Os usuários do Centro de Referência em Oftalmologia (Cerof) da Universidade Federal de Goiás (UFG), no Setor Leste Universitário, reclamam da demora para atendimento na unidade de saúde. A reportagem esteve no local na tarde de segunda-feira (19) e verificou uma extensa fila de pacientes, especialmente idosos, esperando pelo serviço. As pessoas aguardavam em pé, sob o sol.
O atendimento no local, dedicado a tratar pacientes oftalmológicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), começa às 7 horas. Entretanto, a desempregada Jéssica Conceição Pinto, de 29 anos, saiu de Itaberaí às 5 horas para conseguir chegar ao Cerof por volta de 8 horas. “Venho de ônibus. Quando chego, já tem uma fila grande. Não dá nem para sair para almoçar”, afirma.
Ela só conseguiu ser atendida no fim da tarde desta segunda e chegou em casa por volta de 19 horas. A rotina se repetiu nas últimas três semanas. “Fiz uma cirurgia corretiva nas córneas e estou fazendo um acompanhamento mais de perto. Tem sido cansativo”, conta. Ela se trata no Cerof há cerca de três anos e não tem reclamações do atendido feito pelos médicos. “As equipes são boas. Porém, é sempre esta demora para conseguir se consultar”, enfatiza.
Acompanhando os pais, o biólogo Caik Firmino da Costa, de 29 anos, ficou em pé na fila do Cerof durante toda a tarde na esperança de agendar tratamentos de glaucoma e retina para eles. “A abertura desses agendamentos estava prevista para o início deste mês, mas foi adiada para hoje (segunda-feira, 19), abarcando todas as especialidades que o Cerof atende”, diz.
Segundo ele, somente uma pessoa entrava por vez, por ordem de chegada. “Foi uma falta de organização. Ao invés de programar os agendamentos para cada especialidade em dias diferentes, agendam todos para o mesmo dia e dá nisso. O pessoal que foi saindo daqui falou que a previsão de retorno é só para agosto ou setembro. E ainda mais, não tem nenhum tipo de senha. O atendimento é muito precário, porque não tem nem lugar para sentar para os que ficam esperando aqui na entrada. Vi que nem copos descartáveis para tomar água eles tinham, de modo que a pessoa tinha que usar as mãos”, relata.
Para Caik, uma melhora na administração seria necessária para suprir a demanda, sentimento ecoado pelos presentes na fila. “Hoje em dia, tudo quanto é hospital tem WhatsApp para fazer agendamento. Em todo lugar, este aspecto está evoluindo, e aqui isto não acontece”, ressalta.
Em nota, a UFF informou que devido à grande demanda para o agendamento de procedimentos, o Cerof alterou o fluxo de atendimento aos pacientes visando a maior agilidade. “As recepções foram direcionadas para o agendamento de consultas. Desta forma, foram abertos dois guichês exclusivos para o agendamento das consultas. Também havia três profissionais a mais para organizar e orientar os pacientes que aguardam nas filas, direcionando-os para os guichês corretos de atendimento” comunicou a universidade.
Triagem
A UFG destacou que o Cerof possui especialistas em todas as áreas da Oftalmologia e que “o atendimento e agendamento precisam ser presenciais, pois os pacientes fazem acompanhamento em duas ou três subespecialidades. No momento do agendamento o paciente não consegue informar em qual especialidade ele quer o atendimento. Sendo assim, é necessário o paciente passar pela consulta com o médico assistente que, após avaliação, o direciona para o dia de retorno com médico especialista.”
A UFG pontuou ainda que “frente às queixas levantadas, reiteramos que as medidas foram tomadas de forma emergencial, e foram observadas melhorias, mas o processo será contínuo até que os problemas sejam sanados. Importante dizer que a unidade cumpre as metas contratualizadas com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia.” (João Pedro Santos é estagiário do GJC, em convênio com a UFG)
Reclamações também on-line
Além da falta de organização relatada pelos presentes na fila desta segunda-feira (19), o Centro de Referência em Oftalmologia (Cerof) é igualmente mal visto em avaliações do estabelecimento em plataformas on-line. Um total de 37 usuários do Google avaliaram o centro clínico de oftalmologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) com uma pontuação de 3,1 de 5 estrelas.
As críticas destacam a falta de atendimento por telefone por parte do local, atraso no agendamento das vagas para retorno em meses e o mau preparo da equipe em atender a grande demanda de pacientes.
Em algumas destas avaliações, o Cerof ofereceu a seguinte resposta: “Sentimos muitíssimo por você não gostar da nossa clínica. Estamos com uma demanda muito grande no pós pandemia, e a equipe está empenhada para resolver a grande demanda, mas o repasse não aumenta há bastante tempo, o que nos impossibilita ter mais profissionais. Recomendaria rever a realidade, ou acompanhar nosso trabalho diário, e ver que trabalhamos além da capacidade de atendimento, que te garanto que além de gratuito, é melhor que as clínicas particulares que você busca atendimento.”