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Mesmo com explosão de casos, Goiás só terá um terço das vacinas de crianças

Wesley Costa
Gustavo Alvarenga, de 20 anos estava com dose de reforço atrasada

Mesmo com o crescimento sustentado de casos da Covid-19 em Goiás, o estado receberá apenas cerca de um terço das 100 mil doses de Coronavac que solicitou para o Ministério da Saúde para serem utilizadas na vacinação de crianças de 3 a 4 anos.

No prazo de quatro semanas, o número de casos confirmados da doença em Goiás aumentou quase cinco vezes. Ele saltou de 342 na segunda semana de outubro para 1,5 mil na segunda semana de novembro. A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) já havia informado que as crianças desprotegidas são uma preocupação do governo estadual.

A pasta comunicou que no dia 10 de outubro fez o pedido de 100 mil doses da Coronavac. No dia 17 de novembro, o Ministério da Saúde liberou apenas 34,4 mil. A previsão é que a entrega aconteça nesta terça-feira (22). Hoje, em Goiânia, a imunização de crianças com idade de 3 a 4 anos está parada por conta da falta de doses da vacina. Em Aparecida de Goiânia, os estoques do imunizante estão baixos.

No início de outubro, 215,9 mil doses de Coronavac foram descartadas em Goiás por conta da baixa adesão à imunização de crianças com idade entre 3 e 4 anos. A vacinação do grupo começou em julho. Mesmo assim, até agora, de acordo com o Painel da Covid-19, da SES-GO, apenas 11,6 mil (6%) das 178,2 mil crianças nesta faixa etária se protegeram com as duas doses de vacina contra a Covid-19.

No Brasil, a vacinação de qualquer criança com idade a partir de 3 anos pode ser feita com a Coronavac. Já a Pfizer pediátrica é liberada para crianças com idade de 5 a 11 anos. Existe ainda uma outra vacina da Pfizer liberada para bebês e crianças com idade de 6 meses a 3 anos, mas, por enquanto, portadores de comorbidades são o público alvo.

Reportagem do DAQUI publicada nesta segunda-feira (21) mostrou que a vacinação do grupo com idade de 6 meses a 3 anos também teve um início lento em Goiânia e Aparecida de Goiânia. Nos dois primeiros dias, foram aplicadas 43 doses, sendo 26 na ‘xepinha’.

Em outras ocasiões, a SES-GO já afirmou que as crianças que não se vacinaram são uma preocupação, principalmente após a constatação da circulação, no Brasil, da subvariante BQ.1, da ômicron, que apresenta indícios de ser mais transmissível. Em Goiás, a subvariante ainda não foi identificada em nenhuma amostra sequenciada geneticamente pela pasta.

Gargalo

Além da preocupação com a vacinação de crianças, a SES-GO considera que a população com doses em atraso como o maior gargalo da estratégia vacinal estadual. Para se ter ideia, 2,4 milhões de pessoas estão com a primeira dose de reforço em atraso. Em Goiás, em torno de 40% da população recebeu o primeiro reforço e 14% o segundo reforço. Em Goiânia, a cobertura vacinal do primeiro reforço está em pouco mais de 44% e do segundo reforço em pouco mais de 14%.

Um dos goianos que ainda não tinha tomado a primeira dose de reforço era o estudante Gustavo Carlos de Alvarenga, de 20 anos. “Deu o meu prazo, mas estava muito atarefado com os estudos. Agora, tive mais tempo. Então, minha namorada me chamou e fomos nós dois nos vacinarmos. Tenho medo de me contaminar com a Covid-19, especialmente com o aumento recente de casos”, conta o estudante do segundo período de Medicina. Ele recebeu o primeiro reforço da vacina contra a Covid-19 nesta segunda-feira (21), na Central Municipal de Vacinação (CMV), no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia.

A indicação do Ministério da Saúde é que todas as pessoas com mais de 12 anos tomem a primeira dose de reforço. Já em relação à segunda dose de reforço, a recomendação é de que ela seja administrada em pessoas a partir de 40 anos.

Em Goiás, porém, o governo estadual já liberou a vacinação de pessoas com idade a partir de 30 anos. Em outros locais, como São Paulo, as pessoas com mais de 18 anos já estão aptas a receberem a segunda dose de reforço. Em nota, a SES-GO comunicou que “referente à vacinação com a quarta dose para as faixas etárias menores de 30 anos, até o momento não há evidências para vacinação”. Os municípios goianos seguem as recomendações da pasta.

 

Rogério Cruz testa positivo

O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), testou positivo para a Covid-19 pela terceira vez nesta segunda-feira (21), após realizar testagem de rotina. A assessoria do prefeito informou que ele está assintomático e passará a cumprir as agendas de casa. O diagnóstico positivo veio após viagem de oito dias a Israel. O mandatário ainda não havia tomado a segunda dose de reforço da vacina.

A assessoria do prefeito orientou as pessoas que estiveram em audiências com ele na manhã desta segunda, a realizarem testes para a detecção da doença e comunicou que “o prefeito agradece a todos pelas orações”. A primeira-dama, Thelma Cruz, também fez o teste, mas deu negativo. O prefeito já havia testado positivo para a Covid-19 em novembro de 2020 e, de novo, em janeiro de 2022. 

A assessoria de Cruz destacou que ele concluiu o esquema vacinal, com três doses, e se preparava para tomar a segunda dose de reforço quando começou a apresentar sintomas gripais. Entretanto, o prefeito recebeu a segunda dose da vacina contra a Covid-19 em 1º de setembro de 2021. Dessa forma, ele estava elegível para receber a primeira dose de reforço em janeiro de 2022, quando foi diagnosticado com a doença pela segunda vez. Nesses casos, a recomendação do Ministério da Saúde é de que se espere 30 dias após o diagnóstico da doença para a nova dose ser administrada. O prazo para a aplicação entre o primeiro e o segundo reforço é de quatro meses. (Ton Paulo e Mariana Carneiro)

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