz ainda que o Consulado-Geral do Brasil em Frankfurt fez visitas no presídio e intermediou contato com os familiares e advogados de Kátyna e Jeanne. O Itamaraty também falou que "manteve coordenação estreita" com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que enviou provas pedidas pela Justiça alemã.
Presas após troca de etiquetas de malas
O sonho de viajar 20 dias pela Europa acabou em prisão por tráfico internacional, horas antes de desembarcar em Berlim, na capital da Alemanha, o primeiro país que as goianas Jeanne Paolline e Kátyna Baía queriam conhecer. Elas também planejavam conhecer a Bélgica e a República Tcheca.
Lorena, irmã de Kátyna, conta que elas planejaram a viagem com muita antecedência. O objetivo dos dias pela Europa era celebrar um novo momento da vida profissional dela.
A prisão do casal em Frankfurt, a última conexão que faria antes de Berlim, motivou uma operação da Polícia Federal para descobrir o que aconteceu com as malas que foram despachadas em Goiânia e nunca chegaram ao país europeu.
Em Frankfurt, a polícia apreendeu no bagageiro do avião duas malas com 20kg de cocaína cada, etiquetadas com os nomes de Jeanne e Kátyna. A prisão aconteceu na fila de embarque da escala, sem que elas pudessem ter visto as malas.
A Polícia Federal em Goiás começou a investigar o caso após a prisão das goianas e disse que elas são inocentes. Vídeos apurados pela PF mostram quando duas mulheres chegam ao aeroporto de São Paulo, despacham bagagem com droga que levou brasileiras à prisão na Alemanha e vão embora em 3 minutos.
Jeanne conta que, na hora da prisão, não entendeu o que estava acontecendo.
“Eu caminhei algemada pelo aeroporto de Frankfurt, escoltada por vários policiais, sem saber o que estava acontecendo. Só depois de muito tempo que chegou uma intérprete que informou que nós estávamos sendo presas por tráfico de drogas. E assim que o policial apresentou as supostas malas, nós falamos de imediato que aquelas malas não eram nossas”, disse Jeanne.
As imagens das câmeras de seguranças do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mostram o desembarque de duas malas, uma branca e uma preta.
Essas malas foram despachadas no aeroporto goiano, mas no meio do caminho, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o maior do Brasil, as etiquetas foram trocadas por funcionários terceirizados que cuidavam das bagagens.
Segundo a Polícia Federal, nas escalas internacionais, o passageiro despacha a mala no aeroporto de origem e só pega de volta no destino final, ou seja, Jeanne e Kátyna nem viram a troca das bagagens e das etiquetas.