A Justiça mandou soltar o policial penal Redton Kennedy de Lima e o vigilante temporário Matheus Marques da Silva, investigados por suspeita de facilitar a fuga de 14 detentos do presídio de Trindade na madrugada de 15 de outubro. Eles haviam sido presos em flagrante e tiveram a prisão convertida em preventiva, mas como o inquérito não ficou pronto em 10 dias, como exige a legislação, foi determinada a soltura de ambos.
Reportagem publicada pelo Daqui no último sábado (28) mostrou que a Polícia Civil investiga a possibilidade de o Comando Vermelho ter pagado aos agentes prisionais R$ 10 mil por cada um de uma lista de oito presos que deveriam escapar da cadeia. Outros seis presos teriam fugido aproveitando a brecha deixada. Na cela havia 30 pessoas quando se deu a fuga, mas 16 decidiram permanecer no local.
A negociação para a fuga teria sido centralizada entre dois dos oito presos da lista e Redton. O policial penal teria então, segundo as investigações até o momento, pedido ajuda a Matheus para que os detentos conseguissem escapar durante o plantão da madrugada. Para que tudo fosse bem sucedido, o cadeado foi deixado de forma errada na porta da cela e quem estava na guarita não observou os presos passando para o telhado e depois pulando a cerca ou escapando pelo portão principal.
Em sua decisão, a juíza Francielly Faria Morais, da 3ª Vara Criminal, autoriza a prorrogação de prazo para conclusão do inquérito e a liberdade dos suspeitos detidos. Os agentes estão proibidos de exercer função pública e terão de usar tornozeleira. A Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) já havia exonerado o vigilante e afastado o policial penal logo após a prisão dos mesmos.
As defesas dos agentes de segurança afirmam que no decorrer do processo será provada a inocência deles. A Polícia Civil quer a quebra dos sigilos bancários e telefônicos de ambos para avançar no caso. Os depoimentos dos presos e dos plantonistas divergem em pontos importantes, como, por exemplo, quem trancou a cela de forma equivocada e quem estava na guarita na hora da fuga.
Outro ponto importante que, segundo a Polícia Civil, dificultou as investigações é a falta de câmeras de segurança no presídio. A DGAP diz que está em processo de elaboração da licitação e que até 2024 o equipamento deve ser instalado em todas as cadeias goianas.