Uma médica brasileira formada há apenas um mês teve de agir em pleno voo de Londres para São Paulo, quando um passageiro se sentiu mal. Durante a viagem, o homem sofreu um desmaio e a tripulação de bordo pediu auxílio de médicos a bordo. Assim, ficou nas mãos de Luana Moury auxiliar a pessoa que se sentiu mal e ajudar na decisão: o avião teria de fazer um pouso de emergência?
O voo saiu do Reino Unido por volta das 23h e estava cheio. Os problemas começaram quando um homem britânico se sentiu mal e desmaiou. Às 4h da manhã, Luana foi acordada por sua mãe, que viajava ao seu lado, para que prestasse socorro a ele, já que era a única médica presente no local.
A doutora conta que a equipe de comissários prontamente prestou primeiros socorros, mas logo anunciou que necessitava de um médico.
"É nosso trabalho e dever como médico estar preparado para qualquer tipo de situação. Claro que eu não esperava que iria ter que lidar com uma situação assim, nas alturas, com pouco mais de um mês de formada e sem muito recurso para socorrer o paciente. Mas eu não sou a primeira e com certeza não serei a última", diz Luana.
Depois de acordar assustada e iniciar os primeiros socorros, percebeu que o paciente estava com uma crise epilética em fase tônica, ou seja, quando há perda de consciência e o corpo se contrai e enrijece, seguida de desmaio. O homem chegou a vomitar, então Luana precisou lateraliza-lo para evitar uma bronco aspiração.
O fato de ela falar inglês a ajudou, já que era o único idioma possível de comunicação com o paciente. "O paciente retornou à consciência, ficou bem, me agradeceu bastante e também a toda equipe de comissários", comemorou ela.
Luana ainda checou os sinais vitais do homem 30 minutos e uma hora depois do desmaio, para se certificar que ele estava bem. De acordo com ela, a comissária de bordo também ajudou muito, sempre verificando como estava o paciente.
A médica teve de assinar um termo afirmando que a aeronave não precisaria de um pouso forçado e que poderia continuar até o destino final sem problemas.
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COMO SE LIDA COM EMERGÊNCIAS NO AR?
A reportagem entrou em contato com a companhia aérea Latam, que disse que o atendimento médico a bordo de todos os voos é realizado de forma voluntária.
"Os tripulantes anunciam a emergência de saúde a todos os passageiros para que médicos voluntários possam se apresentar para esse atendimento. A empresa conta com kits médicos de primeiros socorros e com desfibriladores em todas as suas aeronaves, inclusive com mais itens do que exige a legislação de cada país onde a companhia opera. Adicionalmente, a Latam também tem parceria com empresa de telemedicina que pode prestar atendimento remoto".
Em casos mais graves, a Latam afirma seguir o procedimento indicado e buscar o aeroporto mais adequado para o atendimento médico.
"A decisão final de alternar o voo é sempre do comandante levando sempre em consideração a segurança do paciente e da operação. A companhia ressalta ainda que, na situação descrita, o que houve foi o preenchimento de um formulário onde a médica descreveu a assistência prestada, o que é algo comum e recomendado pelo art. 87 do Código de Ética Médica."