O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou, por meio de uma nota, que autorizou um condomínio de luxo em Goiânia a usar uma armadilha com uma cabrita para capturar uma onça. De acordo com o instituto, as condições que o animal foi deixado lá, como falta de água e alimento serão apuradas.
"Após meses de tentativas com métodos como instalação de laços de contenção e uso de carne fresca (como sardinha e frango) para atrair o animal, iniciou-se o uso de armadilhas com animal vivo. Nesse método, o animal é isolado em um compartimento na armadilha. Ressaltamos que está técnica deve observar os cuidados necessários com alimentação, disponibilidade de água e demais precauções. O Ibama informa que irá apurar informações sobre as possíveis inadequações quanto à alimentação e oferta de água relatadas", diz a nota.
Entenda o caso
Como mostrou o Daqui, os moradores registraram a situação alegando que o filhote estava sofrendo maus-tratos. A onça não conseguiria o matar caso fosse capturada, mas os moradores pontuaram que o animal ficava muito tempo em uma gaiola pequena, sem acesso à água ou alimentação (assista acima).
No vídeo, o animal aparece preso na armadilha, em um pequeno espaço na extremidade dela. Ele fica guardado por uma grade de proteção, para que a onça não tenha acesso se for capturada. Não há água ou comida na gaiola, e o filhote está em pé devido ao espaço reduzido.
Uma moradora, que preferiu não ser identificada, relatou que o condomínio informou que uma onça rondava a região. No entanto, ela disse também que nunca viu o animal ou vídeo dele.
"A armadilha seria pra colocar frango, peixe, algum tipo de isca. O que indignou os moradores foi que eles colocaram uma cabra viva num cubículo que ela nem se mexia, ela ficava de pé sem se mexer. Sem água, sem comida. Colocaram ela quase 12h da tarde e deixaram ela exposta a noite toda, sem água, sem comida, sem deitar, sem se mexer, até o dia seguinte”, disse a moradora.
Em um comunicado enviado aos associados na sexta-feira (19), a Associação dos Amigos do Residencial Aldeia do Vale (Saalva) informou que “as armadilhas e as câmeras de monitoramento foram cedidas pelo Cetas/Ibama. Os procedimentos em uso, com objetivo de capturar a onça parda, seguem rigorosamente as instruções técnicas e a supervisão destes órgãos”.
A moradora disse que as armadilhas foram colocadas há cerca de quatro meses, em diferentes locais no condomínio. Somente um filhote de cabra foi visto e registrado. “O condomínio falou que pegou essa cabra emprestada de um funcionário, mas não quis falar de quem era. A gente queria resgatar a cabra e ela virar até mascote do condomínio. A gente achava que era muito maltratada”, disse ela.
Segundo ela, depois que os moradores questionaram a gestão do condomínio com os vídeos, o filhote não foi mais visto. Ela diz que o animal era colocado na gaiola quando anoitecia, e deixado lá até amanhecer.
"O problema não é nem colocar a isca viva, se o Cetas ou o Ibama manda colocar. O problema é ter deixado o animal sofrer. (...) Vários moradores ficaram indignados. Era uma indignação muito grande”, relata a moradora.
Nota do Ibama
"O Ibama informa que, diante da necessidade de captura da onça parda no condomínio, foram autorizados pelo Instituto diversos métodos para essa finalidade. Após meses de tentativas com métodos como instalação de laços de contenção e uso de carne fresca (como sardinha e frango) para atrair o animal, iniciou-se o uso de armadilhas com animal vivo. Nesse método, o animal é isolado em um compartimento na armadilha. Ressaltamos que está técnica deve observar os cuidados necessários com alimentação, disponibilidade de água e demais precauções.
Os métodos autorizados são respaldados cientificamente e são aplicados em casos específicos como este. O Ibama tem a responsabilidade de avaliar e autorizar medidas que solucionem o caso, enquanto o condomínio apresenta e executa o plano de manejo autorizado para a captura, coordenado por um profissional habilitado contratado pelo próprio condomínio.
Destacamos que o Ibama monitora a situação desde dezembro passado, quando o animal foi avistado pela primeira vez, e atende prontamente às solicitações necessárias para lidar com o caso.
O Ibama informa que irá apurar informações sobre as possíveis inadequações quanto à alimentação e oferta de água relatadas."