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Gusttavo Lima é indiciado por lavagem de dinheiro em investigação sobre jogos ilegais

Folha de S. Paulo / Divulgação
Show do cantor Gusttavo Lima no Rodeio Itu Festival, no interior paulista

O cantor Gusttavo Lima foi indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e organização criminosa, segundo informações divulgadas pela TV Globo no programa Fantástico deste domingo (29). A acusação é parte da Operação Integration, que investiga atividades de jogos ilegais e também envolve a influenciadora e advogada Deolane Bezerra. O Ministério Público deve decidir se vai denunciar ou não Gusttavo à Justiça.

O Daqui entrou em contato com assessoria do cantor por volta das 11h para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não teve retorno até a última atualização desta matéria. 

A reportagem ainda apontou que um cofre milionário com dinheiro vivo (notas de dólares, euros e reais) foi o que a polícia encontrou na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows de Gusttavo Lima em Goiânia. Os investigadores apreenderam cerca de R$ 150 mil. O Fantástico ainda disse que a polícia encontrou 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor.

Durante a operação Integration, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões e o sequestro de todos os imóveis em nome da empresa Balada Eventos, ligada ao cantor. Além disso, um avião que pertence à empresa foi apreendido. A nota de defesa ainda afirma que a relação do artista com as empresas investigadas é "estritamente de uso de imagem e decorrente da venda de uma aeronave"

O cantor tem contrato há dois anos com a empresa de apostas esportivas Vai de Bet, investigada pela Polícia Civil de Pernambuco por lavagem de dinheiro e jogos ilegais. A ligação com a empresa investigada foi confirmada pela assessoria do cantor, que detalhou que o artista mantém contrato de uso de imagem com a empresa desde 2022. Em nota, o TJPE confirmou a relação do mandado de prisão e da operação.

A concessão do pedido de habeas corpus, protocolado por parte da defesa do cantor, foi aceita pelo desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, que é o relator do caso. Na decisão, à qual o Daqui teve acesso, o magistrado afirmou que as justificativas dadas para a ordem de prisão constituem "meras ilações impróprias e considerações genéricas".

Pedido de prisão

Nesta segunda-feira (23), a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, decretou a prisão de Gusttavo Lima e do empresário Boris Maciel Padilha. Também foi determinado o bloqueio de R$ 2 milhões das contas bancárias do cantor, além de R$ 1,35 milhões das contas da empresa GSA Empreendimentos e Participações LTDA, a qual o sertanejo é o único sócio, de acordo com a ação. Em nota, o TJPE havia informado que o motivo dos mandados foi "visando garantir a reparação dos danos e a eficácia das medidas judiciais" (veja a nota completa no final da matéria).

No processo, a juíza detalha que o jogo do bicho ou de azar atinge "de forma mais cruel a classe trabalhadora, que se vê presa em ciclos de endividamento e desespero". Segundo ela, a prática tem um “efeito devastador sobre famílias”. Além disso, ela fala sobre como o Poder Judiciário deve ter "coragem de enfrentar interesses obscuros e agir em prol do bem comum", sem se basear na opinião pública, pelo poder econômico ou status social dos investigados.

Investigação

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões da empresa Balada Eventos, ligada a Gusttavo Lima, suspeita de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais que foi alvo da operação Integration, de acordo com a polícia. Além do bloqueio financeiro, a Justiça também determinou o sequestro de todos os imóveis em nome da Balada Eventos. As informações foram divulgadas pelo Fantástico em 8 de setembro.

Além disso, um avião que pertence à empresa do cantor foi apreendido durante a operação. A equipe do sertanejo alega que a aeronave foi vendida e não pertence mais ao grupo. A polícia não informou qual seria a ligação da aeronave com o esquema, nem disse qual a relação do cantor com a investigação. Ainda conforme a equipe do cantor, o contrato de compra e venda da aeronave foi "devidamente registrado junto ao RAB-ANAC para a empresa J.M.J Participações". A reportagem não conseguiu localizar a defesa da empresa J.M.J até a última atualização deste texto.

Operação Integration

Em 4 de setembro deste ano, a operação Integration prendeu a influenciadora Deolane Bezerra e a mãe dela, Solange Bezerra. De acordo com a Polícia Civil do Pernambuco (PC-PE), foram expedidos mandados de prisão e de busca e apreensão nas cidades de Recife (PE), Goiânia, Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR) e Curitiba (PR). Além disso, também foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações.

Segundo a PC-PE, as investigações começaram com a apreensão de R$ 180 mil em dezembro de 2022, sendo que, desde então, a polícia vem ampliando o leque de informações e de dados coletados. A PC-PE detalhou que a ilegalidade da organização criminosa investigada está relacionada aos jogos não autorizados legalmente. Segundo os investigadores, a organização criminosa operava também no ramo de bets, que eram usadas, além de outras empresas, na lavagem de dinheiro.

A operação contou com a colaboração da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), e das polícias civis dos estados de São Paulo, Paraná, Paraíba e Goiás, com 170 policiais envolvidos.

Notas na íntegra

Nota da defesa de Gusttavo Lima

“A defesa do cantor Gusttavo Lima recebe com muita tranquilidade e sentimento de justiça a decisão proferida na tarde de hoje pelo Desembargador do TJPE Dr. Eduardo Guilliod Maranhão, que concedeu o habeas corpus.

A decisão da juíza de origem estabeleceu uma série de presunções contrárias a tudo que já se apresentou nos autos, contrariando inclusive a manifestação do Ministério Público do caso.

A relação de Gusttavo Lima com as empresas investigadas era estritamente de uso de imagem e decorrente da venda de uma aeronave. Tudo feito legalmente, mediante transações bancárias, declarações aos órgãos competentes e registro na ANAC. Tais contratos possuíam diversas cláusulas de compliance e foram firmados muito antes de que fosse possível se saber da existência de qualquer investigação em curso.

Gusttavo Lima tem e sempre teve uma vida limpa e uma carreira dedicada à música e aos fãs. Oportunamente, medidas judiciais serão adotadas para obter um mínimo de reparação a todo dano causado à sua imagem.

Equipe jurídica - Gusttavo Lima”

Nota do TJ-PE 

"A Assessoria de Comunicação do TJPE informa que na tarde desta segunda-feira (23/9), no âmbito da "Operação Integration", que investiga um esquema de lavagem de dinheiro relacionado à exploração de jogos do bicho e jogos de azar, o juízo da 12ª Vara Criminal da Capital, após manifestação do Ministério Público de Pernambuco, acolheu a representação da autoridade policial e decretou a prisão preventiva de mais dois investigados na operação -- Bóris Maciel Padilha e Nivaldo Batista Lima.

Além das prisões, foi determinada a indisponibilidade de bens dos envolvidos, visando garantir a reparação dos danos e a eficácia das medidas judiciais. O juízo também manteve todos os decretos de prisão já expedidos anteriormente, incluindo o da influenciadora Deolane Bezerra, e determinou a difusão vermelha junto à Interpol para a captura dos que estão foragidos.

A Operação Integration tem como objetivo desarticular um esquema de lavagem de dinheiro que movimenta grandes quantias através da exploração ilícita de jogos. O processo permanece sob sigilo para garantir a integridade das investigações em andamento.

Ascom TJPE"

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