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Motorista de carro de luxo passou a noite bebendo antes de acidente que matou vigilante, diz PC

Reprodução
Antônio Scelzi Netto, de 25 anos, foi solto na noite de terça-feira (11)

A delegada que investiga o acidente que matou o vigilante Clenilton Lemes Correia, de 38 anos, informou que o motorista da Mercedes, Antônio Scelzi Netto, de 25 anos, passou a noite bebendo, mesmo tendo negado durante o depoimento que ingeriu bebida alcóolica. Segundo Ana Cláudia Stoffel, a ingestão de álcool foi comprovada pelas comandas de consumo dos locais que ele passou, imagens de câmera de segurança e o depoimento do amigo que estava com ele. 

O Daqui entrou em contato com a defesa de Antônio e solicitou um posicionamento atualizado, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. Na última nota enviada à imprensa, disse que “o investigado desde a lavratura do auto de prisão em flagrante, contribuiu e estará sempre à disposição da Polícia Civil e do Poder Judiciário para contribuir para a elucidação dos fatos”. 

Esse depoimento veio trazer todo o fluxo do dia do fato, onde o Antônio esteve, com quem ele esteve, quais os locais, a certeza de que ele passou a noite ingerindo bebida alcoólica, então isso veio reforçar tanto o laudo médico como uma possibilidade inclusive da gente conseguir determinar a própria embriaguez”, explicou a delegada.

A polícia aguarda o resultado da perícia para entender a quantidade de bebida alcoólica que Antônio bebeu, essencial para a tipificação do delito. “Os policiais estão trabalhando tanto com câmeras, com testemunhas, com comandas, para que a gente possa realmente chegar a informar o estado alcoólico que Antônio teria”, informa a delegada. 

"Hoje o Antônio está tipificado no artigo de lesão corporal por causa do trânsito, já com agravante, com reclusão de 5 a 8 anos, mas nada impede que isso venha a ser agravado com essas provas que nós temos agora”, disse Ana Cláudia.

Antônio passou por dois bares, um pub e um posto de gasolina antes do acidente, segundo a delegada. A testemunha ouvida estava no carro com Antônio no momento do acidente e teria encontrado o motorista já no pub. A delegada disse que este amigo afirma que estava “muito bêbado” e que não se recorda de tudo. “Ele não viu o motociclista, ele acredita que o Antônio também não tenha visto o motociclista”, informou a delegada. 

Segundo a delegada, o amigo ainda afirmou que após o acidente “pediu muito para o Antônio parar [o carro]”, mas disse que Antônio chorava e não parou. A delegada não descarta a possibilidade da testemunha responder por omissão de socorro, mas acredita que ele tentou ajudar a vítima. “Só o condutor do veículo, que está na direção do veículo, pode parar o veículo para prestar socorro”, afirma.

Entenda o caso

O vigilante Clenilton Lemes Correia, de 38 anos, morreu após ser atropelado e arrastado por um carro de luxo, na GO-020, em Goiânia. De acordo com a Polícia Militar (PM), ele estava a caminho do trabalho em um condomínio fechado nas proximidades do local, por volta das 05h40 da manhã deste domingo (9), quando o acidente aconteceu. 

Segundo a PM, com o impacto da batida, o vigilante morreu na hora. Na sequência, o motorista do carro, Antônio Scelzi Netto, fugiu do local sem prestar socorro. Conforme a PM, após a batida, a placa do veículo acabou ficando no local, ao mesmo tempo em que o veículo levou consigo, presa ao para-choque, a placa da motocicleta.

A PM informou que Antônio foi localizado caminhando na calçada em uma rua do setor Jardim Guanabara na manhã de domingo. Preso na manhã de domingo (9), Antônio foi solto na noite de terça-feira (11).

Depoimento

De acordo com a delegada Ana Cláudia Stoffel, em depoimento, o motorista confessou que estava em um bar, mas reafirmou não ter ingerido bebidas alcóolicas.  

A delegada disse ainda, que por ele bater e arrastar a vítima por cerca de 250 metros, ele teve a certeza que havia matado a pessoa. No momento do acidente, ele disse ter imaginado que o vigilante Clenilton Lemes Correia tinha morrido, entrou em estado de choque e foi embora.

"Segundo ele, entrou em estado de choque e por estar perto da sua residência resolveu ir para casa e posteriormente fugiu e ficou em um galpão que pertence ao pai", contou Ana Cláudia.

Luto

Clenilton foi sepultado na segunda-feira (10), no Setor Maysa, em Trindade, região metropolitana de Goiânia. A viúva Antônia Araújo cobrou que o crime não fique impune. “Isso é muito grave, sei que não é a primeira vez e não será a última”, lamentou, à TV Anhanguera.

Durante o sepultamento da vítima, a família também reforçou o pedido para que o condutor seja responsabilizado. “Que ele pague pelo crime que cometeu. Quem vai manter essa família agora?”, questionaram. Conforme familiares, Clenilton trabalhava como vigilante em um condomínio de chácaras em Senador Canedo e saía de casa, em Trindade, por volta de 4h30.

Nota da defesa na íntegra

"A defesa do Sr. Antônio Scelzi Netto informa que já realizou contato com a empresa em que a vítima trabalhava no intuito de prestar toda solidariedade e auxílio necessário.

Quanto a situação processual do investigado, a conversão da prisão em preventiva, viola o Código de Processo Penal Brasileiro, uma vez que em regra, não há autorização legal a prisão cautelar em delitos de natureza culposa (como é o caso), dessa forma, a decisão é flagrantemente ilegal o que desafia sua impugnação através dos instrumentos processuais adequados.

Reforça-se ainda que o investigado desde a lavratura do auto de prisão em flagrante, contribuiu e estará sempre à disposição da Polícia Civil e do Poder Judiciário para contribuir para a elucidação dos fatos.

Por fim, a defesa se solidariza e presta condolências à família em razão da fatalidade ocorrida com o Sr. Clenilton Lemes Correia."

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