Após a alta hospitalar na noite deste domingo (28), o motorista de aplicativo Ramon de Souza Pereira, de 30 anos, suspeito de matar as duas filhas, de 4 e 8, foi levado a uma cela isolada do Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Ele estava internado desde a última terça-feira (23) no Hospital de Urgências de Goiás (Hugo), quando foi detido, um dia após o crime.
O motorista é acusado de matar as duas filhas, Cecília e Mirielly Gomes Souza, e atear fogo no veículo em que elas estavam, em uma estrada em Santo Antônio de Goiás, região metropolitana de Goiânia. No dia em que foi encontrado, Ramon estava com ferimentos no pescoço e no abdome. Diante do quadro, teve de ser levado à unidade de saúde, onde passou por procedimento cirúrgico.
Com a prisão em flagrante convertida em preventiva na última quinta-feira (25) pela juíza Eugênia Araújo, de Goianira, o acusado saiu direto do hospital para a unidade prisional. Conforme a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), logo que deu entrada na unidade, ele foi examinado pela equipe de saúde e será acompanhado, como é de praxe, por todo o tempo em que permanecer na instituição. Além disso, está recebendo atendimento psicológico.
Segundo o órgão, o detento tem direito à visita de familiares em primeiro grau e do advogado, Djalma Alves. O defensor informou que irá ao local nesta terça-feira (30), mas alegou que a família só pode visitá-lo quando ele “descer para a Casa de Prisão Provisória (CPP)”. No entanto, não há informações de quanto tempo ele permanecerá no Núcleo de Custódia, considerada unidade de segurança máxima dentro do Complexo Prisional.
No local, Ramon tem direito a duas horas diárias de banho de sol e, fora desses horários, permanece na cela isolada em que foi colocado devido à natureza do crime. Conforme a DGAP, não há previsão de quando ele deve ir à ala coletiva. “A DGAP tem a prerrogativa de realizar movimentações de presos conforme a necessidade”, destaca.
O inquérito policial deve ser finalizado nesta quinta-feira (1º), contado o prazo de dez dias desde terça-feira (23), quando o acusado foi detido. Após, será remetido ao Poder Judiciário. Conforme o delegado Marcus Cardoso, todos os depoimentos foram colhidos e já foi comprovada “a materialidade, a autoria e a motivação” do crime.
Ramon será indicado pelos crimes de duplo homicídio com cinco qualificadoras: motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa das vítimas, feminicídio em razão do parentesco, e contra menores de 14 anos. Além disso, por lesão corporal dolosa contra a esposa, Dayane Faria, de 28 anos, pela agressão cometida quando ele teria flagrado suposta traição.
Em nota, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) diz que, na sexta-feira (26), por meio da 3ª Promotoria de Goianira, manifestou pelo deferimento da quebra de sigilo dos celulares apreendidos, conforme solicitação da Polícia Civil. Aponta ainda que aguarda a conclusão do inquérito policial para “análise” da promotoria. Os celulares apreendidos foram dois de Ramon, o de Dayane e o do pai dela, que recebeu a ligação momentos antes do crime.
Lembre o caso
Segundo a Polícia Civil, o crime teria sido motivado por uma suposta relação extraconjugal da esposa de Ramon, que teria sido descoberta na segunda-feira (22), quando ele seguiu o localizador que colocou no carro dela.
Ele a agrediu. Logo depois, evadiu com o veículo de Dayane e buscou as duas filhas nas escolas. Por volta de 20h, um fazendeiro viu o carro ainda em chamas e acionou a Polícia Militar.
Foragido, o homem só foi localizado pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) na tarde de terça-feira (23), dentro de um lago próximo à GO-462, perímetro urbano da capital.