Com a presença do cirurgião do aparelho digestivo Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia Iris Rezende Machado (HMAP) iniciou nesta sexta-feira (9) uma nova fase em seus atendimentos. Duas cirurgias bariátricas inauguraram o serviço voltado para o tratamento da obesidade, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Outros 65 pacientes formam a fila no município para o mesmo procedimento.
Para marcar este momento, Sidney Klajner trouxe seus auxiliares de São Paulo. O grupo se uniu à equipe multiprofissional do HMAP, responsável pelos pacientes bariátricos, liderada pelo cirurgião do aparelho digestivo Renan Marangoni, que também atua no Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia. Os pacientes, antes da cirurgia, foram preparados por profissionais como psicólogo, nutricionista, endocrinologista, anestesista e fisioterapeuta para que, após o procedimento, mudem seus hábitos e não voltem a enfrentar a obesidade. Em alguns casos é necessária a atenção de outros especialistas como cardiologista ou psiquiatra.
A primeira cirurgia, no período da manhã, teve como paciente uma mulher de 44 anos que aguardava pelo procedimento há mais de quatro anos. Ela vinha se preparando para a cirurgia na rede pública estadual de saúde e, com a pandemia da Covid-19, precisou suspender o tratamento. À tarde, a cirurgia foi realizada em um jovem de 28 anos, obeso desde a adolescência. Eles foram encaminhados ao serviço do HMAP pela regulação da Secretaria Municipal de Saúde.
Pacientes elegíveis
Como até esta sexta-feira (9) não havia cirurgia bariátrica em Aparecida de Goiânia, todos os pacientes elegíveis, que buscavam o serviço público eram encaminhados para a Secretaria Estadual de Saúde, conforme explica o coordenador de Cirurgia no HMAP, Patrick Araújo. A partir de agora o hospital poderá receber tanto pacientes que já iniciaram o preparo em outra unidade da rede pública, quanto aqueles que desejam iniciar o tratamento.
O cirurgião Patrick Araújo explica que, para serem operados, pacientes com índice de massa corporal (IMC) abaixo de 50 precisam perder 5% do peso. Já aqueles com IMC acima de 50 terão de perder 10%. Esse cuidado é fundamental para evitar complicações pós-cirúrgicas, facilitar a recuperação e educar o organismo para a absorção de menos calorias, evitando ganhar peso no futuro.
O IMC é um padrão internacional de cálculo da obesidade adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para saber se a pessoa está ou não com o peso ideal. Ele é calculado dividindo o peso do indivíduo pela sua altura ao quadrado. Se a pessoa tem IMC de 27 e uma comorbidade, como hipertensão, o endocrinologista indica medicação para controle do peso. Mas, quem tem IMC acima de 30 com algum tipo de comorbidade (diabetes, hipertensão, etc) ou acima de 40 apresentando problemas graves, como insuficiência cardíaca e gordura no fígado, a indicação é cirurgia bariátrica.
A obesidade, como enfatiza o cirurgião bariátrico Leonardo Sebba, é uma doença crônica, progressiva, que afeta a pessoa de forma biológica, psicológica e social. “Vai muito além de um corpo fora do padrão”. Além de diabetes e hipertensão, a patologia pode trazer problemas cardíacos, pulmonares e hormonais, infertilidade e aumentar o risco de câncer.
Cirurgias por videolaparoscopia
A Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein assumiu a gestão do HMAP no dia 1º de junho deste ano, se tornando o primeiro hospital público gerido pelo grupo fora do estado de São Paulo, onde está à frente de outras 29 unidades. Atuando junto ao SUS há mais de 20 anos, 60% dos atendimentos do Einstein são públicos.
Estudo realizado pela Epimed Solutions mostrou que desde o início da gestão no Einstein no HMAP, o número de atendimentos dobrou e o número de óbitos caiu pela metade. Agilizar as cirurgias eletivas tem sido um alvo prioritário na unidade. Mais de 1.500 procedimentos foram realizados neste semestre, de diversas especialidades, como urológicas, ginecológicas, ortopédicas e pediátricas. Nesta fase inicial da gestão, o HMAP passou a implantar marca-passos, fechando o ano com as cirurgias bariátricas.
No HMAP, as cirurgias bariátricas devem ser feitas em maior número por videolaparoscopia (pequenos cortes e auxílio de uma câmera). O procedimento também pode ser realizado da forma tradicional (aberta).
Outras unidades públicas realizam o procedimento no estado
Em Goiás, outros hospitais públicos oferecem programas de cirurgias bariátricas pelo SUS. No Hospital Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi, o Programa de Prevenção e Controle de Obesidade (PCCO) atende desde 2012 pacientes com obesidade grau 3, com IMC acima de 40. Até o presente momento, 997 pessoas fizeram a cirurgia. Como no HMAP, elas são observadas por uma equipe profissional desde que se inscrevem no programa até o pós-operatório. Atualmente, nove pacientes aguardam a cirurgia.
Dentro do PCCO, o HHG realiza não somente cirurgias bariátricas, mas também metabólicas. As últimas foram inseridas no programa em 2018 depois que o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou esse tratamento cirúrgico para tratamento de diabetes tipo 2. Desde então, 182 pacientes do SUS passaram pelo procedimento.
Programa semelhante também existe no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, gerido Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).