A falta de interessados no processo licitatório cujo objeto é a locação de 114 ônibus elétricos para a operação no Eixo Anhanguera, pela concessionária Metrobus, fará com que o Governo de Goiás reveja pontos do edital que será relançado. Ainda não há uma data prevista para a divulgação da nova licitação, mas há previsão de que isso ocorra ainda em abril para a abertura das propostas no mesmo mês ou no máximo no início de maio. O processo que foi aberto nesta segunda-feira (27) estava divulgado desde o dia 10 de fevereiro e a falta de propostas no pregão eletrônico deixou o governo surpreso.
O governador Ronaldo Caiado (UB), em Rio Verde para a abertura da Feira Tecnoshow, chegou a dizer que estava ansioso para falar com o secretário-geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima, para saber do resultado. Rocha Lima confirma que a expectativa era o recebimento de propostas, mas que sabia do risco do processo ser deserto. “Não dá para ter certeza em uma licitação tão complexa como essa, a expectativa era que não fosse deserto, mas posso dizer que foi por detalhes, a gente sabia do risco, mas o risco era baixo”, diz o secretário.
Ele explica ainda que nos próximos dias serão vistos os pontos que devem ser modificados no edital para torná-lo mais atrativo. Rocha Lima reforça que as alterações não serão significativas. A intenção é apurar junto ao mercado quais os motivos da falta de propostas. Preliminarmente, os pontos averiguados tem relação com a falta de definição dos limites da manutenção da frota, cuja responsabilidade, pelo edital de licitação, é da empresa a ser contratada. O questionamento é sobre se isso ocorreria em todas as situações, ou seja, se ocorre até mesmo se o problema for gerado por um motorista da Metrobus, pelo asfalto da via ou mesmo por passageiros.
Segundo o secretário, os questionamentos a esse respeito foram feitos na noite de quinta-feira (23), mas possivelmente não houve tempo para que as empresas realizassem a análise sobre a situação. Além disso, Rocha Lima relata que há forte interesse das empresas fabricantes dos veículos elétricos, mas que faltou o acordo com as financiadoras. Até então havia a participação de duas financiadoras no processo, a CSBrasil e a Enel X, e ambas entraram com impugnações ao processo licitatório na última semana. A Enel X chegou a tentar na Justiça o adiamento da licitação, o que foi negado pelo juiz Clauber Costa Abreu, da 1ª Vara da Fazenda Estadual do Tribunal de Justiça de Goiás.
Caiado, na última semana, chegou a dizer que a Enel X estava tentando “melar” a licitação. No entanto, nesta segunda-feira (27), o governador não relacionou a ação da empresa ao resultado deserto do processo. “Não foi falta de empresa para apresentar a proposta, mas de financiadores, é outra etapa. As três empresas que tem fabricação querem entrar, foi falta de financiadores. Existe esse complicador. Vamos fazer reunião com eles e mostrar que existe possibilidade de ampliar isso aí, porque Goiás apresentou cento e tantos ônibus, eles querem ter a segurança, a garantia”, diz.
Outros financiadores
Rocha Lima garante que as empresas fabricantes também estão atrás de outros financiadores. Outro ponto citado pelo secretário é que ainda neste ano o sistema de transporte coletivo de São Paulo também está trocando a frota para o uso de ônibus elétricos. Até o final de fevereiro, mais de 2 mil veículos foram encomendados pelas concessionárias. Neste caso, haveria a necessidade de um estudo de mercado por parte das empresas sobre os riscos de investir no edital da região metropolitana de Goiânia e da capacidade de produção destes veículos.
Até a chegada de novos ônibus, a operação no Eixo Anhanguera continuará sendo feita “com 52 ônibus de largada de segunda a sexta-feira em horário de pico, sendo 29 articulados e 23 biarticulados, o que corresponde a mais da metade da oferta de lotação”, de acordo com a Metrobus. “Além disso, a empresa tem nove veículos na frota reserva e outros 23 disponíveis para rodar caso haja alguma necessidade operacional”, complementa. Há outros 30 veículos de outras empresas concessionárias que operam nas extensões do Eixão.
A encarregada operacional Danielly Rosa, de 36 anos, transita entre o Terminal Padre Pelágio e o Terminal Vera Cruz com certa frequência e acredita que o uso de ônibus elétricos resolveria o problema que ela considera mais grave no Eixo: os ônibus quebrados. “Além dos ônibus já demorarem muito para chegar fora do horário de pico, ainda temos que esperar por outro quando algum deles quebra. Faz com que a gente se atrase para pegar outros ônibus.”
A empregada doméstica Eliene Barbosa, de 56 anos, aponta que além de quebrarem de forma reiterada, dificilmente os ônibus cumprem os horários adequados. “Além disso, eles sempre estão muito cheios. É complicado, pois acaba facilitando assaltos. Esses dias levaram meu cartão do Sitpass. Há um tempo atrás furtaram meu celular”, esclarece. (Colaboraram Fabiana Pulcineli e Mariana Carneiro)