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Moradores de casa atingida por avião na Vila Mutirão, em Goiânia, viveram momentos de terror

Wildes Barbosa
Lucimara mostra quarto atingido pela aeronave. Pedaços da parede foram parar sobre a cama. Moradores vivem sob tensão

A família Pina, moradora da Vila Mutirão há 37 anos, precisou pedir abrigo na casa de parentes depois que foi surpreendida com a queda de uma aeronave, com seis pessoas a bordo, sobre o imóvel no fim da tarde da última quarta-feira (22). Muito avariada, a residência foi interditada e ficou sob a vigilância de técnicos do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) que começou a investigar as causas do acidente que deixou quatro pessoas feridas e duas mortas.

Antônio Pina, a mulher Lilian Souza Terra e a filha, Suzara Pina passaram a manhã desta quinta-feira (23) dando entrevistas e conversando com vizinhos diante da residência. Depois do susto, Lilian, a única da família que estava no interior do imóvel quando o avião caiu, tem certeza de que não vai morrer do coração. “Eu estava tomando um cafezinho na cozinha e quando ouvi o barulho, achei que a casa estava afundando.” Na parte frontal da casa estava o filho, Maycon, consertando um carro.

Lilian contou que ficou desorientada e chamou o filho. Ambos entraram na casa e perceberam o estrago. Uma das passageiras saltou logo do avião e saiu andando, meio desorientada, em direção à rua. “Ela estava toda molhada e nós a colocamos sentada na calçada”, lembra Lilian. A aeronave caiu entre o quarto do casal e a área de serviço. Antes, bateu numa goiabeira da casa vizinha e na estrutura da caixa d’água da residência dos Pina. Para Antônio, esses dois momentos foram importantes para evitar uma tragédia maior.

“Acredito que se o avião tivesse vindo direto, teria batido na parede do supermercado e explodido. Um mecânico de aviação me disse isso e acho que ele tem razão.” Ao bater na caixa d’água, a aeronave a danificou fazendo com que o combustível se misturasse à água. O socorro chegou rápido, voluntários vizinhos também ajudaram a resgatar as vítimas. Duas delas ficaram presas às ferragens e precisaram ser reanimadas dentro de ambulâncias ainda no local.

Antônio Pina estava no trabalho, em uma empresa na BR-153, em Aparecida de Goiânia, quando a mulher ligou para avisar do acidente. “Eu não acreditei. Achei que era brincadeira. Vim voando de moto”. O proprietário da residência disse que atendendo sugestão de amigos vai jogar na loteria. “Não é todo dia que um avião cai em cima da sua casa”, brincou. A filha Suzara, não estava tão tranquila. Coube a ela a incumbência de ligar para a empresa proprietária do avião para saber que providências seriam tomadas. “Eles estão sem saber o que fazer ainda.”

A comerciante Lucimara Ferreira, de 52 anos, também ainda não sabe quem vai arcar com os prejuízos causados pela queda do avião sobre a casa que ela mora há dois anos. A aeronave quebrou uma parede e destruiu o guarda roupas e a cama da mulher. “Tive de dormir na casa do meu pastor e hoje (quarta-feira) comecei a limpar tudo. Eu estava trabalhando quando o acidente ocorreu. Considero um livramento. Quando me ligaram contando o que aconteceu eu nem acreditei. Corri para casa”, relata.

Na manhã desta quinta-feira (23) técnicos da Defesa Civil Municipal também estiveram na Rua VME, local do acidente, para avaliar a condição dos imóveis. Foram atingidos pela aeronave duas residências, um pet shop e uma igreja. Robledo Mendonça, coordenador, explicou que será preciso aguardar o fim dos trabalhos do Seripa para emitir um relatório. Antônio Pina estima um prejuízo de R$ 40 mil. Ele tinha acabado de colocar telhas isotérmicas em toda a extensão do imóvel e placas de energia solar.

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