O adolescente de 16 anos que feriu uma colega de escola com uma faca de cozinha nesta segunda-feira (23) no Colégio Estadual Polivalente Professor Goiany Prates, na Vila Alpes, em Goiânia, ficará apreendido até que a Justiça defina o destino dele. O rapaz está na sede da Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), no Jardim Goiás, em Goiânia.
O delegado que apura o caso, Quéops Barreto informa que deve concluir o inquérito nos próximos dias. Ele disse ainda que entende que foi uma questão inesperada e que apontar responsabilidades está além da alçada criminal. Agora ele diz aguardar a recomendação do Ministério Público Estadual que deverá apontar alguma medida provisória que possa ser tomada.
O delegado detalha que o adolescente já havia cometido importunação sexual contra outra colega na semana passada. Estudantes que testemunharam disseram que o jovem abraçou uma das alunas por trás e a segurou nos seios. Ele foi repreendido pela vítima e pela jovem agredida com a faca na manhã desta segunda-feira. Ele contou ao delegado que, por isso, levou a faca dentro da mochila.
Ele tem distúrbios mentais e teria agido durante um surto psicótico, segundo informações repassadas pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
A família do rapaz também foi ouvida e contou que ele foi diagnosticado com transtornos mentais, mas que já vem sendo acompanhando há algum tempo. Ainda conforme a família, houve mudanças nas dosagens dos medicamentos que teriam feito com que ele ficasse mais agressivo. O delegado acrescenta que as colegas de escola também confirmaram que haviam percebido mudanças no comportamento do rapaz. “Elas confirmaram que ele tem boa convivência, mas vez ou outra fica agressivo.”
A defesa informou que o autor teria sofrido bullying na unidade de ensino e o adolescente confirmou para o delegado que agiu por raiva. Ele também contou na delegacia que nutria sentimentos por uma colega, mas ao verificar as redes sociais da garota, viu que ela já tinha namorado. Por isso ele levou a faca para a escola e a atingiu pelas costas quando ocorria o intervalo entre as aulas, por volta das 9 horas.
A jovem atingida disse que não percebeu a facada e que só viu o sangue quando uma colega a alertou. A faca fez um ferimento de cerca de dois centímetros e meio de comprimento. A menina ainda disse que chegou a pensar que havia sido apenas empurrada. Ao perceber tudo que aconteceu, ela disse que foi muito assustador.
Escola
Coordenadora da Regional de Goiânia da Secretaria Estadual de Educação, Enicleia Moraes afirma que o estudante está na unidade desde o ano passado e que sempre teve professor de apoio à disposição. Ela diz que as aulas retornam nesta terça-feira (24) normalmente. “Felizmente a aluna ferida está bem, sem gravidade. Acreditamos até que ela retorne logo para as aulas presenciais. Teremos uma equipe de profissionais para acolher estudantes e servidores nesta terça e enquanto for necessário.”
A coordenadora ainda diz que tem uma equipe avaliando a possibilidade de que o aluno tenha sofrido bullying, que é um assunto amplamente discutido nas unidades de ensino. “Acreditamos que foi uma situação atípica, até porque o aluno tem auxílio do professor de apoio, não tivemos situações semelhantes anteriormente. Infelizmente ele também é uma vítima e estamos acompanhando e mantendo contato com a família e até com os médicos que o acompanham.”
Ainda não é possível definir se o adolescente retorna para a escola porque essa decisão depende das medidas que possam ser indicadas pela Justiça.
A aluna atingida pela facada tem 15 anos. Ela foi socorrida e levada para o Cais de Campinas, onde foi atendida. Ela levou três pontos no ferimento.
A adolescente precisou retornar à unidade de saúde porque o ferimento ainda sangrava, mas passa bem. Ela encaminhou áudio para os colegas informando o ocorrido. A estudante disse que foi atingida quando saiu para beber água no intervalo das aulas. Ela ainda disse que chegou a desmaiar com o susto, mas que estava bem e viva.
Superintendente de Segurança Escolar da Seduc, coronel Mauro Vilela afirma que este foi um caso atípico e que pais e responsáveis devem ficar tranquilos quanto à segurança dos estudantes nas escolas. Ele ainda disse que o socorro e o atendimento à situação foram rápidos e que felizmente terminou sem gravidade. “Os alunos que, porventura não quiserem retornar para as aulas presenciais, poderão continuar de maneira remota, mas há toda a segurança para o retorno, tanto que nesta terça (24) mesmo, as aulas retornam normalmente.”