A viúva do vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, Maria Souza Santos, afirmou nesta quarta (28) que o marido não merecia morrer do jeito que ele morreu. "Foi um abalo total. Ele era maravilhoso, tanto que morreu dando a vida para outro", disse ela na Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano).
"Quero que ele [o primeiro suspeito preso] pague pelo que fez. Tem uma família chorando, ele me deixou sozinha no mundo. Ele [Ruas] não merecia morrer do jeito que ele morreu, o rosto dele estava todo estourado, eu não tive coragem de ver", lamentou. "Eu quero perguntar porque ele fez isso com uma pessoa tão boa".
A irmã do ambulante, Maria de Fátima Ruas, disse que o irmão estava trabalhando no domingo de Natal (25) para pagar o imposto do carro, que estava retido. "Eu não estou aguentando, não estou suportando de dor, meu coração está sangrando. Vamos fazer justiça", disse.
Os dois suspeitos de espancar Luiz Carlos Ruas foram presos entre a noite de terça (27) e a tarde desta quarta (28). Ricardo do Nascimento Martins e Alípio Rogério Belo dos Santos estavam em casas de amigos. O primeiro em uma favela de Vinhedo (a 79 km de São Paulo) e o segundo em São Mateus, zona leste da capital paulista.
Martins afirmou após a prisão que estava arrependido e que estava "muito encachaçado" (bêbado) na hora do ataque. "Estou arrependido. Também não sou uma má pessoa. E o senhor [Ruas] que estava lá trabalhando também não era, era um cidadão de bem", acrescentou já nesta quarta-feira ao ser levado para o reconhecimento das testemunhas.
Martins e Santos são primos e foram flagrados por câmeras de segurança e por testemunhas. Eles teriam agredido duas travestis quando o camelô interferiu na briga e passou a ser atacado. Ruas fugiu, mas foi derrubado e espancado na área livre do mezanino, próximo à bilheteria da estação estação. Não havia seguranças no local.
O vendedor morreu no hospital, horas depois. Ele trabalhava havia duas décadas como ambulante em frente à estação Pedro 2º.
Os dois suspeitos tiveram decretada prisão temporária de 30 dias por homicídio qualificado e agressão a outras duas travestis.
O advogado da dupla, Marcolino Nunes Pinho, disse não se tratar de um caso de homofobia. Segundo ele, seus clientes alegam que partiram para briga porque Santos teve o celular roubado por um grupo de pessoas, entre elas uma travesti, onde as câmeras do Metrô não conseguem captar.