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Motorista admite que subiu viaduto da T-63 acima da velocidade, diz delegado

Reprodução/Redes sociais
Leandro Fernandes Pires, de 23 anos, vítima do acidente de trânsito, em Goiânia, Goiás

A Policia Civil investiga o acidente que causou a morte do motociclista por aplicativo Leandro Fernandes Pires, de 23 anos, e do garupa, o garçom David Antunes Galvão, de 21, no viaduto da Avenida T-63, em Goiânia. Motorista do carro que bateu contra a moto, Rubens Mendonça Filho prestou depoimento, nesta terça-feira (2), e falou por duas horas com a Polícia Civil.

“Ele disse que estava rápido e, ao que tudo indica, acima do limite da velocidade, mas não sabe dizer qual velocidade era essa. Além disso, ele disse que achava que o limite da via era 60km/h, e não 50 km/h e que ainda assim achava que estava acima", explicou o delegado responsável pelo caso, Hellyton Carvalho.

"Ele disse que estava acima da velocidade] quando ele subiu o viaduto. Ele falou que ia subir, precisou acelerar um pouco mais e que, quando chegasse no topo do viaduto, iria tirar o pé do acelerador e que o carro iria diminuir a velocidade sozinho. Ele disse que tirando o pé, o carro freia e gera energia para a bateria, aumentando a autonomia do carro", completou Hellyton sobre o depoimento de Rubens.

O acidente aconteceu no dia 20 de abril. A reportagem um dos advogados de defesa do motorista Rubens Mendonça, Hélio Rodrigues, afirmou que, mesmo acima da velocidade da via, o médico não estava rápido o suficiente para perder o controle do carro.

"Na velocidade que ele estava, se não fosse o carro na frente dele que o fechou, ele não teria perdido o controle", disse.

Além de Rubens, a esposa do motorista também prestou depoimento nesta terça-feira (2) por mais de duas horas. De acordo com a polícia, os dois falaram separadamente com a polícia, totalizando cerca de duas horas cada depoimento. O delegado Hellyton Carvalho explicou que o médico manteve a versão dos fatos que ele apresentou desde o início, exceto pelo fator da velocidade.

Isso porque Rubens permanece afirmando que foi fechado por um carro enquanto subia o viaduto e que, quando desviou do veículo, ultrapassou na contramão, perdeu o controle da direção e confundiu os pedais. No entanto, ele passa a dizer que já subiu o viaduto acima da velocidade, diferente do que já havia afirmado anteriormente, que havia acelerado apenas quando tinha se assustado ao ter sido fechado por um outro carro.

"Ainda no local do fato ele disse que estava transitando no viaduto dentro do limite de velocidade, que seria de 50 km/h e que, apenas no momento em que se assustou com a fechada do outro veículo é que ele teria se equivocado nos pedais do veículo e acelerado ao invés de frear, ocasionando o acidente na sequência. Na data de hoje, ele mudou um pouco seu depoimento dando conta que ele teria, no início do viaduto, imprimido uma velocidade maior ao veículo e, ao ser fechado, teria aumentado ainda mais a velocidade", complementa o delegado.

Possível homicídio doloso

Segundo a polícia, o caso é investigado como duplo homicídio culposo. No entanto, ele explica que o motorista pode ser indiciado por duplo homicídio doloso, principalmente após o surgimento de uma nova testemunha, que é motorista do carro que trafegava atrás de Rubens no momento do acidente.

"O Rubens manteve a versão dele, só que essa testemunha acaba por desmentir tudo o que ele falou", disse o delegado.

"Disse que tão logo o semáforo abriu o veículo Volvo empreendeu uma velocidade alta desde o início daquele quarteirão e manteve essa velocidade constante na subida do viaduto. Segundo essa testemunha, em nenhum momento o veículo Volvo freou ou acionou as luzes de freio, ele passou a jogar luz alta para os veículos que estavam à frente. Como esses veículos não saíram da frente foi que o Volvo, ainda mantendo sua velocidade, acabou já fazendo a ultrapassagem na subida, pela contramão e, ao voltar para sua faixa, teria perdido o controle da direção", detalhou o delegado, sobre a versão da testemunha.

Apoio da fabricante

No último dia 25 de abril, a polícia detalhou ao g1 que havia que solicitado a colaboração da fabricante Volvo para disponibilizar um técnico para a realização da leitura dos dados do carro, para que assim seja possível definir qual velocidade o carro estava no momento da batida. No entanto, nesta terça-feira (2), a Polícia Civil pontuou estar existindo uma "omissão" por parte da empresa e disse que ainda está aguardando a colaboração por parte da Volvo.

"Diante da omissão em relação a resposta ao auxílio solicitado, estamos vendo a possibilidade de contar com o apoio de um perito judicial independente para fazer a extração dos dados e entregar os dados à perícia criminal", explicou o delegado.

Na ocasião em que a polícia solicitou o apoio à Volvo, a empresa afirmou que já havia sido procurada pelas autoridades e que colaboraria "integralmente com as investigações, fornecendo todas as informações necessárias". A reportagem entrou em contato com a empresa para um novo posicionamento sobre o caso.

As vítimas

O motociclista por aplicativo Leandro Fernandes Pires, de 23 anos, trabalhava na categoria há cinco dias como uma forma de ganhar uma renda extra, segundo o irmão da vítima, Eduardo Fernandes.

"Ele estava trabalhando para sustentar a casa e acabou morrendo pela irresponsabilidade de terceiros. Jamais imaginamos que isso poderia acontecer, um rapaz novo, trabalhador. Vamos correr atrás, não pode ficar assim não”, contou Eduardo.

O passageiro David Antunes Galvão, de 21 anos, era garçom de um restaurante, em Goiânia. Segundo a família do rapaz, David voltava para casa após o expediente quando sofreu o acidente.

"Ele era um rapaz muito novo que tinha apenas sonhos. Começou a trabalhar em um restaurante há pouco mais de um mês e estava voltando para casa", conta a irmã.

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