Mãe do menino Henry Borel, 4, a professora Monique Medeiros gritou com o namorado, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho, após ter sido informada pela babá de que ele havia agredido a criança. A informação consta no depoimento da cabeleireira que atendeu Monique naquele dia, 12 de fevereiro.
Segundo ela, a professora chegou ao salão, localizado em um shopping na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, por volta das 16h30. Durante chamada de vídeo com o filho, ele perguntou: "Mãe, eu te atrapalho? O tio disse que eu te atrapalho".
Monique teria respondido que "não, de forma alguma". De acordo com a cabeleireira, Henry chorava manhoso e pediu que a mãe voltasse para casa. Questionado sobre o que havia acontecido, ela diz que não se recorda se o menino respondeu "o tio bateu" ou "o tio brigou".
Em seguida, a babá Thayná Ferreira filmou o menino andando pelo corredor, mostrando que ele mancava.
A cabeleireira conta que, agitada, Monique fez ou recebeu nova chamada telefônica, e que já começou a conversa dizendo: "Você nunca mais fale que meu filho me atrapalha, porque ele não me atrapalha em nada".
A mãe de Henry também teria dito a Dr. Jairinho que ele não iria dispensar a babá. "Se ela for embora, eu vou embora junto, porque ela cuida muito bem do meu filho. Ela não fez fofoca nenhuma, quem me contou foi ele."
Em seguida, Monique continuo, segundo a cabeleireira: "Quebra, pode quebrar tudo mesmo, você já está acostumado a fazer isso".
De acordo com a profissional, a mãe de Henry estava exaltada e gritava. Quando terminou a chamada, perguntou se havia alguma loja no shopping que vendesse câmeras. A cabeleireira também afirma que Monique a apressou para terminar o serviço, porque precisava ir embora logo. Ela diz que a mãe de Henry retornou ao salão no dia 12 de março, quatro dias após a morte do filho, e que estava abatida.
Monique e Dr. Jairinho estão presos temporariamente desde o dia 8 de abril, sob suspeita de homicídio qualificado. O vereador é suspeito de ser o autor das agressões que resultaram na morte de Henry, e a mãe do menino pode ser responsabilizada por omissão.
Na mesma tarde em que foi ao salão e brigou com o namorado por chamada telefônica, Monique conversou com a babá pelo whatsapp sobre as agressões contra o filho.
No diálogo, que se estendeu das 16h30 às 18h03, a babá narra os acontecimentos em tempo real à mãe de Henry. Ela avisa que Dr. Jairinho se trancou no quarto com o garoto, ligou a TV e não respondeu quando bateu na porta.
Depois, diz ter ouvido do menino que o padrasto o pegou pelo braço, aplicou-lhe uma banda (rasteira) e um chute. Ela também fala que o garoto estava mancando e que, na hora do banho, não deixou que ela lavasse sua cabeça porque estava com dor.
"É sempre no seu quarto" e "toda vez faz isso [dá rasteiras e chutes]", escreve.
Thayná também afirmou que Henry dizia ser ameaçado pelo vereador: "[Dr. Jairinho] fala que não pode contar, que ele perturba a mãe dele, que tem que obedecer ele". No fim, sugere que Monique chegue de surpresa algum dia para flagrar o namorado, e a mãe responde que quer instalar uma microcâmera.