A situação estrutural do Centro de Referência em Diagnóstico Terapêutico (CRDT), unidade municipal de Goiânia, tem colocado em risco medicamentos que custam até R$ 5 mil uma única caixa. Os problemas já conhecidos se intensificaram no período chuvoso. Na farmácia da unidade, as paredes viram cascatas de água durante as chuvas, o que tem desenvolvido mofo e comprometido o armazenamento de remédios.
O CRDT funciona em um prédio alugado no Setor Sul desde 2018. Para o uso do espaço a Prefeitura paga R$ 33 mil por mês. Ainda assim, desde 2019 há denúncias de diversos problemas estruturais, o que inclui pontos de infiltração, avarias nos pisos e falta de refrigeração. A farmácia da unidade já teria sido mudada de cômodo três vezes por conta das infiltrações, mas segue encontrando o mesmo problema.
Uma servidora que pediu para não ser identificada diz que além da questão observada na farmácia, que compromete medicamentos, os consultórios não podem ser fechados durante as consultas por falta de ventilação e cheiro de mofo. A impossibilidade de fechar as portas, além dos riscos à saúde dos servidores pelo mofo, também afeta o conforto de pacientes, boa parte aqueles que fazem tratamento contra o HIV.
Em dezembro o Sindsaúde protocolou, junto ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), denúncia de graves problemas estruturais em unidades de saúde da capital, com destaque para a situação do CRDT.
O MP diz que monitora a situação desde 2019 após receber denúncia dos vereadores que visitaram o local. Naquele ano o MP solicitou uma vistoria da Vigilância Sanitária Municipal. “Após a primeira visita foram constatados inúmeros problemas. Diante do relatório, a Secretaria Municipal de Saúde determinou à época que fossem feitos reparos”, relata o Ministério Público.
No entanto, uma nova vistoria realizada no final de 2021 mostrou que muitos problemas se mantiveram. “Avarias como piso desgastado, rachaduras, mofos, goteiras internas, não haviam sido reparadas”, diz o MP por meio de nota. O órgão destaca que recentemente a Prefeitura informou que contratou uma empresa para fazer a reforma predial de várias unidades de saúde do município, mas não especificou o posicionamento do CRDT na lista de prioridades.
Diante da intensidade das chuvas nos últimos dias, o MP informa que a 53ª Promotoria de Justiça deve requisitar à Vigilância Sanitária Municipal que promova nova vistoria para averiguar a situação e assim tomar as medidas cabíveis. “Além disso, a promotoria vai promover uma audiência com a Vigilância e a SMS (Secretaria Municipal de Saúde) para tratar do assunto”, pontua.
Reparos serão iniciados na próxima semana, diz SMS
A SMS diz que a empresa contratada para fazer a manutenção nas unidades de Saúde de Goiânia iniciará os reparos até a próxima semana. “A infiltração, provocada pelas fortes chuvas, como a que ocorreu na tarde de segunda-feira (30), será o primeiro ponto a ser solucionado”, diz. A pasta nega, contudo, que medicamentos da farmácia estejam comprometidos pelas infiltrações.
“A SMS segue atuando com ações de correção ampla na infraestrutura das unidades de saúde do município. Unidades que, por anos, ficaram sem receber manutenção e reparos adequados”, defende a Saúde Municipal.
No fim do ano, a gestão municipal anunciou a reforma de seis unidades, a construção de 14 e a contratação de um plantão de manutenções corretivas e preventivas para trabalhos de menor porte. A atuação de uma empresa fixa para reparos foi iniciada em novembro.
As unidades que serão reformadas são as do Pedro Ludovico e Jardim Guanabara, essas com obras já iniciadas. Para os próximos meses há previsão de grandes intervenções nos cais Campinas, Amendoeiras, Novo Horizonte e do Centro de Zoonoses.