As instituições federais de ensino superior (Ifes) em Goiás somam 12 obras paralisadas em razão da falta de recursos para investimentos em infraestrutura. Em janeiro, com a posse do novo ministro da Educação, Camilo Santana (PT), o discurso foi de retomada das construções, de modo que o Ministério da Educação (MEC) faria um levantamento das prioridades para que fosse feito o aporte necessário. Ao todo, pelo menos R$ 60,39 milhões deveriam ser enviados para as instituições goianas de modo a ser possível continuar as obras paradas e inacabadas de acordo com as Ifes no Estado.
Em Goiás, o pior caso é do Instituto Federal de Goiás (IFG), que possui seis obras sem qualquer andamento, entre elas os blocos acadêmicos do Câmpus Goiânia Oeste, localizado no Residencial Flórida, na saída para Guapó. O bloco principal da unidade foi inaugurado com a presença do então ministro do MEC, Milton Ribeiro, no final de 2020, sob o discurso de que o local da sede definitiva faria com que os alunos deixassem as salas provisórias. Assim mesmo, a situação atual é que apenas parte de fundação e estrutura estão realizadas, mas o local já está totalmente rodeado por mato. A mesma situação se vê no Câmpus Senador Canedo.
“Esses blocos acadêmicos, quando concluídos, abrigarão novas salas de aulas, laboratórios, bibliotecas e outros espaços que possibilitarão ampliar em até mais 5 mil vagas na instituição”, informa o IFG. O instituto possui ainda três auditórios/teatros localizados nos Câmpus Cidade de Goiás, Inhumas e Goiânia Oeste que também se encontram com obras paradas, além de uma quadra poliesportiva no Câmpus Uruaçu. Essas obras somam R$ 54.340.229,30 de recursos necessários para a conclusão. Já na Universidade Federal de Jataí (UFJ), são necessários R$ 800 mil para concluir um aviário para atender às necessidades dos cursos das Agrárias e que está parada desde 2020.
O Pró-Reitor Pro Tempore de Administração e Finanças da UFJ, professor Dyomar Toledo Lopes, explica que a obra foi iniciada com recursos da própria instituição. “Porém, a empresa ganhadora do processo licitatório abandonou a obra nas fases iniciais. Como a UFJ veio sofrendo cortes orçamentários consecutivos durante todo o governo anterior, não foi possível retomar.” No Instituto Federal Goiano (IF Goiano), a reitoria está na “eminência de romper o contrato com a empresa responsável pelas obras em três unidades, devido ao baixo percentual de execução”. As cinco obras estão distribuídas nos câmpus de Catalão, Ipameri e Rio Verde.
Uma das obras é a construção do Câmpus de Catalão em si, cujos 500 estudantes estão sendo atendidos em uma sede provisória. A construção consta em relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), de agosto de 2022, entre as obras federais paradas em Goiás. No mesmo documento, há a relação de mais cinco obras paradas na Universidade Federal de Goiás (UFG), mas a reitoria informou que elas estão em fase de conclusão e não há obras paradas na universidade. A Universidade Federal de Catalão (UFCat) também informou não ter nenhuma construção paralisada.
Ministério deve analisar situação de cada caso
O Ministério da Educação (MEC), em resposta à reportagem, informou que trabalha para retomar as obras paradas. “As equipes técnicas da Secretaria de Educação Superior (Sesu) e da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) analisam, caso a caso, uma série de obras inacabadas ou paralisadas nas instituições federais de ensino, sejam elas universidades ou institutos federais”. A pasta vai priorizar as construções em estágio mais avançado de execução, com o objetivo de “viabilizar entregas no prazo mais curto possível”.
Durante a posse do ministro Camilo Santana, além de prometer a retomada das obras paradas, há o interesse de investir na infraestrutura dos câmpus, em que muitos processos nem mesmo foram iniciados pela falta de recursos. Sobre o interesse em realizar novas construções, a Universidade Federal de Goiás informou que “não há processo licitatório para obras em andamento”, pois está “aguardando sinalização de recursos de investimento para desencadear novos processos”.
Já a Universidade Federal de Jataí (UFJ) informa ter projetos para construir um vestiário na Fazenda Escola, a rede trifásica do almoxarifado de reagentes químicos, as redes elétricas e o transformador do pórtico no Câmpus Jatobá e dos setores zootécnicos. Para tal, há a necessidade de receber R$ 750 mil. Já o Instituto Federal de Goiás (IFG) projeta ao menos 10 novas obras, que juntas somam um aporte de R$ 29.24 milhões.