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Motoristas insistem em desrespeitar ciclofaixa no Jardim América, em Goiânia

Wildes Barbosa
Carros estacionados na ciclofaixa na Rua C-149, no Setor Jardim América, em Goiânia: monitoramento é diário

A ciclofaixa permanente da Rua C-149, no Setor Jardim América, continua recebendo automóveis e motocicletas estacionadas ao longo do trecho, que vai desde a Avenida T-63 até a Avenida dos Alpes, passando pelas ruas C-120 e C-121.

Isso ocorre sete meses após a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) começar a fiscalização punitiva no local, que antes passou por 30 dias de ação educativa, ou seja, sem a aplicação de multas. Entre às 15h e 16h desta segunda-feira (16), a reportagem flagrou pelo menos oito veículos estacionados ao longo do trecho de cerca de 2,3 quilômetros (km).

Moradores e comerciantes da região relatam que aos finais de semana o número de carros estacionados é maior, especialmente nas proximidades de hospitais e restaurantes localizados na via. Válido lembrar que a rua foi alvo de mudanças da SMM para a melhoria da mobilidade no Jardim América, quando, em maio de 2022, a Rua C-149 se tornou sentido único de Sul a Norte, sendo um binário da Rua C-148, que também passou a ser sentido único, mas de Norte a Sul. A implantação da ciclofaixa faz parte do pacote de alterações para o local.

Na época, a SMM divulgou a importância de incluir uma via exclusiva para os ciclistas no trecho justamente por fazer a ligação entre as ciclovias da Avenida T-63, onde há corredor preferencial para o transporte coletivo, e a Avenida dos Alpes, que faz parte do Corredor T-7 (entre a Praça Cívica e o Terminal Bandeiras).

Em ambos os casos, porém, são faixas exclusivas localizadas nos canteiros centrais das vias, o que, consequentemente, não retira o espaço para o estacionamento. “Eu não sou contra, mas poderiam ter feito igual na T-63, na pista do meio, porque não tiraria o estacionamento dos comércios”, diz Sueli Gomes, proprietária de uma distribuidora de bebidas próxima à Praça Santos, na Rua C-207.

Sueli, que mora e trabalha há seis anos no local, afirma que o movimento no comércio caiu bastante desde que as mudanças foram realizadas na região e que já ouviu de muitos clientes sobre a dificuldade de frequentar a distribuidora pela falta de estacionamento ou possibilidade de ser multado. “Eu mesma já fui multada aqui. Parei o carro na porta da minha casa para descarregar material na distribuidora e quando voltei tinha a multa.”

Ela afirma que desde dezembro pensa em se mudar da região. Proprietária de uma casa de embalagens, Cleonice Neves calcula que suas vendas caíram até 50% desde as alterações no trânsito da região.

“Estou aqui há 12 anos e quando fizeram isso disseram que tinham perguntando para os comerciantes, mas ninguém me perguntou nada. As pessoas não estacionam mais porque sempre tem gente multando”, afirma Cleonice, que considera ainda inviável a ciclofaixa no local, visto que não há volume de ciclistas.

Durante o período de uma hora que a reportagem percorreu o trecho, três ciclistas passaram pela ciclofaixa, que também foi utilizada para a passagem de duas motos, um automóvel e de pedestres. Para Cleonice, a mudança também deixou o trânsito mais inseguro, visto que aumentou a velocidade dos carros devido o sentido único da pista.

Já o vendedor Aurando Borges, que atua em um local entre as avenidas T-63 e T-9, considera que as alterações melhoram muito a mobilidade no local para os motoristas. “Agora ficou muito mais prático e rápido, ficou ótimo, muito mais fácil de chegar e sair”, diz, mesmo reforçando que não há grande quantidade de ciclistas na via. Ele considera ainda que as alterações não impactaram as vendas, já que a maior parte ocorre por telefone ou aplicativo de mensagens.

Fiscalização

De acordo com a SMM, a fiscalização da ciclofaixa consta na programação da Central Operacional de Trânsito (COT) e o monitoramento é diário.

A secretaria informa que “os agentes trabalharam inicialmente de forma educativa com prazo de adaptação ao munícipe, e atualmente o trabalho de fiscalização foi intensificado por entender que os condutores insistem na prática”. Para se ter uma ideia, em todo o ano de 2022, considerando todas as ciclofaixas e ciclovias da capital, a SMM aplicou um total de 5.920 multas por estacionamento indevido nas pistas.

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