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Lago artificial de parque municipal em Goiânia está seco

Fábio Lima
Lago artificial do Parque Buritis Sebastião Júlio Aguiar, no Parque Oeste Industrial: falta de água após vandalismo

O lago artificial construído em 2020 como parte do Parque Buritis Sebastião Júlio Aguiar, no Parque Oeste Industrial, região Oeste de Goiânia, está completamente seco há pelo menos um mês. Ambientalistas, em 2019, quando o projeto de parque urbano foi divulgado, foram contra a construção do lago no local, porque a área possui 29 nascentes, conforme descrição da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), que seriam prejudicadas. No entanto, o projeto com o lago foi mantido sob a alegação que era uma nascente única, com ramificações, e que não haveria prejuízo a elas e nem mesmo às veredas presentes na área.

A Amma informa que a seca no lago do Parque Sebastião Júlio Aguiar não tem relação com a construção na área e nem mesmo com o período de estiagem. Segundo a agência, a razão pela falta de água é o vandalismo. Isso porque foi verificado um “ato de furto do relógio e fiação, que provocou a queima do disjuntor da bomba que enche o lago”. A Amma complementa ainda que já realiza os reparos em parceria com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), para retomar o reabastecimento do lago. “Ainda nesta quarta-feira e quinta-feira, eletricistas trabalham na recuperação da parte elétrica. Portanto, o lago deve voltar a ficar cheio nos próximos dias”, acrescenta.

Presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), Gerson Neto, recebeu imagens do lago sem água no começo de julho. “Ali havia uma vereda preservada. Talvez a última do perímetro urbano de Goiânia. A área era toda úmida, um cenário único eternizado na literatura e no imaginário brasileiro que estamos destruindo. A construção do lago aprofundou o lençol freático e drenou a vereda. Alertamos sobre isso muitas vezes e fomos ignorados”, diz.

Segundo entende, para construir o lago foi feita “uma rede de drenagem urbana para evitar o assoreamento”. O ambientalista acredita que a situação é semelhante com a que aconteceu no lago do Parque Cascavel e que acaba funcionando como dreno. “Ali sempre teve muita água, mas a construção do lago e da infraestrutura do parque destruiu uma joia da natureza que tínhamos em Goiânia”, afirma ao se referir ao parque municipal no Parque Oeste Industrial. Em 2019, um coletivo de urbanistas vinculados ao BR Cidades chegou a propor um projeto de parque urbano para o local. No caso, a ideia era construir uma grande passarela sobre a vegetação, com a intenção de afetar o mínimo possível o solo e as nascentes.

Outros

Atualmente, outros lagos de parques da capital, sobretudo neste período de estiagem, sofrem com a redução no nível da água e até mesmo com a seca. Nesta semana, a Associação do Lago das Rosas esteve em reunião na Prefeitura de Goiânia para pedir melhorias para o parque do Setor Oeste, na região Central. O principal pedido foi a realização de reparos nos vazamentos das tubulações do Lago das Rosas, que seriam responsáveis pela redução do nível da água. Em 2022, o local passou pelo mesmo problema e em 2018 chegou a secar completamente após o rompimento das manilhas que abastecem o lago principal.

Segundo a Amma, a capital possui atualmente 23 parques com lagos. “Todos eles são abastecidos pelo lençol freático e bombeamento de água das trincheiras de prédios circunvizinhos”, informa. A agência esclarece que “realiza o monitoramento de todos os lagos presentes na capital, a fim de garantir o cuidado adequado com os recursos hídricos, mesmo no período em que a baixa no nível de água é comum”.

A Amma informa que realiza “o plantio de árvores nos períodos chuvosos, próximo aos lagos para garantir a permeabilidade do solo e infiltração de água nos lençóis freáticos e auxiliando a recuperação das nascentes presentes nos parques que também são Áreas de Preservação Permanente (APP)”. A agência confirma que a expansão da cidade e de empreendimentos imobiliários pode influenciar cursos hídricos, mas reforça que os licenciamentos ambientais são realizados de acordo com a legislação e considerando critérios técnicos.

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