O serviço de coleta domiciliar de Goiânia volta a apresentar problemas. Este é o relato de moradores e empreendedores de bairros das regiões Norte, Oeste, Sudoeste e Sul de Goiânia. A informação é de que o serviço continua a ser realizado, mas não tem a regularidade prevista. Por outro lado, o recolhimento de recicláveis, que apresentou problemas, na semana passada, voltou a funcionar. Os serviços relativos a resíduos na capital apresentam uma série de crises desde janeiro deste ano.
Em bairros onde a coleta domiciliar deveria ser realizada três vezes por semana, o relato é de que o serviço chegou a ficar toda a semana passada sem a realização. Na maioria dos casos ouvidos pelo Daqui, o atraso é menor, mas recorrente. A situação é mais crítica nos bairros afastados da região central.
Proprietária de uma clínica veterinária no Jardim Atlântico, na região Sudoeste de Goiânia, Rainela Carvalho afirma que o serviço tem demorado. “Na semana retrasada o caminhão da coleta não passou nenhuma vez aqui”, reclama. Também na mesma região, nos bairros Jardim Vila Boa e Parque Amazônia, havia muito lixo acumulado, conforme verificado pela reportagem.
No Jardim Balneário Meia Ponte, bairro da região Norte, a realidade é a mesma. A situação é descrita pelo microempresário de uma autoescola. Washington Monteiro diz que o transtorno é grande. “Às vezes deixamos restos de alimento na lixeira, cachorro vem e fica bagunçando, isso provoca larvas de mosquito também.”
No Conjunto Vera Cruz, também há informação do não cumprimento das três coletas previstas na semana para os dias terça, quinta e sábado. “Há cinco meses que está com problema. Esta semana não passou, as lixeiras estão cheias”, diz a manicure Jhenyffer Stefane. A reportagem ouviu ainda relato de que o Parque Atheneu enfrenta problemas.
Proprietário de uma empresa que instala e realiza manutenção em ar-condicionado no Jardim América, Maycon Gleik conta que o serviço não apresenta instabilidade no bairro, mas afirma conhecer localidades onde o problema ocorre. “Em outros setores eu vejo o problema. Instalei um aparelho no Jardim Novo Mundo hoje (ontem) cedo e o lixo estava bastante acumulado lá”, diz.
Dentre os bairros mais distantes da região central que a reportagem fez contato com algum morador ou empresário, a Vila Mutirão foi o único onde o relato é de que o serviço obedece ao cronograma de três vezes por semana. No setor Oeste a informação é de que a retirada de resíduos ocorre normalmente.
Histórico
Conforme o Daqui mostrou nesta semana, esta é a quinta vez que a coleta de resíduos de Goiânia apresenta problemas. Entre o meio da semana passada e o início desta a coleta seletiva ficou interrompida.
A primeira crise do serviço foi em fevereiro deste ano, quando os caminhões da coleta domiciliar pararam de circular. Por um problema no fornecimento de combustíveis, houve a interrupção. O transtorno durou ao menos uma semana.
Em meados de agosto houve uma falha na coleta de recicláveis. Moradores dos setores Bueno e Jaó reclamaram. Os relatos eram de duas semanas com o problema. A maioria dos problemas foi causada por atrasos em pagamentos a fornecedores da administração municipal. Em setembro, o Daqui noticiou que o serviço não tinha voltado ao normal ainda.
Comurg
Responsável pela coleta de resíduos na capital, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) afirmou que a coleta de lixo está em dia.
O serviço é realizado por 45 caminhões e tanto os veículos quanto o fornecimento de combustíveis é da própria Comurg, informou a companhia.
A Comurg afirmou, no entanto, que possíveis atrasos na realização da coleta se devem a “problemas pontuais na manutenção dos veículos”. A companhia acrescentou que a frota é velha, com mais de cinco anos de uso.
A Comurg orienta que reclamações podem ser feitas pelo 3524-8555 ou 98596-8555.
Cooperativas de recicláveis voltam a receber materiais
As cooperativas de recicláveis de Goiânia começaram a receber o materiais para tratamento. O serviço ficou interrompido por quase uma semana e os trabalhadores chegaram a protestar em frente à Companhia Municipal de Urbanismo (Comurg).
Os cooperados relataram que a perda financeira era grande com a paralisação da coleta seletiva. Eles apontaram que gastos com energia, água, aluguel e vigilância são onerosos e seriam impactados com a interrupção. Além disto, o prejuízo para a remuneração dos trabalhadores seria grande. O Daqui apurou que os trabalhadores têm renda média de um salário mínimo por mês, ou seja, em torno de R$ 1,1 mil.
A interrupção foi motivada pelo atraso em um contrato com a fornecedora de caminhões para a administração municipal, a Ita Empresa de Transportes LTDA. A alegação da terceirizada eram pendências financeiras. Quatro parcelas, referentes aos meses de maio a agosto, acrescidas de juros, totalizando R$ 9,67 milhões.
A empresa ainda cobra outros R$ 17,87 milhões. Este valor refere-se a R$ 5,27 milhões de uma repactuação de mão de obra e R$ 12,60 milhões de serviço de mão de obra extra. O último montante está judicializado, diz a Prefeitura.
Na terça-feira a Prefeitura de Goiânia divulgou um acordo com a ITA, confirmado por esta também. A parcela de maio já havia sido paga e a de junho é prevista para ser quitada nesta sexta-feira (14). Sobre as outras duas, de julho e agosto, a administração informou que iria apresentar um cronograma para as pendências.
Conforme a Ita, além da coleta seletiva, o contrato envolve: “veículos para a retirada de galhos, retirada de podas de árvores, comboio (transporte de combustível), ambulâncias (para atendimento social dos funcionários), caminhões pipa (aguar jardins), triturador (tritura os galhos das árvores), vans e ônibus para deslocamento das equipes e ferramentas para as frentes de serviço, caminhões-caçamba para limpeza urbana e caminhões cata-treco”.