A família da pequena Liz Vitória Caldeira Martins, de 2 anos, corre contra o tempo. Com hidrocefalia, epilepsia, atraso motor e refluxo grave, ela precisa de uma cirurgia urgente contra a disfagia, que é a impossibilidade de engolir. Por conta desse problema, ela tem pneumonias frequentes, além de não conseguir fazer outros tratamentos, necessários para que tenha uma melhor qualidade de vida.
A cirgurgia já foi aprovada para ser realizada pela rede pública, mas ainda não foi marcada. O pai da menina, Roney Martins da Silva, 34 anos, diz que a cada dia a família fica mais aflita. “Ela toma remédio e se alimenta por sonda, que entra pelo nariz e vai direto para o estômago. Ela precisa da cirurgia para a comida ir direto, sem passar pelo nariz. Ela tem tido muito problema do jeito que está, são crises constantes.”
Roney conta que recentemente a menina teve uma obstrução no nariz e a família ficou desesperada. Moradores de Itumbiara, no sul do estado, dizem que não existe atendimento adequado na cidade e quando a menina precisa se examinada, precisam vir a Goiânia. “Além disso, a gente precisa que ela passe pela cirurgia para ter mais qualidade de vida, para fazer terapias, se sentar, falar, andar.”
Bebê prematuro
Liz nasceu em novembro de 2019 aos seis meses de gestação. A mãe da menina, Géssica Caldeira Martins, de 27 anos, teve eclampsia e perdeu muito líquido antes do parto. A menina nasceu com apenas 33 centímetros e 645 gramas. “A prematuridade ocasionou esses problemas e não temos condições de pagar pela cirurgia particular. Contamos com a cirurgia para poder pensar em uma vida melhor pra ela.”
O pai conta que foi informado que a cirurgia não foi realizada assim que teve o diagnóstico por conta da pandemia. Como é uma cirurgia que necessita de pós-operatório em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ele diz que foi informado da suspensão. Depois disso, ele diz que o caso foi encaminhado para o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) e chegou a ficar na posição 74 da fila de espera.
Roney conta, no entanto, que não teve mais posicionamento da Secretaria Estadual de Saúde e, por isso, passou a divulgar a história nas redes sociais para tentar mobilizar as autoridades em prol da realização do procedimento. “Chegamos a conversar com profissionais sobre o valor, que passa de R$ 70 mil e não temos condições.” A família mora de aluguel e apenas Roney tem trabalho remunerado.
Gravidade
Desde que nasceu, os problemas foram diagnosticados. A menina passou por diversos procedimentos cirúrgicos por conta da hidrocefalia, como o implante de uma válvula que redireciona o excesso de líquido do cérebro. Nessa época, o pai conta que o caso era considerado grave. Agora, dois anos depois, novo laudo médico aponta que a situação foi agravada e o pediatra encaminhou novamente pedido de cirurgia.
“Ela foi piorando e não chamaram ainda para a cirurgia. Ela precisa de um procedimento que reúnem três intervenções, sendo uma para expandir o estômago, outra para colocar a sonda direto no estômago e outra para correção da disfagia”, diz o pai. A família, que tem outro filho de 8 anos, está ansiosa. “Vivemos todos os dias esperando o contato agendando a ligação. Não dormimos direito preocupados com ela. Esperamos que seja logo.”
Desde a piora, o pai conta que a boca da criança seca e eles tentam amenizar com água. “Mesmo um pouquinho pode ir pro pulmão e provocar pneumonia. O médico pediu que a cirurgia fosse feita em 30 dias.” Se alimenta apenas com comidas líquidas como leite, sopas e vitaminas batidas e coadas no liquidificador. “A gente mal pode esperar pelo dia em que ela terá uma vida melhor.”
Resposta
A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) informou que, por se tratar de cirurgia eletiva, a paciente continua aguardando a cirurgia e o procedimento será agendado no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) conforme a capacidade da unidade, a ordem da fila e o grau de gravidade do quadro da paciente.
Em nota, a pasta informou que, no Hecad, a paciente foi prontamente atendida pela primeira vez no Ambulatório de Especialidades Pediátricas, na sexta-feira (13/5), quando o cirurgião pediátrico avaliou todos os exames, solicitou intervenção cirúrgica para tratamento de refluxo e emitiu Autorização de Internação Hospitalar (AIH) para a Central de Regulação do Estado. Ou seja, a unidade atendeu todas as necessidades do caso previstas durante a avaliação ambulatorial da criança.