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Justiça nega liberdade a pai que matou as filhas

Reprodução/TV Anhanguera
Ramon e as filhas, de 4 e 8 anos, que foram mortas com golpes de faca

A Justiça voltou a negar pedido de liberdade feito pelo motorista de aplicativo Ramon Souza Pereira, de 31 anos, acusado de matar as duas filhas, de 4 e 8 anos de idade, após uma crise de ciúmes da mulher e mãe das meninas. Ele foi preso um dia após o crime, em maio de 2023, e se encontra no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Ramon, que responde por duplo homicídio qualificado com cinco agravantes, aguarda o júri popular agendado para 24 de setembro.

A prisão preventiva de Ramon foi mantida sob o argumento de que o crime cometido foi extremamente grave e que o réu tentou fugir após cometê-lo, sendo necessária uma força-tarefa de equipes de segurança pública para prendê-lo. Também afirma-se que é uma forma de garantir a integridade física e psicológica da mãe das crianças, Dayane Faria, de 29 anos. Quando o caso completou um ano, a mãe e seus familiares realizaram protesto cobrando punição ao motorista de aplicativo.

Afirmando ter descoberto uma relação extraconjugal da esposa, Ramon pegou as duas filhas na creche e na escola, próxima ao setor em que residiam, o Bairro Floresta, em Goiânia, e as matou no caminho para Santo Antônio de Goiás, ateando fogo no carro em seguida. Antes do crime, o motorista agrediu fisicamente a mulher em Goianira. Ele foi preso no dia 23 de maio de 2023, pela Guarda Civil Municipal (GCM) de Goiânia, escondido nas margens de um lago próximo à GO-462.

No caminho para Santo Antônio, Ramon comprou um galão com gasolina e uma faca e já na cidade vizinha ligou para o sogro dizendo o que iria fazer. A conversa foi gravada e nela é possível ouvir as crianças chorando e dizendo que o pai estava colocando combustível sobre o carro. As duas crianças foram mortas com golpes de faca. O veículo e os corpos foram encontrados à noite, seis horas após Ramon ter agredido a esposa.

A defesa do motorista, feita pelo advogado Emanuel José Rodrigues de Freitas, afirmou que os argumentos pela prisão não se sustentam. Primeiro porque a concessão de medidas cautelares não comprometeria a ordem pública, pois Ramon teria se envolvido “em circunstâncias fáticas singulares, que envolvem especificamente o seio familiar”, e que a prisão cautelar se justificava para “garantir o bom andamento processual”.

O advogado também disse que Ramon, caso ganhasse a liberdade, iria morar com os pais em outra localidade já informada no processo e que ele não é uma pessoa “dedicada a atividades criminosas ou que tenha extensa ficha criminal com antecedentes”.

Em abril, a Justiça já havia negado o pedido de liberdade alegando também a gravidade do crime contra as filhas e contra a mãe delas. Ao se manifestar sobre a nova petição, o promotor Deusdete Carnot Damacena, da 7ª Promotoria de Justiça, lembrou os argumentos. “Como se vê, a medida extrema foi mantida por ainda persistirem os motivos ensejadores da prisão preventiva, especialmente em face da perigosidade do paciente, diante da gravidade dos crimes imputados e da forma como foram executados”, manifestou-se Deusdete.

O desembargador Edison Miguel da Silva Junior, relator do habeas corpus, seguiu orientação do promotor e decidiu manter a prisão do motorista. O voto foi seguido por unanimidade pelos magistrados da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO). “A extrema gravidade da conduta a ele imputada, reveladora de periculosidade, justificam a manutenção da medida extrema, sendo insuficiente a fixação de cautelares diversas”, afirmou.

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