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Municípios goianos dispensam vagas do programa Mais Médicos

André Costa
Rua Araguaia, em Abadiânia, não preencheu uma das vagas. Prefeitura afirma ter feito cadastro

Jaraguá e Quirinópolis dispensaram as vagas oferecidas pelo governo federal para o Mais Médicos. Cada município ia receber dois médicos, mas ambos afirmaram que já possuem o quadro médico completo e Jaraguá frisou que o programa “não atende às expectativas da administração municipal”.

O salário destes profissionais é pago pelo governo federal. Das 201 vagas elegíveis ofertadas para as cidades goianas, 188 (93,5%) foram indicadas pelos municípios para preenchimento. Os municípios responsáveis pelas outras nove vagas não preenchidas argumentam que também demonstraram interesse pelos postos de trabalho e enviaram a documentação necessária para o Ministério da Saúde.

Em nota, a Prefeitura de Quirinópolis, na região Sudoeste do estado, informou que “o município está com quadro médico completo, não sendo necessária a adesão ao programa.” O prefeito da cidade, Anderson de Paula (PDT), já declarou publicamente apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, responsável pela iniciativa Médicos pelo Brasil, criada como alternativa ao Mais Médicos.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Jaraguá também comunicou que a cidade não demonstrou interesse em participar do Mais Médicos, pois já tem um quadro de profissionais médicos completo. “Além disso, destaca-se que o município está engajado no ‘Programa Médicos pelo Brasil’ e, por fim, menciona-se que a política do Mais Médicos não atende às expectativas da administração municipal”, diz trecho da nota enviada pela administração municipal.

A secretária executiva do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems-GO), Jaqueline Oliveira, esclarece que alguns municípios encontram dificuldades com o Mais Médicos por conta das tratativas feitas com os profissionais. “Eles preferem que os médicos estejam sob a gestão direta deles. Mesmo assim, a adesão em Goiás foi boa e refletiu a necessidade dos municípios. Agora, nossa expectativa é que esses profissionais se fixem nas cidades”, diz.

A adesão em Goiás, segue a tendência nacional. Das 6.252 vagas elegíveis ofertadas no País, 6.169 (98,6%) foram indicadas pelos municípios para preenchimento. A publicação dos municípios elegíveis aconteceu em abril e marcou a retomada da iniciativa. Nesta segunda-feira (22), foram abertas as inscrições para os médicos. Os salários são de R$ 12,3 mil mensais, com incentivos para aqueles que permanecerem no programa. A prioridade é dada para médicos brasileiros.

Não preenchidas

Jaqueline explica que o representante do ministério da Saúde em Goiás informou que foi demonstrado interesse por 197 vagas, mas que nove delas acabaram sendo preenchidas pela iniciativa Médicos pelo Brasil. “Ainda existe uma confusão com o Mais Médicos e Médicos pelo Brasil. A tendência é que com o fim dos contratos, a segunda iniciativa seja descontinuada pelo governo federal”, aponta.

A secretária de Saúde de Cavalcante, Elcilene Sousa, afirma que o município pleiteou a única vaga elegível para o município e enviou toda a documentação necessária para o Ministério da Saúde. “Temos todo o interesse. Já temos três médicos atuando aqui pelo programa nas nossas unidades de Atenção Primária. Mais um seria ótimo”, argumenta. Cavalcante é um dos nove municípios goianos que apresenta alto grau de vulnerabilidade.

As prefeituras de Abadiânia e Piracanjuba, que tinham, respectivamente, uma e duas vagas elegíveis, também informaram que realizaram o cadastro de interesse pelas vagas. As prefeituras de Porangatu e Cidade Ocidental chegaram a disponibilizar para a reportagem as documentações enviadas para o Ministério da Saúde com a solicitação de todas as vagas elegíveis. No caso de Porangatu, nenhuma das quatro vagas constam como abertas para inscrição de médicos e no caso de Cidade Ocidental, apenas seis das oito vagas estão disponíveis.

Catalão, que não preencheu a única vaga elegível, e Senador Canedo, que não solicitou uma de 12 vagas elegíveis, não retornaram o contato da reportagem até o fechamento desta edição.

O Ministério da Saúde informa que todas as vagas solicitadas pelos municípios e aprovadas pela pasta serão preenchidas. As que não foram listadas dentro do edital de inscrição dos profissionais no Mais Médicos serão atendidas pelo Programa Médicos Pelo Brasil.

Em 4 anos, renda pode ser de R$ 1 milhão

Os médicos inscritos no novo edital do Mais Médicos podem receber até R$ 1 milhão caso se enquadrem em alguns pré-requisitos. O valor da bolsa da iniciativa é de R$ 12,3 mil mensais, mais auxílio-alimentação e auxílio-moradia. O contrato do programa teve a duração aumentada de três para quatro anos, o que acumula em torno de R$ 590,4 mil ao final do período de contrato.

Caso o médico use o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e permaneça no programa por pelo menos 12 meses, ele poderá receber adicional de 40% a 80% da soma total das bolsas de todo o período que esteve no programa, a depender da vulnerabilidade do município. O valor pode chegar a R$ 475 mil, considerando um profissional que permaneceu no programa pelos quatro anos completos.

O adicional será pago em q uatro parcelas: 10% durante os três primeiros anos e os 70% restantes ao completar os 48 meses. Os médicos que não usam o Fies também poderão ser agraciados com um incentivo financeiro caso permaneçam no programa por 36 meses.

Os profissionais poderão receber um adicional de 10% a 20% da soma total das bolsas de todo o período que esteve no programa, a depender da vulnerabilidade do município. O incentivo será pago de forma completa ao final dos quatro anos ou com 30% do valor antecipado ao final de três anos. As vagas são para profissionais que atuam na Atenção Primária.

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