A indústria goiana tem, hoje, milhares de vagas de emprego abertas à espera de trabalhadores para ocupá-las. A Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial Goiás) estima que somente suas 145 empresas associadas tenham mais de 5 mil postos disponíveis. Mas, mesmo com o alto índice de desemprego, parte destas oportunidades estão abertas há meses por falta de candidatos capacitados, um problema que é ainda maior para unidades no interior do estado.
A indústria goiana São Salvador Alimentos (SSA), com fábricas em Itaberaí e Nova Veneza, deve crescer 13% este ano e está investindo R$ 366 milhões para ampliar sua linha de produção, o que inclui a construção de uma fábrica de embutidos e empanados industrializados. Mas esta expansão esbarra hoje num grande desafio: contratar colaboradores para as mais de 850 vagas já disponíveis e que serão criadas neste ano.
A gerente de Gestão de Talentos da SSA, Lidiane Marques, explica que estas oportunidades são para atender tanto a expansão da indústria, quanto demandas já existentes na unidade de Itaberaí, que também conta com fábrica de ração, incubatório e armazéns gerais. Só para a planta de industrializados, são 382 vagas abertas, a maioria para auxiliar de produção.
Para ocupá-las, a empresa está recrutando trabalhadores em municípios próximos a Itaberaí, num raio de até 75 quilômetros, como Itauçu, Heitoraí e Americano do Brasil. Lidiane lembra que a indústria oferece transporte e treinamento contínuo para seus colaboradores. “Pela escassez de pessoal no interior, a saída é a captação em municípios vizinhos. No momento, a dificuldade é maior por conta da expansão”, diz.
Aos 18 anos, o auxiliar de produção Francisco de Oliveira Silva acaba de conquistar uma vaga na indústria de Itaberaí. Ele conta que, ao concluir o ensino médio, veio do Maranhão para morar com o irmão, que já trabalha na mesma empresa e o alertou sobre a oportunidade de trabalho. Francisco acredita que o novo emprego o ajudará até a cursar uma faculdade em breve.
A BRG Geradores, de Anápolis, está com cerca de 45 vagas de emprego abertas. A diretora executiva da indústria, Paula Cristina Crispim Oliveira, conta que a fábrica de geradores de energia à diesel tem dificuldade para contratar desde mão de obra técnica, que é mais escassa no interior, até a mais básica. Algumas vagas já estão abertas há cerca de seis meses.
Paula lembra que, além de atender a rotatividade, as contratações são necessárias porque a produção cresceu este ano para atender uma maior demanda do mercado. Para tentar resolver o problema, a indústria fez uma parceria com o Senai para qualificar os candidatos selecionados, de acordo com suas demandas. “A falta de pessoal prejudica o bom andamento da produção. Toda empresa é feita de recursos humanos”, destaca.
Carteira assinada
O número de vagas é crescente com a retomada da produção. O presidente executivo da Adial Goiás, Edwal Portilho, o Tchequinho, conta que é grande o número de vagas abertas por profissões iniciais na indústria, como auxiliares de produção, que têm a capacitação feita na própria empresa. “Mesmo assim, parece que o trabalhador não valoriza mais a carteira assinada, que deixou de ser prioridade para os jovens”, alerta.
Para ele, isso é um erro porque o emprego industrial oferece benefícios importantes e segurança.Tchequinho diz que só no setor de logística, são cerca de 500 vagas abertas, principalmente para motoristas. Na tentativa de ajudar suas associadas a encontrarem os profissionais que precisam, a entidade criou a Adial Talentos, que atua na captação de candidatos, até em outras cidades e estados, e no apoio à qualificação.
O coordenador da Adial Talentos, Alfredo Santana Rocha, conta que os currículos são encaminhados às empresas de acordo com o perfil exigido por elas, o que evita que os departamentos de recursos humanos percam muito tempo nesta análise. A entidade conta com um banco de currículos e com parcerias para qualificação dos trabalhadores.