O clima, que já não anda bom, piorou na quinta-feira (31) entre Executivo e Legislativo, com atraso no pagamento da folha da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Deputados acusam, de forma reservada, retaliação do governador Ronaldo Caiado (UB), que teria ficado insatisfeito com o fato do presidente da Alego, Bruno Peixoto (UB), ter liberado a folha antecipadamente no mês de julho. Além disso, há insatisfação do governo com a ofensiva dos parlamentares para ampliar para 2% o porcentual das emendas impositivas.
Bruno determinou o pagamento no dia 28 de julho, que era sexta-feira, e postou nas redes sociais um vídeo em que dizia "tá pago, tá na conta" e que os sevidores poderiam aproveitar o fim de semana "com o salário na mão" (veja imagem).
Caiado reclamou que há um acordo entre todos os Poderes para pagar o funcionalismo na mesma data, que é do último dia de cada mês. Os demais poderes receberam em 31 de julho, na segunda-feira.
A direção da Alego afirmou na manhã desta sexta (1) que não havia recebido o repasse do mês de agosto, mas não comentou possível retaliação do governo. Caiado, que está em viagem aos Estados Unidos, e o governador em exercício, Daniel Vilela (MDB), postaram na quinta-feira (31) a liberação da folha do funcionalismo do Executivo. O Daqui apurou, junto a autoridades do governo, que de fato o governador mandou segurar a transferência e ameaçou liberar apenas no dia 10, prazo limite para quitação dos salários.
A Secretaria Estadual da Economia afirmou que determinou a transferência a todos os Poderes e órgãos autônomos na quinta-feira e que "provalmente houve um problema operacional", sem maiores esclarecimentos.
O pagamento aos servidores ocorreu no início desta tarde, quando Bruno postou uma foto de braços dados com Caiado anunciando a liberação.
A colegas, o presidente disse que não sabia de acordo entre os Poderes e que quis antecipar para que os servidores tivessem o salário no fim de semana, não vendo diferença entre a liberação na tarde de sexta e a manhã de segunda. Ele também minimizou o mal-estar, afirmando que as questões estão "pacificadas".
Os deputados reivindicam diálogo com o governo na tentativa de aumentar para o valor das emendas impositivas, como fez o Congresso. Eles ensaiaram apresentar PEC para a mudança, com número de assinaturas suficiente, quando Caiado entrou em cena para barrar a proposta.
O jornal também mostrou na quinta que Caiado tem manifestado resistência à candidatura de Bruno Peixoto a prefeito de Goiânia. A alegação é de que não quer abrir mão de um aliado no comando da Casa, mas parte dos aliados enxerga incômodo com outras questões, incluindo "afoiteza" do presidente nas articulações.